30 novembro 2007

Let's be careful out there



Falou-se aqui dos anos 80 e de como saímos incólumes (ou quase) de tal década. Concordo em parte. (De qualquer modo, acho que se devia correlacionar os chumaços com a miséria pessoal desta geração. Associações selvagens? Talvez.)

É verdade que as séries de televisão estão na moda. Fazendo a arqueologia desse fenómeno, este vídeo - que aqui posto - contém o genérico daquela que foi a minha série de culto, de 81 a 87.

Ladies & Gentlemen: Hill Street Blues.

E, claro, let's be careful out there.

Sublime

De greve

Temos a impressão de viver numa autêntica esquizofrenia, em que os atropelos aos direitos dos trabalhadores/cidadãos são incomensuráveis e indizíveis. Hoje mesmo tomei conhecimento que não tenho direito, de acordo com a lei mais recente, a pedir baixa para assistência à família no caso de "a família" se tratar de um filho maior de 10 anos. Dou-lhe o passe para a mão, uma nota de 5 euros e mando-o ir para a urgência do centro de saúde porque eu tenho de ir trabalhar. Isto, comparado com a doente entrevada, o canceroso e outros mais, que são considerados aptos em juntas médicas comprovadamente inaptas, não é, obviamente, nada!

Mas para que se credibilize a voz da arraia-miúda, é tempo de os sindicatos agirem de forma séria e de convocarem greves não para segunda-feira, não para sexta-feira, sugerindo um fim-de-semana mais longo e propício aos afazeres natalícios, e de mobilizarem verdadeiramente o povo para a rua. Olhem para os exemplos que nos vêm do exterior: em França, as greves gerais têm lugar de 3ª a 5ª feira e mobilizam multidões.

Uma Felicidade



...imensa! A de poder olhar este rio cor de chumbo, num domingo ensolarado de Outono.

Memórias vivas

Nem parece teu esse ar fugidio
Essa corridinha passageira, sufocante
Interditas-me.
A existência corre absoluta e parece não haver já qualquer imensidão nas palavras - nos actos infames...
Que pena cabeça-de-chuva, cabeça-de-Inverno...
Os feitiços vão-se, vêm, vindo-se lentamente...
Usar-nos-emos até quando?

29 novembro 2007

Crise do meio da meia idade

Os trinta são lixados, não há nada a fazer. Já somos adultos mas ainda não nos conseguimos habituar a isso. Ter um trabalho, todo o dia, todos os dias. Não querer ter o mesmo trabalho todos os dias. A angústia por não ter um trabalho todo o dia, todos os dias. A casa e as contas. Os amores, os romances, as relações, as ralações. O casamento e o divórcio. Os filhos, o não ter filhos, o não saber se se quer tê-los ou não. Já saber do que se gosta e (ainda?) não poder fazê-lo.

Há os que se safam, os que se vão safando e os que já não têm safa. Mas todos têm em comum o sufoco. E com o sufoco vem a necessidade de recordar os tempos mais leves que são, naturalmente, a adolescência e a infância. Os desenhos animados, as brincadeiras na rua, as festas de garagem, os pátios dos liceus, as roupas horrendas e a sensação de vitória de ter saído incólume de tudo isso. E a esperança de, agora, também poder sair incólume de tudo isto.

E o mercado – essa grande entidade – está atento! Daí a M80 (muito ao jeito do antigo RCP), as reedições do Planeta Agostini e dos DVD´s da Heidi, do Marco e do Conan, os livros em formato antigo e com os desenhos originais da Anita. Até as calças são outra vez justas até mais não, com aquela tira nojenta por baixo dos sapatos.

Com os primeiros sinais de chuva e do Inverno, neste mundo curioso que é a blogosfera começaram os sinais desse sufoco. Nas músicas postadas, nas referências antigas, na necessidade de fuga para outro lado, ainda que só por um bocado. Uma das que mais me fez rir foi a do pisangambom, que escondi muito bem debaixo da mesa dos sumos numa das minhas primeiras festas de adolescente. É que, como nota a Ritti, “a única geração de jeito é a que teve 15 anos em 1990. Quem sobreviveu, como eu, à adolescência com os cabelos cardados, enchumaços XXL, calças de ganga pelo tornozelo lavadas a pedra, é feito de outra matéria”, as outras que me perdoem!

May the force be with us!!

Privação de cafeína

Manhã cedo, ainda sem café. Toca o telefone:
- Bom dia, é a senhora oito e coisa? Daqui é a empresa-que-fornece-internet-telefone-televisão-que-apregoa-ser-muito-boa-e-muito-rápida. Queria marcar a ida do nosso técnico no dia 20, para instalar o serviço.
- Dia 20? O vosso tempo de espera é absurdo! Imagino que tenham muitas reclamações na DECO, e a próxima será minha. E vou falar com o meu advogado para estudar a melhor forma de cancelar o contrato.
- Dê-me um minuto, senhora oito e coisa.
....
- Dona oito e coisa? O nosso técnico irá a sua casa no dia 3. Pode ser?
Ou como a falta de cafeína pode ter um efeito miraculoso com empresas incompetentes.

28 novembro 2007

Yolanda Becerra

Conheci-a na Colombia há alguns anos atrás, por razões profissionais cruzámo-nos várias vezes, uma mulher madura, com uma cara que mostra esperança mas não ilusões, uma lutadora incansável dos direitos das mulheres de Barrancabermeja, uma das regiões mais ameaçadas pelo controlo e propotência dos grupos paramilitares. Através de um email da Amnistia Internacional soube que estava em perigo de vida.
E ainda que seja pouco, podemos fazer alguma coisa, basta clikar a assinar a petição.

english and rice

E se quiserem treinar o vosso inglês, podem sempre clikar aqui e não só testam o vosso nível de inglês como ainda podem doar arroz...Ora experimentem...

27 novembro 2007

Medusa do dia*

imagem aqui

*Esgotaram-se-me as alforrecas. Mas a medusa também é bonita e é da mesma classe das alforrecas. Mais coisa menos coisa.

