Às vezes custa-me lembrar-te. A distância que me impuseste torna-te numa memória longínqua cada vez mais difícil de avivar. Como se na verdade nunca tivesses existido, como se fosse sido eu a inventar-te num rasgo de egoísmo de quem molda um amor à sua medida.
A tua falta mói-me. Em dias iguais a tantos outros, em dias bons em que tudo parece ser estranhamente fácil, em dias maus em que tudo parece ser estranhamente difícil ou em dias piores em que tudo parece horrivelmente insuportável. Em todos os dias, não interessa qual, tu estás lá. Na imagem que assalta a película dos meus olhos no primeiro abrir da manhã, na comichão impertinente atrás da orelha, nas pessoas desconhecidas que me cruzam na rua, nos comboios que corro para apanhar, nas gotas de água que caem do chuveiro, por baixo da minha almofada quando adormeço. És sempre tu, em tudo. És esse fantasma que construí à falta de mais com que te pintar. Pinto-te com pedaços soltos de mim, aqui e ali. Mas já não és tu, já não sei quem és. E a falta encoberta que marcas nos meus dias é falsa, é demente. Custa-me até lembrar-me da tua cara, dos teus olhos húmidos que diziam que me amavam enquanto crescias dentro de mim, dos teus bons dias ou da tua voz. Tudo parece um delírio, uma alucinação de noites de álcool a mais na conta. Na verdade tu nunca exististe. Não te posso cobrar o tempo que não me deste porque tu és mentira e eu sou demência.
A tua falta mói-me. Em dias iguais a tantos outros, em dias bons em que tudo parece ser estranhamente fácil, em dias maus em que tudo parece ser estranhamente difícil ou em dias piores em que tudo parece horrivelmente insuportável. Em todos os dias, não interessa qual, tu estás lá. Na imagem que assalta a película dos meus olhos no primeiro abrir da manhã, na comichão impertinente atrás da orelha, nas pessoas desconhecidas que me cruzam na rua, nos comboios que corro para apanhar, nas gotas de água que caem do chuveiro, por baixo da minha almofada quando adormeço. És sempre tu, em tudo. És esse fantasma que construí à falta de mais com que te pintar. Pinto-te com pedaços soltos de mim, aqui e ali. Mas já não és tu, já não sei quem és. E a falta encoberta que marcas nos meus dias é falsa, é demente. Custa-me até lembrar-me da tua cara, dos teus olhos húmidos que diziam que me amavam enquanto crescias dentro de mim, dos teus bons dias ou da tua voz. Tudo parece um delírio, uma alucinação de noites de álcool a mais na conta. Na verdade tu nunca exististe. Não te posso cobrar o tempo que não me deste porque tu és mentira e eu sou demência.
4 comentários:
muito bom.
wow!
gostei muito, do princípio ao fim.
"tu és mentira e eu sou demência". Muito bom!
Gostei. Deixa assim um gosto a não-sei-quê que não é nada doce. Isto anda aqui uma tristeza surda, vai lá vai.
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