Patético. Verdadeiramente patético. E perigoso. Perigoso na forma simplista e demagógica como equipara o mundo democrático às ditaduras islâmicas e às organizações terroristas. Perigoso porque desdenha as liberdades civis e políticas de que gozamos e nos coloca a par de sociedades em que estas não só não são toleradas como são efectivamente combatidas. Perigoso no modo como contrapõe Bin Laden a George Bush, dando a entender que o ex-líder da maior (e das mais escrutinadas) democracia do mundo é o equivalente ao orquestrador dos atentados terroristas mais brutais dos últimos anos. Perigoso porque escamoteia o facto de que a democracia não é uma panaceia, é um modo de organização política, e a apresenta como a solução milagrosa para todos os males. Não basta dizer que se quer democracia, é preciso saber que democracia se quer, quem a quer e para quê. Veja-se o caso da FIS na Argélia e o que se vem passando na Turquia. Perigoso porque demoniza os políticos em nome de um basismo infantilizante, difuso e sem rosto. Por último, perigoso porque, ao trivializar os direitos adquiridos pelas nossas sociedades ocidentais, enfraquece a sua capacidade de reacção aos ataques a esses mesmos direitos e as torna vulneráveis às pressões em nome do relativismo cultural. Ao ver coisas destas lembro-me sempre de um filme pateta sobre extra-terrestres em que uns hippies sobem ao topo de um prédio para acolher entusiasticamente os amigos de outro planeta e partilhar com eles o amor intergaláctico e são os primeiros a ser pulverizados pelos invasores.
1 comentário:
Patético. Verdadeiramente patético. E perigoso.
Perigoso na forma simplista e demagógica como equipara o mundo democrático às ditaduras islâmicas e às organizações terroristas.
Perigoso porque desdenha as liberdades civis e políticas de que gozamos e nos coloca a par de sociedades em que estas não só não são toleradas como são efectivamente combatidas.
Perigoso no modo como contrapõe Bin Laden a George Bush, dando a entender que o ex-líder da maior (e das mais escrutinadas) democracia do mundo é o equivalente ao orquestrador dos atentados terroristas mais brutais dos últimos anos.
Perigoso porque escamoteia o facto de que a democracia não é uma panaceia, é um modo de organização política, e a apresenta como a solução milagrosa para todos os males. Não basta dizer que se quer democracia, é preciso saber que democracia se quer, quem a quer e para quê. Veja-se o caso da FIS na Argélia e o que se vem passando na Turquia.
Perigoso porque demoniza os políticos em nome de um basismo infantilizante, difuso e sem rosto.
Por último, perigoso porque, ao trivializar os direitos adquiridos pelas nossas sociedades ocidentais, enfraquece a sua capacidade de reacção aos ataques a esses mesmos direitos e as torna vulneráveis às pressões em nome do relativismo cultural.
Ao ver coisas destas lembro-me sempre de um filme pateta sobre extra-terrestres em que uns hippies sobem ao topo de um prédio para acolher entusiasticamente os amigos de outro planeta e partilhar com eles o amor intergaláctico e são os primeiros a ser pulverizados pelos invasores.
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