queria escrever sobre não sei bem o quê, o verão que afinal não é, o último filme de não sei quem, o mundo que continua a girar apesar de tudo o que acontece dentro dele. Nunca percebi por que razão não há alguém com muita razão que chegue um dia a um ponto qualquer da Terra e diga alto e pára o baile, isto assim não pode continuar, e de repente a Terra parasse de girar em volta de si mesma e em volta do sol, e de repente todos (milhões e milhões) percebessem que do meio do nada havia alguém que visse toda esta confusão, todo o ar que se respira, toda a nêspera e figo e arroz que é engolido e devolvido sob outra forma à terra de onde veio, todas as noites mal dormidas e os suspiros e as dores e as lágrimas, alguém que visse tudo isso e nos soubesse chamar à razão e nos fizesse ver (milhões e milhões de eus e nós) que tudo isto não passa de qualquer coisa que eu ainda não sei o que é.
4 comentários:
veremos algum dia assim um verão? :)
verão
vidrão
virão
vão
vou
vim
vir
vi
vou
me
embora.
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adeus.
vais-te embora, dizia ela baixinho? Não vás, fica aqui connosco.
jpn e dizia ela baixinho, verão que um dia chegará um verão assim.
Ele estava a falar talvez há 20 minutos, sem parar. Ela esboçava apenas uns gestos de confirmação, ou de surpresa, ou de compreensão, de uma forma profissional, calculada. Ele descrevia aquela noite de insónia total, a vertigem do escuro, a boca seca por gritar calado a noite toda. E enquanto o fazia as lágrimas corriam-lhe pela cara e caiam no sofá. E ao fim de 20 minutos, ela interrompe e pergunta "você já experimentou embalar-se a si mesmo?".
Para os descrentes em milagres de consultório, os cépticos do aconselhamento psicológico e inimigos de Freud em geral, eis que ao sétimo dia Ela criou o auto-embalo para salvação da vida na Terra.
Não nos podendo salvar uns aos outros com embalos à séria, por já sermos grandes e crescidos e envergonhados... Resta sempre o auto-embalo.
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