Gosto muito de andar de comboio. Gosto do cheiro, de sentir o embalo da carruagem, de ver a terra a passar, do escuro dos túneis, da nesga de ar que entra por cima da janela - agora já não se abrem, é pena. Gosto de me levantar e sentir a vibração enquanto caminho pela carruagem, gosto de abrir a porta do vagão e estar uns segundos naquele bocadinho de metal que a une à seguinte até abrir a outra porta e voltar a sentir o chão mais firme debaixo dos pés.
Hoje voltei do Porto a Lisboa no alfa pendular, cheia de ideias e trabalho a acabar. Abro o computador, começo a corrigir documentos, a encontrar soluções para problemas, a escrever, decidir, quando de repente puf, fica sem bateria, bloqueia-me todos os documentos word abertos e avisa-me da urgência de uma tomada de electricidade.
Tinham-me dito que uma das vantagens dos novos comboios era as fontes de electricidade pelas carruagens, levanto-me e começo a procurar no meu lugar, no chão, no lugar dos vizinhos. Vejo um tipo cheio de gadgets electrónicos e penso que me possa ajudar - diz-me que acha que é só na primeira classe. Não me dou por vencida, pego nas minhas coisas e rumo ao bar, aí de certeza que me vão encontrar solução.
Passo as várias carruagens, balanço-me entre as cadeiras com a mochila do computador e a carteira a tiracolo. O homem do bar tem um ar aborrecido, ofereço-lhe o meu melhor sorriso, pode ser que ajude - mas não. Tomadas só mesmo na primeira classe, se precisar muito há uma ao fim daquela carruagem, ao lado da casa de banho, mas não tem condições para trabalhar. E fumar um cigarro, será que posso? Na última carruagem, diz-me. Ah, naquela direcção? Não menina, responde com ar enfadado, se o comboio vai naquela direcção a última é no sentido oposto. Desolada, em vez de um copinho de vinho branco peço uma garrafa de água e uma barra de chocolate e regresso ao meu lugar.
Olho bem para o papel dos horários da cp e descubro uma coisa espantosa:
Hoje voltei do Porto a Lisboa no alfa pendular, cheia de ideias e trabalho a acabar. Abro o computador, começo a corrigir documentos, a encontrar soluções para problemas, a escrever, decidir, quando de repente puf, fica sem bateria, bloqueia-me todos os documentos word abertos e avisa-me da urgência de uma tomada de electricidade.
Tinham-me dito que uma das vantagens dos novos comboios era as fontes de electricidade pelas carruagens, levanto-me e começo a procurar no meu lugar, no chão, no lugar dos vizinhos. Vejo um tipo cheio de gadgets electrónicos e penso que me possa ajudar - diz-me que acha que é só na primeira classe. Não me dou por vencida, pego nas minhas coisas e rumo ao bar, aí de certeza que me vão encontrar solução.
Passo as várias carruagens, balanço-me entre as cadeiras com a mochila do computador e a carteira a tiracolo. O homem do bar tem um ar aborrecido, ofereço-lhe o meu melhor sorriso, pode ser que ajude - mas não. Tomadas só mesmo na primeira classe, se precisar muito há uma ao fim daquela carruagem, ao lado da casa de banho, mas não tem condições para trabalhar. E fumar um cigarro, será que posso? Na última carruagem, diz-me. Ah, naquela direcção? Não menina, responde com ar enfadado, se o comboio vai naquela direcção a última é no sentido oposto. Desolada, em vez de um copinho de vinho branco peço uma garrafa de água e uma barra de chocolate e regresso ao meu lugar.
Olho bem para o papel dos horários da cp e descubro uma coisa espantosa:
Na classe Conforto (vulgo 1ª), há tomadas para pc e telemóveis no lugar, na Turística (vulgo 2ª) lugares e WC para deficientes. Penso que devo ter lido mal, decido olhar para a versão em inglês.
Não me restam dúvidas. Na 2ª classe o único privilégio são as casas de banho para deficientes. Ao menos não fico com claustrofobia enquanto faço um chichi, apesar do sobresalto quando o líquido amarelo desaparece em poucos segundos pelo buraco da retrete estar garantido.
Depois do frissom do vácuo, penso nas pessoas de mobilidade limitada. Se eu andar de cadeira de rodas, não posso ir em Conforto?
Depois do frissom do vácuo, penso nas pessoas de mobilidade limitada. Se eu andar de cadeira de rodas, não posso ir em Conforto?
2 comentários:
Peço desculpa pela correcção menina, mas todas as carruagens de 2ª classe tem um lugar com tomada, sei que é só um, mas tem. Eu, compro sempre bilhete para esse lugar. Agora, vai ser preciso pedir com muito jeitinho... visto a menina não conhecer este segredo, acredito que haja muita gente que não o conheça e não quero publicar um tesouro destes assim no ar sem mais nem coisa e nove ou oito e tal. Tá bem! é o lugar sozinho na parte de traz da carruagem quem vem do porto ou na parte da frente quando vai para o porto...
Dang!
Agora vou ter de começar a comprar o bilhete com um mês de antecedencia...
por acaso ainda pensei pedir lugar com tomada na bilheteira, mas depois varreu-se-me. Afinal tinha valido a pena, ainda para mais o senhor dos bilhetes era mais permeável aos sorrisos que o do bar.
Fica a dica, obrigado!! E a diana não está esquecida, que bem falta faz. Afinal o blog ainda serve para alguma coisa...
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