As minhas aulas

de catalão, à noite na cama:

"Som a l'añy 50 abans de Crist. Tota la Gál.lia és ocupada pels romans... Tota? No! Un llogaret del Nord habitat per gals indomables rebutja una i altra vegada ferotgement l'invassor. La vida doncs no és gens planera per als legionaris romans dels petits campaments de Babaòrum, Aquàrium, Laudànum i Petibònum...

Os dias e as palavras


Passo o dia a alinhar palavras. Primeiro, leio-as num idioma que não é o meu. Depois, descubro o sentido que poderão ter na minha língua materna. Olho as palavras, sinto-as, saboreio-as, sondo as suas várias possibilidades, tomo decisões. Volto atrás e apago tudo. Volto a alinhar palavras. On and on. Até achar que está bem (esse «estar bem» nunca chegou, diga-se).

Construo puzzles. É uma espécie de 'lego' linguístico.

Há muitos anos, não sabendo ainda que me esperaria este quotidiano de alinhar palavras, peguei num livro e resolvi transpô-lo para o meu primeiro idioma. Tomei a seguinte decisão: não consultar o dicionário. As palavras cujo significado não conhecesse teria de intuir. Resultou um caderno que até hoje não ouso abrir.

Hoje, gostava de lançar o seguinte desafio que, para ser levado às últimas consequências, tem que obedecer a essa regra primeira: não consultar o dicionário. Aceitam-se, pois, traduções de um excerto do poema de Auden à vossa escolha (ou do poema na íntegra, se para aí estiverem virados) . Take your time. Sem consultar o dicionário, claro. Googlar muito menos.

Lay your sleeping head, my love,
Human on my faithless arm;
Time and fevers burn away
Individual beauty from
Thoughtful children, and the grave
Proves the child ephemeral:
But in my arms till break of day
Let the living creature lie,
Mortal, guilty, but to me
The entirely beautiful.

Soul and body have no bounds:
To lovers as they lie upon
Her tolerant enchanted slope
In their ordinary swoon,
Grave the vision Venus sends
Of supernatural sympathy,
Universal love and hope;
While an abstract insight wakes
Among the glaciers and the rocks
The hermit's carnal ecstasy.

Certainty, fidelity
On the stroke of midnight pass
Like vibrations of a bell
And fashionable madmen raise
Their pedantic boring cry:
Every farthing of the cost,
All the dreaded cards foretell,
Shall be paid, but from this night
Not a whisper, not a thought,
Not a kiss nor look be lost.

Beauty, midnight, vision dies:
Let the winds of dawn that blow
Softly round your dreaming head
Such a day of welcome show
Eye and knocking heart may bless,
Find our mortal world enough;
Noons of dryness find you fed
By the involuntary powers,
Nights of insult let you pass
Watched by every human love.
Lullaby, W. H. Auden.

26 novembro 2007

Fez um ano, está na hora

Tentei fugir-te todo o fim-de-semana. Tentei que os dias passassem depressa. Passaram?, perguntou-me. Não. Claro que não. Tenho muita saudade, do tipo da que dói. Parece que passaram mil anos desde o último abraço, desde aquela despedida antes de Itália, no Tóquio. A única em que acertei. Para essa viagem sei que me despedi. Para a outra, nada. Pensei: quando voltares. Parece que passaram mil anos e nenhum. Mas passou um ano. Contei um ano no dia em que foste ver os glaciares e contei um ano no dia em que soubemos que não voltavas. Para mim, repito todos os dias, tu foste viver para a Patagónia. E há dias em que isso me basta, há outros em que isso me custa. Tu foste viver para a Patagónia e nós ficámos aqui. Sem o teu terraço e a discussão sobre a melhor vista, sem o teu sofá e o pilar onde havia sempre alguém a adormecer, sem as palavrinhas no frigorífico, sem o chá e as cervejas. Sem a tua tristeza que era também nossa. O verdade ou consequência, a elis regina. Eu gravei tudo. Tirei muitas fotografias com os olhos. E ainda sei de cor muita coisa que me disseste. Mas tenho as mesmas saudades. Passou um ano e são as mesmas. Quando é que voltas? Ninguém morre para sempre, pois não? E há mais um charro para fumar. Uma música para trocar. Um título para escrever. Um jogo da selecção para ver. É preciso dizer "pinhal" até à exaustão. Juntar palavrinhas no frigorífico. Escrever posts. Dançar. Beber mais uma cerveja. Fazer daquelas coisas que os amigos fazem. E, repara, eu já digo "amigos". Mas, olha, para isto tudo é preciso que voltes. Vá lá.

Grande é a poesia, a bondade e as danças

Fico sempre com vontade de rir quando estou a navegar pela net no coça a barriga e o computador reclama "Bateria fraca - deve trocar a bateria ou passar imediatamente para alimentação de rede para evitar perder o seu trabalho". 'Bora bobby.

Pedido de desculpas

Há algum tempo não o fazia, mas hoje fui à lista das entradas por buscas no google. Como responsável pelas clicadas mais insólitas, venho por este meio pedir desculpas a quem veio à procura de:
- anedotas sobre moléculas
- mensagens de previsões para mim
- quero ver senas de sado masoquismo


no entanto, e à laia de redenção, vou tentar fazer um post sobre os temas todos, para memória futura.

Havia um ADN que tinha três patas, foi fazer chichi e caiu. No dia anterior tinha pensado nisso, e escreveu-o no seu diário: "cheira-me que amanhã ainda vou partir os cornos no chão quando for fazer uma mija no caminho para o citoplasma. às tantas ainda descubro que gosto". Fim.

Fotografia do dia II

As mulheres bonitas são atractivas, é bom ver gente bonita, seja com um corpo imediatamente reconhecido e aceite como bonito, ou com uma luminosidade pessoal que lhe sai do coração e ilumina o que a rodeia. Eu hoje "emburreceria", salvo seja, se visse uma mulher assim:


Ou assim:


Fotografia do dia

Fotografia do arquivo multimédia do Portugal Diário
Dizem que os homens emburrecem com as loiras. Eu, se fosse homem e se visse uma loira assim, acho que também emburrecia. E ninguém me podia levar a mal. Aliás, acho que os homens emburrecem perante qualquer mulher bonita. O factor loira talvez seja explicado pelo facto de - citando a irmã de um amigo meu - "a maior parte das mulheres nascem morenas mas morrem loiras" !

