Quando cheguei à Colômbia, um dos temas recorrentes em todas as conversas era o aumento dos preços dos alimentos, toda a gente se queixava do mesmo e era comum a justificação dada: cada vez há menos terras para as batatas, as frutas, as hortaliças, pois cada vez crescem mais os cultivos de palma africana e de cana de açúcar, cujos frutos já têm compradores seguros do lado de cá e destino certo, os biocombustíveis. Um dos meus amigos dizia que agora já não é válido o que antes ensinavam na escola primária, em Antioquia cultiva-se o milho, em Cundinarmarca a batata, etc; agora na Colômbia inteira de norte a sul se cultiva palma africana. Os megaprojectos de palma africana são um dos apanágios do Governo de Uribe que quer aumentar a extensão dos cultivos de palma até 14% do território nacional, e dos paramilitares, quem são os encarregados de “cuidar” estes cultivos. Claro está que estas funções de cuidado implicam também fazer sair os camponeses e camponesas de determinados territórios, aumentando as cifras do deslocamento interno. Mas como o Governo têm como função inserir laboralmente as pessoas deslocadas, estas acabam muitas vezes por serem depois contratadas para trabalharem nas terras que antes um dia foram suas ou de outros deslocados. É um círculo perfeito. De rabo na boca.
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