Ontem contava as horas para te poder ligar. Para ouvir a tua voz, para te contar como tinha corrido os meus dias que passavam, apagados e discretos, durante as horas insuportáveis e intermináveis que teimavam em arrastar-se até que tu acordasses e eu te pudesse ligar.
Estavas do outro lado do mundo e do tempo, numa outra instância da vida, num outro estado de alma. Procuravas alguém que te fizesse companhia para os dias cinzentos que se aproximavam, enquanto eu buscava paixão intensa, pronta-a-usar, como uma pastilha elástica que se cospe após perder o sabor.
Fomos ambos enganados. Tu perdeste-te em mim e eu perdi-me por causa de ti.
Amámo-nos. Muito. Tanto que assustava. Tanto que aterrorizava. Tanto que eu fugi. E tu deixaste-me ir.
E o ontem foi ante-ontem, o mês passado, o ano passado, há oito anos atrás.
E o tempo nunca mais parou.
4 comentários:
Doeu. Viver é fodido. Um abraço, oito e coisa.
(a verificação de palavras diz perseste)
este é dos tais que só dá para isto:
um beijo.
a multiplicidade é, de facto, tramada!
verificação: crende
não dá para tirar isto?
O bom do tempo é que só acaba quando chega ao fim.
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