25 novembro 2007

Um pesadelo científico

- Mas... mas... O que é que tu fizeste?!
- Isso mesmo que tu acabas de perceber.
- Não acredito! Porque é que esse espaço está vazio? Onde é que elas estão?!
- Não adianta, está feito.

- Não é verdade... Não é verdade!
- É verdade sim: deitei fora as 'Scientific American' que coleccionava há uma década.

Acordei em sobressalto e já não voltei a adormecer. Era um pesadelo, este diálogo com a minha irmã. O problema é que ela não desce a montanha, não larga os mosquitos nem a humidade peganhenta.

Por isso, não sei se isto era um sonho ou uma premonição, pelo simples facto de não lhe poder perguntar: quando eu estou a dormir ela está acordada e quando ela está acordada eu estou a dormir.

Don't come knocking




imagens aqui

Quem, como eu, gosta de road movies + Wim Wenders + Sam Shepard, vai gostar, com certeza, de ver 'Don't come knocking' (filmado em 2004, entre Los Angeles e Butte (Montana).
Imperdível.

24 novembro 2007

banda sonora

Para uma tarde de sol!


o que se descobre

quando se divanavega à procura de quem se ofereça para fazer edição de uma tese! Encontrei o anuncio de alguém que procura outra alguém para o acompanhar a uma festa da sociedade cerrada, mas aberta a todas as fantasias com boa onda. Com as saudadinhas que eu tenho de dançar, fico a pensar se me candidato; as minhas fantasias são mui singelas, poderia ir vestida de Pancrásia das couves, num estilo entre o tradicional, o kitsh e superpoplimão. Desde que possa dançar ólnailong...

23 novembro 2007

Auroville

foto daqui


Às vezes, gostava de viver numa cidade como esta.

Descaraçãoooo


Eu nem pergunto porque já sei a resposta, mas digam lá que não é lindo????

Fotografia do dia


Espírito de quase Natal, rugas, sorriso sexy e tal, leu-se na caixa de comentários mais abaixo. Esta pareceu-me uma boa conjugação de tudo isso.

Departure day

Hoje fui-me embora. Olhei-me e vi o adeus dos meus olhos. Ainda pedi baixinho não vás, mas foi tarde demais.

Alforreca do dia

A lembrar a liquidez nem sempre translúcida da minha terra.
A lembrar os dias de luz clara e temperatura amena.
A lembrar a última vez que inspirei fundo e pensei 'estou em casa'.
A lembrar que as alforrecas não devem ser pisadas de forma alguma, perigo de alergia.
A lembrar que atrás de uma alforreca vem sempre outra.
A lembrar.

22 novembro 2007

Fotografia do dia


Esta é para mim, que também mereço!

21 novembro 2007

Divanavegações

Andava eu a divanavegar, e ao ler o que pensava o Pedro Mexia sobre os feminismos, ou melhor sobre as feministas, deparei-me com uma boa surpresa: um video das Sleater-Kinney e a sua baterista.



Apesar de que tenho conhecido alguns académicos e académicas feministas ou dos gender studies bastante divertidos, e que sei que os feminismos e os estudos de género, enquanto correntes teóricas ou enquanto movimentos sociais, não existem no singular, são muito diversos, acho que comprendo o Pedro Mexia, não consigo afastar o preconceito que teima em mim sobre os académicos, sejam eles e elas de que área forem: gente chata que vive num mundo que se fecha numa bolha de palavras e frases largas, pouco importadas em comunicar e partilhar o seu saber e encontrar traducções e aplicações deste no mundo fora da sua bolha. Isto não é verdade, eu sei. Mas o preconceito insiste em visitar-me.

ponto cruz

Tenho tanto para contar que não sei por onde começar. Talvez comece por uma ponta solta, há quem diga que quando elas existem não se pode fazer nada da vida, mas eu não acredito nisso, a minha avó há já muitos anos me ensinou que as pontas soltas se resolvem, pega-se numa agulha daquelas grossas e é um vê se te avias, vai tudo à frente. Vai daí eu olhei para a ponta solta, ele achava que a tinha escondido bem mas coitado, não sabe a mulher que eu sou, treinada para vê-las à distância. O sorriso mais largo, as perguntas interessadas sobre o reumático da minha mãe e o que se passa na repartição durante o dia, logo ele que quando chega a casa se fecha num silêncio cheio de noticiários e de jornais, vejo-o à mesa do jantar e já é muito, duas ou três frases sobre a comida e as contas e o jantar do fim-de-semana com os casais amigos (todas as semanas a mesma coisa, ao sábado à noite juntamo-nos uns quantos, as mulheres falam de coisas delas e os homens riem-se muito na outra ponta de mesa, é assim há tantos anos que já lhes perdi a conta), e desde há umas semanas o interesse súbito em coisas que não o interessam nada, o reumático da minha mãe e a promoção que nunca mais me chega, o sorriso na cara, as perguntas que quase se atropelam e o não o deixam ficar calado. Ele deve achar coitado que não se nota nada, mas a mim não me engana, mirei a ponta solta de um lado e de outro, medi-a, peguei na agulha grossa e fiz como a minha avó me ensinou: convidei a vizinha do 7º esquerdo para tomar chá. Faz já dois dias que regressámos ao silêncio de noticiários e de jornais, o sorriso e as perguntas desapareceram, e a vizinha largou aquele perfume que empestava o elevador.

era outubro já é novembro quase dezembro

2 alforrecas
o reflexo de 1 bóia
uns quantos peixes
um cais de pedra
era outubro
já é novembro
quase dezembro
não tenho nada para dizer
é triste
isso
e a chuva também.

