13 outubro 2007

A Trilogia dos Dragões

imagem aqui

Nunca fui à China. Quando era pequeno, havia casas aqui. Aqui era o bairro chinês. Se esgravatares o chão com as unhas encontrarás água e óleo de motor. Se escavares mais fundo, é provável que encontres pedaços de porcelana e de jade e as fundações das famílias chinesas que ali viveram. Se cavares ainda mais fundo, chegarás à China.

Voltei para casa em silêncio, muda, queda, vazia.

Pensei: ‘e agora o que é que eu faço? Posto ou não posto? O que é que eu vou dizer se não me chegam as palavras? Se só tenho dentro de mim imagens e emoções?’ Invadida por aquela mesma sensação quando se acaba um livro extraordinário e se pensa: 'este livro nunca deveria ter acabado, esta última página é um acto de traição'. Uma traição do escritor para com o leitor, que nos deixa, depois, à nossa mercê, abandonados à nossa sorte. Orfãos. Literalmente orfãos.

Hoje, Robert Lepage e a sua companhia Ex-Machina deixaram-me assim: das 16h às 22h (intervalada 3 vezes) assisti àquela que considero A experiência de teatro da minha vida. Trata-se da sua peça seminal, La Trilogie des Dragons. Em cena, pela ÚLTIMA vez, aqui, em Portugal.

No CCB, amanhã, dias 16 e 17 ainda é possível ver este colosso.

Depois não digam que não avisei.
(agora vou digerir o resto)

1 comentário:

choco disse...

Sem duvida uma obra que te cativou e encantou..quem me dera poder estar aí para ve-la....