e encher este quadrado branco (que quem lê vê a preto) de coisas interessantíssimas. Comentários da actualidade, aquela coisa que existe ali fora enquanto o trabalho os amores as preocupações as compras as máquinas de roupa as contas nos enchem os dias. Meia dúzia de frases bem esgalhadas, palavras certeiras, humor, ideias inteligentes, opiniões em barda. Mas olho para este quadrado branco (que quem lê vê a preto, as letras brancas a pairarem na escuridão do fundo) e os comentários, as frases, as ideias, as palavras, o humor, fogem de mim. A inteligência não sei onde pára, não a vejo desde o dia em que saquei treze valores num teste sobre um livro que não li. Sobra-me em quadrado branco (que para quem lê é um pano negro com palavras a branco e laranja) o que me falta em verve. Não sei o que pensar do papa, do lucílio batista, do sócrates, do casamento entre pessoas do mesmo sexo, da crítica de arte ou da câmara escura. Por isso, largo o quadrado branco que entretanto se irá transformar num lençol negro, e vou bater à porta da minha vizinha do lado que, coitada, foi abandonada pelo marido e chora a mágoa de roupão azul e sorriso postiço. Com sorte, vou encontrar as palavras que me fogem aqui.
3 comentários:
com sorte vou encontrar o número treze não numa nota desmerecida mas em duas cartas que encontrar na rua e a soma das duas fará esse número que tanto almejo, porque eu colecciono cartas de rua desde que encontrei o valete de copas. desde então valetes já foram 3. só estou à espera das copas. teimam em chegar, as malvadas copas. os valetes não quero saber deles para nada.
Quando as palavras nos fogem, o melhor é não procurar muito. Elas acabam sempre por nos reencontrar.
(eu costumo procurar material para juke boxes para o meu blog...)
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