20 novembro 2007

É grave doutora?

Há uns dias atrás, a propósito de um post onde se falava dos diferentes tipos de orgasmos descobertos, houve um já tradicional comentador que exclama: "Fodilhona? È o que quer proclamar? E se sim, porquê o faz aqui?". Ora se definirmos fodilhona, ou fodilhão, como uma pessoa que fode muito ou que gosta muito de foder, temos aqui duas vertentes desta palavra para analisar: por um lado temos o factor quantidade, muitas vezes, e por outro, o factor gosto, o prazer que daí se retira.

Revendo outra vez o post e os seus comentários, em relação ao primeiro vector não encontro nenhuma possível indicação à peridiocidade ou frequência do acto sexual. Quanto ao segundo, faz-se referência ao prazer sentido com o corpo inteiro, incluindo, como é óbvio, a cabeça. O que poderia então levar a concluir que com quantas mais partes do corpo se sentir um climax sexual mais fodilhão/ona se é. Nesse caso haveria as pessoas fodilhinhas, fodilhãs ou fodilhonas.
Tendo em conta que isto não interessa nem ao menino jesus, pergunto-me, que raio ando eu a fazer com o meu tempo que gasto preciosas conexões neuronais, tão escassas ultimamente, a comentar o comentário do post?
Vou mas é continuar a minha colecção de sacos de plástico, combinei às 5 da tarde com a minha amiga...

Acordar em versão filipina

Mal disposta com o despertador, arrasto-me para fora da cama, reconstruo-me na casa de banho, abano-me com dose dupla de café na cozinha. De trombas com o mundo das obrigações, enfio o impermeável e desço a rua.

Ao longe parece-me que o carro estacionado à frente do meu está inclinado, que disparate. Ao chegar ao sítio vejo que está apoiado de um lado num macaco e que lhe levaram os 4 pneus. De repente um sorriso assalta-me o espírito: se se tivessem entusiasmado podiam ter feito o mesmo ao meu, o que me daria a desculpa ideal para não ir trabalhar! Chego mesmo a imaginar o telefonema de aviso, a minha vitimização, todos solidários comigo, claro com certeza. Envergonho-me em seguida desse pensamento torpe, já tenho idade para ter juízo.

Ao chegar à garagem da repartição dou de caras com um início de inundação, jorra água como se fosse o rio Jordão de uma saída de esgotos. Novo lapsus facial, vão ter de evacuar o edifício e mandar-nos a todos para casa, estou safa. Vou de imediato avisar quem de direito, cheia de esperança no corpo e na alma, mas dizem-me que o assunto vai ser tratado de imediato que não me preocupe.

Encolho os ombros, sinto-me um cruzamento de Felipe com o Calvin, com a agravante de me sentir do outro lado da barricada e de repente ter de dar razão à minha mãe. Ser adulto não tem assim tanta graça. Ainda não percebi se o pior é ter de cumprir obrigações ou descobrir que os pais têm mais razão que o crédito que sempre lhes demos. Duro golpe no ego.

19 novembro 2007

Ah pois é!

Estão dois gajos numa paragem de autocarro. Um deles é músico e o outro também não tem dinheiro.

Fotografia do dia

Fotografia de André Brito

Para a múltipla de sapatilhas cor de rosa!

18 novembro 2007

Abra o livro mais próximo na página 161,

li eu noutros blogs, propondo que se lera a 5ª frase completa e passando a batata a mais outros 5 blogs. A nós ninguém nos encomendou o serviço, mas resolvi mesmo assim ir à procura de um livro na biblioteca, de olhos fechados para não fazer batota. Percebi mais uma vez porque não sou psicóloga:
"Esta experiência primordial está na base do carácter imaginário do ego constituido imediatamente como "ego ideal" e "origem das identificações secundárias"".
Jean Laplanche, J.B. Pontalis in Vocabulário da Psicanálise (Editorial Presença, Lisboa, 1990), a propósito da fase do espelho.
Alguém tem páginas 161 para a troca?

bricolage e outras décalages

A vida dentro das quatro paredes da nossa casa implica uma série de actividades: comprar comida, guardá-la, cozinhá-la, guardar o que sobra no frigorifico, lavar a louça, arrumar a cozinha, limpar o pó e passar o pronto, limpar o chão e os banhos, paredes inclusive, aspirar, fazer as camas, separar roupa para lavar, lavá-la, estendê-la, dobrá-la, passá-la, guardá-la, etc, etc. E o bricolage: arranjar a torneira que pinga, pendurar o quadro, arranjar a porta do armário que está desajustada, montar estantes, etc. Algumas destas actividades são mais frequentes, digamos diárias ou pelo menos semanais, outras, como é o caso de bricolage, são mais esporádicas, realizam-se de quando em quando. Tradicionalmente, na nossa cultura ocidental, as primeiras eram realizadas essencialmente por mulheres, as segundas desempenhadas em geral pelos homens.

Mas como nem sempre do tradicional e do geral se fazem as nossas histórias, no meu caso, habituei-me a gostar do bricolage. Em miúda, sentia um gozo especial em pregar pregos, pôr parafusos, fazer um candeeiro, tentar ver como funcionavam as coisas e o que poderia fazer para arranjá-las, e como nem o meu pai nem o meu irmão tinham jeito ou gostavam disto, eu tinha por vezes oportunidades para praticar este meu gozo. Quando saí de casa dos meus pais, relativamente cedo, e fui viver com 2 amigas, elegemos o martelo como o melhor amigo da mulher; era incrível a quantidade de vezes que o usávamos, fosse para arranjar uma janela ou abrir um lata de pêssegos em calda de antes do tempo da abertura fácil. Há muito tempo que adoro manuais de instruções e sou fã do IKEA, sinto-me inteligente a montar as coisas deles, apesar de saber que estão feitas para serem fáceis. É verdade que para coisas mais complicadas há sempre a um amigo homem disposto a ajudar, mas, sem ser perfeccionista nem experta, aprendi a não ter receio ao bricolage doméstico.

