01 agosto 2006

GISBERTA


“Os menores são culpados de ofensa à integridade física da travesti”, anunciaram os telejornais do meio dia. Curioso, nesta nossa hipócrita normalização do corpo nunca se ouve dizer “heterosexual brutalmente espancado e lançado ao rio, onde terminou por morrer afogado”.

Gisberta perdeu o nome e a vida e a justiça perdeu uma boa oportunidade para fazer juz ao seu nome e mostrar que o homicídio é um crime muito grave seja qual for a identidade ou orientação sexual da vítima ou as condições socioeconómicas dos agressores. Gisberta foi morta e com ela enterrada a liberdade de escolher ser.
Os culpados continuam à solta. Procuram-se:
espelho daqui

9 comentários:

Anónimo disse...

no fundo, no fundo, a questão não é a da identidade sexual (coisa menor), mas sim a de ser ou não ser conotado com o enrabado/enrabador (coisa maior).

so much for canavis, mário henrique leiria et al...

ainda bem que há temos sempre um básico dentro de nós.

crrrrckkk--creeekkk (barulho do verniz a estalar)

Anónimo disse...

bem, se algum verniz estalou não foi das 8ecoisa, que estas meninas tiveram uma esmerada educação na suiça (ali para os lados do rossio, não sei se está a ver), e além do mais usam amiude as unhas au naturel.

Canavis? isso foi um mix entre a posta do canabis e a poesia do Cavafis? Olhe que a chota anda à coca...

8 e coisa 9 e tal disse...

e lá se solta o preconceito...

ó senhor pirata e reset, mandar enrabar o juiz não é solução para ninguém, ou vocês também pertencem ao grupo dos homens que ainda não assumiu o prazer anal e que acham que isso é coisa de homenssexuais??

Olhem bem no espelho e vejam se descobrem a gisberta que somos todos e todas...

Anónimo disse...

ai vida, mais curta que comprida.

mas quem lhe disse o meu género ?

mas onde é que está escrito que a solução do pirata era a minha ?

mas porque é que não percebeu a ironia (mesmo que rudimentar)?

mas porque não lê o que está escrito ?

Anónimo disse...

Está bonito está. Fala-se de um tema mais delicado e é tudo a ler metade dos F dos outros.

Vou pensar no assunto enquanto vou para banhos, para fora cá dentro. As multiplas que fiquem tomam bem conta do quiosque.

"adeus, até ao meu regresso"

8 e coisa 9 e tal disse...

ó sr pirata axandre que o que a dona ester quis dizer é que é um tema delicado no sentido de gerar polémica em volta da forma como foi feita justiça, nada teve de leviano o comentário da dona ester..


estou perfeitamente de acordo consigo na sua indignação perante este caso e a hipocrisia da nossa sociedade na forma como utiliza pesos e medidas difernetes para a aplicar a justiça. Gisberta somos todos nós, assim como os culpados também, na medida em que vamos aceitando passivamente tudo o que se vai passando, descarregando a nossa consciencia politica de 4 em 4 anos...

e deixe lá a dona ester ir de férias descansadas qu ela bem merece...

bô noit!

8 e coisa 9 e tal disse...

ó senhor pirata, é verdade que eu sou conciliadora, sou, vivi muitos anos num país em guerra e aprendi a dar valor à conversa e à democracia, não acredito em guerras, nem nas medidas brutais, para mim o problema não é o juiz em si, enrabado, entalado ou trasladado para a lua. Pode-se mudar o juiz mas o mais importante é mudar a mentalidade subjacente á logica que o conduz, sem isso nada feito. Como dizia o brecht: do rio que tudo arrasta dizem violento, mas quem achará violentas as margens que o comprimem.

E olhe, ainda que não se esteja de acordo, a delicadeza nunca fez mal a ninguém, ao contrário...

Anónimo disse...

Olha, o que para aqui vai!
Sr. Pirata, a multipla 8ecoisa acertou na mouche na interpretação das minhas palavras. Em vez de espingardar em todas as direcções e mais algumas, oiça de vez em quando que não lhe faz mal. também está relacionado com a democracia, que há tempos pediu para ser desenvolvida.

Será o pior de todos os sistemas à excepção de todos os outros, como dizia o amigo Winston, bem usado e tratado é o que queremos todos (existem sempre aqueles que preferem o pai/mãe déspota que toma conta deles, não os deixe questionar mas lhes ponha o pão na mesa, mas enfim)

O assassinato da Gisberta indigna-me, mas ainda mais a condução do processo e a decisão do juiz. Vou aproveitar este precedente legal, atiro uma pessoa que eu cá sei de um precipicio abaixo, e depois hei-de dizer em minha defesa "eu só o atirei Sr. Dr. Juiz, o problema não foi a queda foi a aterragem". E quero ver quem tem coragem de me dar mais do que uma penazinha suspensa, ou mesmo um trabalho civil e é a andar.

Eu sou pela responsabilização das pessoas, mesmo em coisas básicas. Desta forma aquilo que se está a dizer é 1) não é grave atacar uma pessoa, verbal e/ou fisicamente baseando-se na orientação sexual e sua publica manifestação 2) torturar alguém e deixá-lo morrer não é o mesmo que matar 3) perdoá-los pq são criancinhas e não sabem o que fazem.

Tenho vergonha de um sistema penal que permite isto. Tenho vergonha de uma sociedade que não condena e previna estes actos tanto quanto eles merecem (notaram bem que apenas alguma "elite" veio em defesa da Gisberta? que acham se diz e comenta nas tascas, barbearias, cafés e ruas deste país?).

Bom, já chega que este comentário vai mais longo que permite a paciencia humana

8 e coisa 9 e tal disse...

inteiramnete de acordo, d ester...