A minha vizinha do lado está a chorar, ouço-a daqui do meu escritório, paredes meias com a sua cozinha. Desta vez parece que não é por causa do marido; sentada na secretária consigo percebê-lo ali, ao lado dela, de vez em quando ouço-lhe um sussurro, talvez lhe esteja a fazer festinhas, parece estar a consolá-la. Não, desta vez talvez não seja por causa dele, não chora de raiva como das outras vezes, não a ouço discutir, só chorar, chorar.
Sai-lhe muito lá do fundo. Será que lhe morreu alguém muito querido? Será que lhe morreu a vida que ela tinha imaginado?
Fico quietinha,
o mais silenciosa possível
recordo e me entristecem
os seus e os meus lutos,
feitos,
desfeitos
e por fazer.
Sai-lhe muito lá do fundo. Será que lhe morreu alguém muito querido? Será que lhe morreu a vida que ela tinha imaginado?
Fico quietinha,
o mais silenciosa possível
recordo e me entristecem
os seus e os meus lutos,
feitos,
desfeitos
e por fazer.
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