Mas há pouco tempo, a propósito de uma série de mudanças de casa, minhas e de amigas, comecei a perceber que estava enferrujada, que já não pegava no martelo ou na chave de parafusos com a mesma segurança, que não tomava a iniciativa de montar uma estante do IKEA ou que guardava rapidamente os manuais de instruções sem os ler atentamente. Há já alguns anos que partilho a casa e a vida com um homem, um homem habituado a fazer estas actividades desde pequeno e ainda para mais com muito jeito para elas. Comecei a perceber que me tinha vindo a acomodar, fui deixando que fosse ele a fazer o bricolage da casa. Ao principio ia ajudando mas depois acabei por ir deixando-o sozinho a montar e a arranjar enquanto eu ia tratando de outras coisas (por exemplo, a cozinha, o arrumar, o organizar), e quando alguma coisa se estragava, imediatamente o chamava sem sequer tentar ser eu a arranjar.

Resolvi então retomar o gosto no maravilhoso mundo do bricolage, e, eis senão quando, encontro um enorme obstáculo: a pergunta feita a cada meio minuto: Queres ajuda?, ou, mal se agarra no parafuso, Queres saber um truque para esses parafusos? Junto a isto, ouvir frequentes suspiros desesperados, Aiiiiiii meu deus!!!!, ou Espera, espera, espera, não faças isso (com um tom aflitíssimo). Claro que uma pessoa fica nervosa e baralha-se com as instruções e já mete as prateleiras da Billy ao contrário com os parafusos a verem-se, deixa cair a chave de parafusos repetidas vezes e, apesar de se esforçar e arranjar uma solução criativa de embrulhar o martelo no cachecol para não partir a madeira, é mesmo assim interrompida diz que por causa das rachas que já se começavam a ver (juro que não vi nada que se pudesse assemelhar a rachas).

Hesitei entre o ir montar a estante para a casa do vizinho ou aguentar-me e apanhar a chave de parafusos tantas vezes quantas as que ela caiu. E fiz memórias das quantas e quantas vezes que fui, sou, uma chata e, por exemplo, disse ao meu companheiro quando ele tenta cozinhar, Isso não é assim; vais pôr essas ervas, arghhh, isso não combina nada bem; deixa estar que eu faço o jantar que sou mais rápida que tu.

Apesar de todos os conhecimentos teóricos, de todas as mudanças sociais em relação à igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, apesar de todas as convicções, na construção da minha realidade, pessoal, intima e partilhada, encontro-me a cada passo com as minhas incoerências da vida quotidiana e não tenho um manual de instruções que me valha. Só me resta agarrar-me ao martelo!* e seguir para bingo!


*Pede-se a alguma das minhas queridas múltiplas o favor de explicar a anedota.

A festa

Às vezes, esta múltipla também é do social e lá foi a um baile de smoking, vestido comprido e debutantes. Como era para ser uma coisa chique, lá tirei a farpela do baú, arejei as jóias e tentei disfarçar as rugas e o cansaço da semana.

Chegada à festa, e para meu sobressalto, encontro figuras do jet set nacional como a Lili Caneças, o José Castelo Branco e a Lady Beth, a Paula Bobone – ela mesma -, a Paula Taborda, o João Rôlo e a demais cambada: tudo a ver quem estava e com quem estava e a colocar-se estrategicamente para as fotografias das revistas.

Estava a conversar com uns primos quando a d. Paula Bobó se volta para trás e diz: “ólhê, você k tá aí com um ar tãoo amoroso, não me quer segurar o copo?” O rapaz ficou de tal maneira embasbacado por se ver, assim, transformado em pajem que nem conseguir fechar a boca. “Não, não, é só enquanto tiro aqui esta fotografia”. E avançou com o dito e pespegou-lho prás mãos. “Mas não cuspa lá p´ra dentro, está bem?” (do I need to say more?).

Copo aqui, beijo ali, olá acolá, passou-se a primeira parte e vem um criado que, aparecendo por trás, me põe as manápulas entre as costas e a cintura e faz - o que se chama em linguagem moderna – um forcing, enquanto diz que “é pra ir jantar”, recuando rapidamente perante o meu olhar gelado enquanto acrescentava o “minha senhora”.

A minha mesa tinha uma personagem inenarrável, com nariz à Michael Jackson, lentes de contacto azuis, madeixas loiras e tom de arara. Na casa de banho, meteu uma conversa de tal maneira louca e descabida com uma senhora que esta apenas lhe pôde responder: “pois, mas eu sou loira natural e não posso usar desse bâton senão pareço um travesti”...

Das debutantes, 80% pareciam que vinham do Champagne ou do Elefante Branco. Eram assim ordinarotas, de ar ou de vestido, ou de ar e de vestido.

Enfim, para fazer um resumo aproximado: nem decoraram o barracão da festa, faltavam tantos lugares nas mesas que houve uma cena de pancadaria entre um convidado e um criado, puseram senhoras com idade para serem minhas mães a jantar em bancos de bar cujo assento era mais alto que a mesa, a comida estava intragável, já ninguém sabe dançar a valsa, a Lili arregaça as saias acima da coxa para dançar o lálálá do “I will survive”, a Bobó fica para lá de ridícula de bandelete de veludo com um laçinho ao lado (e usa bijutaria feia), o Rôlo atirou-se ao meu marido mas o Castelo Branco teve a decência de recolher cedo para que a sua Lady não se finasse já.

Para além de ter confirmado que o jet set é coisa que já não existe (ou que, pelo menos, se esconde destas festarolas deprimentes), só cheguei a uma conclusão válida nessa noite: se voltasse a escolher uma profissão seria cirurgia plástica. A julgar pela quantidade das que vi, nem é preciso ser-se bom...

17 novembro 2007

sábado à noite

estômago

torrada leite e café
rissóis de atum e arroz
ananás
ainda mais café
chá bolo
sopa carne assada arroz
laranja

Dezoito horas de vigília. Minutos a mastigar e a engolir.
O tempo que se poupava se não tivesse de comer.

