23 abril 2008

A partida

Desde pequena tinha o sonho de ser médica para cuidar do meu avô e de ser professora em África. Tive muitos mais sonhos ao longo da vida mas este são os que recordo melhor. Em 1999 começou a tornar-se mais forte o desejo de sair de Portugal, que é um país que eu amo, é o meu país; tinha desejos de conhecer outras culturas e sabia que queria ir já não para África, mas para a América Latina, vá-se lá saber porquê. Nunca me preocupei muito em explicar racionalmente os meus desejos ou sonhos, aprendi a confiar no meu coração e na minha intuição. Resolvi então inscrever-me como Voluntária das Nações Unidas e depois de um longo processo e de muita perseverança, no final de Novembro disseram-me que havia uma missão e que partiria dentro de um mês. No dia 6 de Janeiro do ano 2000 cheguei à Colômbia para trabalhar no ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados). Apesar das imensas saudades dos meus amigos e amigas, da minha família e do meu país, os anos que se seguiram foram dos melhores da minha vida. Seis anos é muito tempo na vida de uma pessoa e muita água correu nas minhas pontes, conhecer um pais com uma realidade tão diferente da nossa, a guerra e as suas vitimas, os amigos e amigas que conheci fizeram-me uma pessoa muito diferente daquela que embarcou no aeroporto da Portela. Quando parti tinha uma ideia muito mitificada e até preconceituosa daquilo a que chamamos (mal) os países do terceiro mundo, não fazia a mínima ideia do que eram direitos humanos e muito menos do tipo de trabalho que me esperava lá.
Para que conheçam as minhas primeiras impressões da Colômbia, nos próximos dias postarei alguns excertos das cartas que escrevi nos dois primeiros anos aos amigos e amigas e onde contava as minhas experiências e vivências nesse meu segundo país.

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