28 março 2009

análise de um retrato

eles e elas sempre se vangloriaram da cor dos seus olhos, que era igual à dele, da altura, da tez, do temperamento. acrescentavam ainda que o arco temporal que os/as separava lhes tinha dado o privilégio de mais anos de convivência.

tudo muito bem.

mas agora agarro neste retrato onde estamos os dois e percebo que - de todos e todas - sou a mais parecida: se cor dos olhos não é a mesma, é antes a forma dos olhos que descaem numa vírgula de tristeza, os lábios finos a acompanharem a mesma curva dos olhos, e depois o queixo, as mãos, a postura, a forma de andar. a compleição em geral: ombros e quadril largos.
dele, herdei tudo isto.

mas - desenganem-se - nem eu nem eles nem elas fomos/somos tão bonitos quanto ele alguma vez foi. ele era lindo e parecia um actor de cinema dos anos 30 do século passado.

e isso é prova provada neste retrato que tenho diante mim e que se materializa nas saudades que de tanto em tanto me apunhalam. hoje foi um desses dias.

faz-me falta, Pai.

1 comentário:

sem-se-ver disse...

e eu estou certa que a filha é tão bela quanto o pai.



beijo.