15 novembro 2007

Secretariado

Não esteja eu enganada, fazem parte das funções de uma secretária atender, filtrar e passar telefonemas, marcar e preparar reuniões, fazer o despacho da correspondência, contactar clientes, entre outras.
Estava eu a retornar uma chamada e a secretária que atendeu diz-me:
- A sr.ª dr.ª. não está (tom gelado do "e a conversa fica por aqui").
- Ah, então pode dizer-lhe que liguei s.f.f. (tom normal)?
- Se a vir (tom do "minha grande filha da mãe, se te encontro na rua faço-te em frangalhos")!!
Considerando que eu até não sou uma pessoa assim tão importante - facto que, no entanto, a senhora ignora por completo - mas que a sr.ª dr.ª com que eu tinha de falar ocupa um cargo com algum relevo, fiquei algures entre o preplexa, o preocupada e o furiosa.
Melhor, melhor, só a da telefonista do meu trabalho que, numa situação parecida , respondeu: "isso vai ser dificil porque não a vejo"...

14 novembro 2007

Ai Portugal, Portugal...

Andava eu enriquecendo a minha bagagem cultural, mais exactamente empinando uma catrefada de acontecimentos que fizeram de França a nação que hoje conhecemos, e eis que uma frase me deixa com uma enorme suspeita de conspiração ou, pelo menos de má consideração, relativamente a nós, ilustre povo lusitano. Atentem ao que diz Daniel Souriac:

"(...) la France a gardé jusqu'en 1945 l'âme d'une nation rurale; et lorsqu'elle cède aux sirènes de la dictature, à l'été 1940, c'est un régime ruralisant et catholicisant qui s'installe, à la Salazar, non un fascisme".

Não! Mas este gaulês deve ser louco! Estará ele a referir-se AO MAIS ILUSTRE PORTUGUÊS DA NOSSA HISTÓRIA?!

Fotografia d(e um)a noite


Uma casa com muito cachet e outro tanto de pombos, baratas e outros animais à mistura. Uma lauta mesa antes guarnecida com as contribuições de todas, da maravilhosa bimby e de uma empregada doméstica talentosa.

Foi dançar a bossa nova e Perante o riso geral discutem animadamente se o ser humano é ou não tendencialmente bissexual e em que medida a heterosexualidade é uma questão cultural ou biológica e ambas dizem para os seus adentros, meu deus, como é possível pensar tão diferente!

Gerou-se a confusão natural tenta abandonar a ideia de que estão todas a conspirar contra si e, entre um golo de vinho tinto e outro, conversa animadamente com Dizia ela baixinho, que só bebe cerveja pela garrafa, discorrendo sobre o Second Life e o fenómeno das relações virtuais, apreciando mutuamente a côr dos seus vernizes.

No baile da Dona Ester, vsffff, discorre sobre a sexualidade enquanto vai preparando parece que concentradamente a acta da reunião. Sete e picos, vsfffff, dá uma achega de meia hora sobre a construção dos papéis de género, vsfff, na nossa sociedade até que a mandam calar e O chofer a dançar com a criada, com os seus olhos de felina escondida detrás de um gato, se lembra de quando era criança e lhe falavam do fim do mundo.

Na prise és bestial, o senhor ou a senhora das termas a tenha na sua graça, tira compulsivamente fotografias com a sua adorada máquina digital em todas as posições possíveis, de todos cantos e recantos da sala; de quando em quando solta alto e bom som um conjunto de frases certeiras e irrebatíveis e regressa silenciosa à sua moldura que entretanto já discute, animada e sobrepostamente, outros múltiplos temas que por aqueles jantares passam.

Girl of my dreams

Graças à/ao "Incurável", soube desta linda história: ele viu-a no comboio e apaixonou-se. Fez um desenho algo infantil, pô-lo na net a dizer que andava à procura da girl of his dreams e.... It worked!!!




Que vivam felizes para sempre!!

13 novembro 2007

Lanterna dos Afogados


Dos velhinhos Paralamas do Sucesso. A partir dos 35 segundos.

Fotografia do dia

Hoje não há maminhas nem bundinhas prós meninos e prás meninas.

Nem há fotografias sobre outra coisa qualquer. Estou em greve. Não me perguntem porquê. Não sei. Não me apetece.

12 novembro 2007

Definições

Há alguns anos atrás, conversando sobre sexualidade com uma amiga, analisávamos os tipos de orgasmo das mulheres, se éramos mais clitorianas ou mais vaginais. Hoje, as discussões são diferentes e os orgasmos também. Hoje sou clitoriana, vaginiana, analiana, orelhana, costiana, perniana, barriguiana, palavriana, ana, ana, ana de amsterdão, princesa ana, um dia rainha, outro sedutora de babydoll, meias negras e ténis verde néon.

Tudo àgua

Aconteceu-me duas vezes, se calhar até mais, mas dei-me conta à segunda vez. Outro dia, um amigo dizia-me: às vezes não sei porque vivo, seria tudo tão mais fácil se estivesse morto, outro dia imaginei que tinha um cancro e morria de um dia para o outro sem ter tempo de despedir-me. De uma, comecei a dizer-lhe todas as coisas boas da vida, a julgá-lo pela sua falta de coragem para viver, etc. Um dia depois, outro amigo, com uma voz claramente triste, contava-me do seu medo da morte, aos seus 40 anos, a tanta instabilidade laboral, a não ter um amor, de não conseguir vibrar com nada; nesse dia o mundo todo parecia-lhe desinteressante. De novo, desatei a falar sobre a maravilha dos 40 anos, de tudo o que se aprende com a idade, das maravilhas da vida, etc, etc.

Das duas vezes, acertei ao lado. O que eles queriam não era optimismo ou palavras animadoras. O que eles queriam era simplesmente estar tristes, poder estar tristes sem ser julgados, falar simplesmente das amarguras que nos passam na alma e que parece que têm tão pouco espaço nas nossas vidas.
Prometi a mim mesma deixar de ter medo à tristeza.

