26 dezembro 2007

Do schools today kill creativity?

When I think back
on all the crap I learned in highschool
it's a wonder
I can think at all

- Paul Simon, Kodachrome, 1973




Uma das minhas músicas preferidas de sempre, editada no ano em que nasci (deve ser fetiche), resume bem o que sempre me pareceu ter sido a educação que o país me deu. Depois de ver este vídeo (Do schools today kill creativity?) de um homem brilhante chamado Ken Robinson (não se deixem intimidar pelos 20 minutos, vale mesmo a pena e passam a correr), é impossível não se ficar tocado pela sua clareza e clarividência sobre a formatação de cabeças dos sistemas de ensino, em todo o mundo.

Durante a escola primária somos preparados para o ensino secundário, no secundário para os exames que hão de vir, para depois cumprirmos alegres a nossa missão de estudantes universitários. Todos à licenciatura, é para o menino e para a menina. E para quê?



Este ano entraram nas universidades e politécnicos portugueses 80% das pessoas que o desejavam. O ministro e o ministério congratularam-se imenso com estes números, a mim parecem-me apenas assustadores. Há demasiada gente a fazer formação superior. E digo demasiada porque o país e o mundo não precisa deles, mas todo o nosso sistema de ensino é direccionado para levar os meninos ao colo até essa paragem, a pressão social está desse lado. As pessoas perdidas emprenham pelos ouvidos, ninguém analisa criticamente esta realidade até porque não foram ensinadas nem estimuladas a tal. Não se pensa, não se questiona, não se critica. Faz-se, é-se, cumpre-se. Cumprem-se os requisitos mínimos. Isto sai para o exame? Não? Então não se estuda. Tenho de saber isto para passar na cadeira? Não? Então é acessório.


O ensino não forma ninguém, formata pessoas para que memorizem uma série de informação e que a saibam despejar tal-e-qual como a engoliram. Basta fazer a prova, mudar a maneira de se perguntar a mesma coisa e ninguém sabe responder. Como se em vez de português as questões estivessem em checo, numa língua desconhecida e indesejada.

Não é promovida a criatividade. Não são estimuladas as características pessoais dos alunos, quer-se que toda a gente saiba as coisas da mesma forma. Não querem ter alunos, querem laranjas normalizadas.




Claro que há excepções, em todos os pontos do ensino. Bato-me para que as excepções não tenham de ser cavaleiros românticos mas a bitola pela qual os demais se deveriam reger.




"If you are not prepared to be wrong you'll never come up with anything original", ouve-se no video. Não podia estar mais de acordo.

4 comentários:

o chofer a dançar com a criada disse...

muito muito muito bom, extremamente pertinente e deixa-nos de rastos duma forma engraçada...

d. inês sequiosa disse...

obrigada pelo video. E agora vou ver outras TED talks.

8 e coisa 9 e tal disse...

sempre que revejo esta comunicação começo a aplaudir com o resto da audiência no final. Ele é mesmo muito bom.

Anónimo disse...

Estou cansado de argumentar justamente o mesmo ponto de vista..

Vi colegas muito vazios a acabarem cursos superiores, sem perceberem nada do que andaram lá a fazer..

Parabens e obrigado