01 novembro 2008

Juraci - A vidente contente

Crónicas de uma vidente em crise temporária.

Lisboa - Istambul, com escala num país qualquer de nome impronunciável. A reboque, duas malas carregadas de profecias não cumpridas que somavam dez anos de vida e o seu buldogue Kasparov. O mestre em Istambul tinha sido muito claro ao telefone. Ou arrotava a maçaroca para fazer o seminário de "novas técnicas de vidência online" ou arriscava-se a perder de vez o grau de grão-mestre das artes e magias da vidência. Os tempos eram outros. Mas o que lhe fazia afliçao nem era isso porque à custa de ter previsto a catástrofe do casamento da D.Firmina, o ataque repentino de gota do Sr.Humberto ou o desaparecimento sórdido do caniche da D. Graça que morava rés-vés com o bairro chinês, entre outros tantos casos, tinha conseguido amealhar três caixas das grandes de bolachas sortidas em moedas de dois euros. O que lhe fazia aflição era o seu próprio divórcio e a morte prematura do seu papagaio que não tinha conseguido profetizar a tempo e horas.
Nunca pondo em causa as suas capacidades, Juraci - a vidente contente - podia jurar que o mal estava na sua bola de cristal pessoal, um modelo que o famoso Professor Uganbanga tinha jurado durar uma vida e outras tantas mas que afinal, ao final de um ano já lhe desfocava metade da verdade e que ao fim de três, deixara de lhe mostrar o futuro para lhe começar a mostrar somente o presente. E o presente de Juraci - a vidente contente - era sempre a mesma coisa. Fazer sessões atrás de sessões. Era como estar a ver repetições do Dallas no canal Rtp Memória. Tornava-se chato. Por isso, Juraci - a vidente contente - pretendia fazer o seminário e aproveitar para trazer de lá, o último modelo em bolas de cristal. O modelo "ver sem limites 6.5" que lhe garantia não só o acesso ilimitado ao futuro como lhe permitia já o acesso a alguns universos paralelos, para aqueles clientes mais exigentes que gostassem de saber, por exemplo, como seria a sua vida casados com a Pamela Anderson do Baywatch e coisas assim, e também a actualização automática dos upgrades. Era um sonho.

Não perca o próximo episódio das crónicas de Juraci - a vidente contente - em crise temporária e a sua chegada a Istambual para reencontrar o seu velho amigo, Professor Uganbanga, famoso e virtuoso vidente-mor e traficante de bolas de cristal.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pois... a culpa é dos fabricantes de bolas de cristal. Usam componentes de baixo custo para os mesmos deixarem de trabalhar ao fim de algum tempo. Quanto à nova versão "ver sem limites", esta tem a limitação de não dar os 1.21 gigawats para a descarga do compensador de fluxo coisa que nem ao Professor Uganbanga ocorreu (se estão a pensar o que raio tem uma coisa a ver com a outra, estão a precisar da versão 7.0).

na prise és bestial disse...

Já trouxe a manta e estou à espera de novos episódios da aventura da juraci. Com o frio que está, não te demores muito. O nariz já começou a congelar.