Fotografia do dia

Fotografia de André Brito

3 minutos por semana

e participamos na monitorização online da gripe em Portugal, através do gripenet.

11 novembro 2007

Como se faz uma académica

Isto dá muito trabalho ser uma mulher interessante. Nada como uma boa limpeza e algum make up ao intelecto. Por isso, vou:

- pôr os meus rolos mentais;

- um bocadinho de base literária;

- um blushzito neuronal;

- o rímel: ‘NY review of books’;

- o lápis: ‘The Economist’;

- o batôn, sem dúvida o ‘Guerra e Paz’;

- a sombra... hmmm... hesito entre a filmografia iraniana ou a novíssima poesia etíope

(posso ir sempre variando, um dia um, um dia outro).

10 novembro 2007

A voz

A auto-estima parece que anda na boca de toda a gente, como a pasta medicinal couto de há uns anos. Ainda não entendi é se o segredo é olharmos mais ou menos para nós.

Nunca vemos a nossa cara, o espelho dá-nos o seu inverso. Aquela que vemos lavar os dentes e a pôr hidratante na cara não é a mesma que atraiu o Manuel do 2ºC.

Não sentimos o nosso cheiro, quanto muito o do perfume que escolhemos, e mesmo esse desaparece por hábito ao fim de umas horas.

Não reconhecemos o nosso sabor nem o tacto, não perdemos tempo com o auto reconhecimento sensível.

Mas o sentido que mais nos incomoda sempre é a audição. Apesar de sermos as únicas pessoas no mundo que ouvimos tudo o que dizemos, ficamos sempre horrorizados quando se nos devolvem o som da nossa voz.


A minha única esperança é que o essencial seja invisível aos olhos, inaudível aos ouvidos, inodoro ao olfacto, insípido ao sabor e imponderável ao tacto.

Angie



Primeiro queria que ignorassem a letra, depois que ignorassem o nome da canção. No meio deste desacerto lembrei-me: Mas! não, eu nunca terei nenhuma música cantada pelos Rolling Stones, por mais anos que faça!

Não é o caso desta múltipla, NETA desta imortal canção.
PARABÉNS! Que contes tantos e muito bons.

(Angie, you can't say we never tried...)

09 novembro 2007

Venham lá os múltiplos!

Estava desactualizada, muito desactualizada, quando fiz este post. Ladies and Gentleman, meet the SHENIS, "the female answer to standing to pee for ladies".

Antes disso vou só ali, ok?

É o que me apetecer dizer aos chefes que mandam analisar com urgência (claro) critério específicos de selecção escritos em doze looooongas páginas quase sem margens, sem intervalos entre linhas e com letras que, de tão pequeninas, acho que não vou conseguir ler…
É moralmente muito censurável invocar putativas deficiências físicas numa 6.ª feira de sol?

Fotografia do dia

Autoria a designar, quando descoberta

E assim, como músculo está melhor ?

08 novembro 2007

06 novembro 2007

Há poesia em todo o lugar

mesmo à porta do estofador filósofo que transformou um momento de negócio numa estranha aventura no seu mundo interior. A propósito do tempo que levaria a fazer o trabalho (três enormes semanas) explicou-me:


"Temos que saborear cada momento. Nem que seja fazer uma mija sentado na retrete todo arregalado."

Fotografia do dia (seguinte)


Fotografia de André Brito

Porque amanhã não venho....

Fotografia do dia

Fotografia de José Silva Pinto


A caixa de comentários trocou as voltas à minha organização para o dia de hoje: tinha uma menina aqui em baixo, devia seguir-se um menino. Mas como era disso que já estavam à espera, tive de trocar-vos as voltas.
Fazendo o meu t.p.c. - sim, que isto dá trabalho -, resolvi mostrar-vos já o que quis dizer por fotografias bonitas, deles e delas, sendo que só gostava de vos mostrar coisas bonitas. Mas descobri uma que, sendo uma bonita fotografia, não posso guardar para mais tarde pelas razões que saltam dos olhos...

05 novembro 2007

As coisas preferidas

Houve um conjunto de circunstâncias que deu corpo a esta posta:

- um mail de alguém que dizia que os ânimos andavam em baixo nesta chafarica;
- a semana temática da felicidade decidida cá em 'casa';
- a temperatura amena, como se de Primavera fosse, em Novembro;
- uma buganvília numa cor que nunca tinha visto em mais lado nenhum;
- um post da sem-se-ver.

Eu, que sou dada a reptos e não passo sem um (pelo menos de 3 em 3 meses), deixo aqui o desafio:

Quais são as coisas de que mais gostam nesta vida? O que vos põe feliz?
Assim, sem pensar muito, de repente...
Digam!

(e em baixo uma música adequada ao momento, senão A música adequada ao momento)

B & B

Bisavó & Blogger, e o blog tem um template cor-de-rosa. Tem 95 anos e mora ali ao lado. O neto ajuda. Aliás, se não fosse o neto, nada disto tinha acontecido. É que “As avós não sabem o que é porque não lhes explicam bem. Se o neto ou o filho ou um irmão mais novo lhe explicarem o que é a Internet, veriam como as idosas se meteriam na Internet. Porque estariam muito entretidas”, postou." Como eu agora.

Todos os dias contigo

parecem dias de festa.

Fotografias

Queria postar fotografias. Bonitas, várias, uma em cada dia. Depois pensei que isso não seria nada original, que há por aí várias coisa do género como o momento zen, o eu hoje acordei assim, o janela para o mundo, o hoje é 6.ª feira, etc. Dane-se. Vi as fotografias, gostei e vou postá-las, várias, uma em cada dia.

Não é original? Paciência. Ser original é uma das (várias) coisas difíceis de ser hoje em dia e eu não posso superar todas as provas ou, pelo menos, todas ao mesmo tempo e já tenho as minhas prioridades reservadas para outras causas.

Só tive dúvidas sobre qual seria a primeira. Quando virem as outras, vão perceber o porquê da indecisão.

04 novembro 2007

Cenas da vida conjugal (v)*

(fim-de-semana com a enteada, um espectáculo para ver, paragem para comprar uma água, um grupo de amigos sentado numa mesa, 1 casal, 1 rapariga e 3 crianças)

- S., vamos embora?
- Sim, estou só aqui a acabar de falar com a J.
- Olá J. Tens nome de flor, é muito bonito. Quantos anos tens?
- 3 (mostra-mos com os dedos). Olá. Quem é que és tu?
- Eu sou a M.
- E és a mãe dela? (aponta para a minha enteada)
- Não, não sou a mãe dela. Sou amiga dela. Bem, na realidade sou mais do que amiga, mas posso dizer que, sim, somos também amigas...
- Ahn?
- A S. tem uma mãe, mas eu não sou a mãe dela.
- E aquele senhor que está contigo?
- Aquele senhor que está comigo é o pai da S.
(o rosto da J. abre-se num sorriso rasgado):
- Ah! Já estou a perceber tudo!!!

Não sei o que a J. percebeu, apenas posso intuir. No lugar dela, há muito mais de 30 anos, não teria percebido nada daquilo que julgo que ela percebeu em menos de 3 minutos e 50 palavras.

*Ou da percepção infantil sobre as recomposições familiares

02 novembro 2007

Shine

Vou folhear um desse guias da noite e descobrir um sítio in aonde ir. Vai parecer que estou ali porque sou cool e não apenas porque sim, porque já não suporto a minha própria companhia, tão constante, tão apagada. Talvez alguém me empreste um pouco de brilho. Um gloss serve, que nem isso tenho.

How pathetic is that?

Liguei para aquele teu telemóvel, que sei estar desligado, só para ouvir a tua voz a dizer que agora não podes. Mais ainda mais patético é fazer um post sobre isto...

Este é roubado

Hoje é dia de finados. Partilho com o Gonçalo Moita, do Cachimbo de Magritte, a sua visão sobre eles e que muito bem a descreve assim:
"Nunca visitei uma campa ou um jazigo e nunca elegi um dia ou um qualquer momento específico para recordar mortos, embora recorde vários com frequência. Julgo, aliás, que não há circunstância mais eficaz que uma morte para nos fazer pensar a vida...
Pensar a vida é um acto de inteligência e uma obrigação moral. O ritmo próprio do nosso tempo, combinando obrigações profissionais, paixões familiares, programas sociais e outros inadiáveis afazeres, espezinha com facilidade aquilo a que alguém já apelidou de "necessidade de deserto": afastamento, abandono, solidão e paragem. Afastamento do nosso quotidiano, abandono de "nós" e da nossa imagem, distância dos olhares dos outros e interrupção de tudo quanto faz a soma dos nossos ritmos.
Pensar a vida há-de ser fazer escolhas. E procurarmos ser, perante o que existe entre nós e o mundo, dominadores e não dominados. Trata-se de coisa que vai sendo rara, no frenesim a que nos submetemos e perante os valores e aquilo que merece reconhecimento nos nossos dias.
Entre os mortos que recordo com frequência não há um só que tenha sido publicamente célebre. Deixaram saudade, muita, o que os tornou célebres, sim, mas para os que tiveram a felicidade de lidar com eles.
Entre todos, alguns denominadores comuns: uma vida seguramente pensada, o reconhecimento preciso do essencial e uma espantosa coerência. A coerência própria de quem, não tendo visibilidade pública, jamais perderia um segundo que fosse com a problemática da mulher de César. Nunca precisaram de parecer coisa alguma. Foram, simplesmente, na simplicidade própria de quem adquire segurança suficiente para jamais se levar absolutamente a sério. Segurança que terá passado pela capacidade permanente para dar uma segunda demão a tudo quanto fosse preciso, se preciso fosse, para manterem intocável o modo como se respeitavam a si próprios e aos outros.
Acredito que crescer é um processo de distanciamento (e de aceitação, de reconhecimento) daquilo que é meramente efémero. Não concebo crescimento sem abertura para um processo voluntário, racional e permanente de aceitação da relatividade daquilo que somos. Sob pena de entupirmos, com as nossas "certezas", o nosso próprio processo de crescimento.
Os mortos que recordo com frequência nunca partiram. O seu exemplo, mais que saudade, deu razão à esperança. Aqueles que recordo com frequência deram lugar à esperança graças ao modo como, crescendo, foram um exemplo de paz. De paz no modo como encararam os acontecimentos, as vicissitudes da vida, como trataram os outros, como se relacionaram com as coisas e como, na adesão a essa paz, souberam caminhar em paz consigo próprios.
Aquilo de que escrevo não é coisa própria do dia 2 de Novembro. É coisa de todos os dias. É coisa própria do legado daqueles cuja vida foi muito mais do que impostos em dia e soma de tempo que passa. Foram vidas que passaram por mim e por outros e que ficaram. Que ficaram no conforto oportuno dos seus gestos, das suas palavras e da sua companhia, que ficaram no modo como procuro levantar-me todos os dias para a vida e na vontade de saber transmitir aos meus filhos o modo como vale a pena vivê-la.
Os mortos que recordo com frequência foram homens e mulheres que, morrendo, não mais deixaram que um modo diferente de ficarem. Talvez se torne sensível, por estes lados, o momento inicial da nossa própria eternidade.. "
Aos meus: até já.

01 novembro 2007

Luiza

Quem o viu pela última vez a cantar em Lisboa, nos claustros do Mosteiro dos Jerónimos, diz que a lua estava assim:


Esta música acompanhou-me durante anos. Hoje, não sei o que me deu e resolvi postá-la. Esta é a MINHA música. (Não escolhi a versão de Tom Jobim, mas a de Chico Buarque, vá-se lá saber porquê).

Fica-se sentimental com a idade. Deve ser isso. Ou então não.


It's show time folks

Andava eu agarrada às sapatilhas cor de rosa, ponta e meia ponta, quando o mundo que me parecia perfeito ruiu. Depois disto não se pode voltar para trás.



Ando há anos com isto por dizer - Obrigado.