Tinha esboçado um post que começava assim:”Queria ser outra, queria ser uma delas, daquelas que são felizes. Gostava de saber que há dias em que elas se sentem, pelo menos, como eu.” Retomando-o, achei que hoje já não fazia sentido porque todas as mulheres são como eu ou eu sou como todas elas.
É que as mulheres padecem, verdadeiramente, de personalidade múltipla. Tem dias, meses ou mesmo anos em que se é mais disto, outros mais daquilo, mas a fórmula é uma imensa mistura entre sentimentos contrários e por vezes até contraditórios, de paixões, interesses, desejos, deveres, forças e fraquezas. Por isso o nosso universo é complexo, misterioso, insondável, às vezes indecifrável até para as próprias. E por isso é que nunca ninguém pode saber o que vai na cabeça de uma mulher e o Freud era um idiota.
Talvez os homens também sofram deste bem-mal. Alguns, pelo menos. Os bons, aqueles que são completos, preocupados, que se dão por inteiro.
Esta constatação não será, com certeza, uma novidade para o mundo mas foi para mim. Só a percebi quando duas das pessoas que mais amo me contaram um segredo, cada qual o seu. Pensei neles durante muito tempo, interiorizei-os, assumi-os, comparei-os. De maneiras diferentes, sofri com eles e por eles.
Percebi que há coisas que ninguém diz, que ninguém confessa, que são segredo e um segredo não se conta. Afinal, não sou assim tão maluca ou desajustada. Sou apenas uma mulher que, sem segredos para si própria, sabe o que pensa e se atreve a pensar no que sente. Sou uma mulher que gostava de viver sempre a verdade. As outras também são assim. Só que eu não sei o que elas sentem. Só que elas não dizem o que pensam. É que elas também têm segredos e os segredos não se contam. São secretos. E a verdade também é um segredo. Um dia contaram-me um segredo. Salvaram-me da loucura.
É que as mulheres padecem, verdadeiramente, de personalidade múltipla. Tem dias, meses ou mesmo anos em que se é mais disto, outros mais daquilo, mas a fórmula é uma imensa mistura entre sentimentos contrários e por vezes até contraditórios, de paixões, interesses, desejos, deveres, forças e fraquezas. Por isso o nosso universo é complexo, misterioso, insondável, às vezes indecifrável até para as próprias. E por isso é que nunca ninguém pode saber o que vai na cabeça de uma mulher e o Freud era um idiota.
Talvez os homens também sofram deste bem-mal. Alguns, pelo menos. Os bons, aqueles que são completos, preocupados, que se dão por inteiro.
Esta constatação não será, com certeza, uma novidade para o mundo mas foi para mim. Só a percebi quando duas das pessoas que mais amo me contaram um segredo, cada qual o seu. Pensei neles durante muito tempo, interiorizei-os, assumi-os, comparei-os. De maneiras diferentes, sofri com eles e por eles.
Percebi que há coisas que ninguém diz, que ninguém confessa, que são segredo e um segredo não se conta. Afinal, não sou assim tão maluca ou desajustada. Sou apenas uma mulher que, sem segredos para si própria, sabe o que pensa e se atreve a pensar no que sente. Sou uma mulher que gostava de viver sempre a verdade. As outras também são assim. Só que eu não sei o que elas sentem. Só que elas não dizem o que pensam. É que elas também têm segredos e os segredos não se contam. São secretos. E a verdade também é um segredo. Um dia contaram-me um segredo. Salvaram-me da loucura.
11 comentários:
terei sido eu a escrever isto?
eu também fiquei na dúvida se fui eu...
tem graça que eu de há uns tempos para cá também tenho aqui descoberto uma voz nova. e essa voz que é nova, que é novidade, que eu desconheço, de uma das poucas múltiplas que não devo conhecer ( e as quais massacrei tanto tempo com tentativas de adivinhação), tem-me operado um saboroso efeito de reconhecimento. é este efeito de relação com algo que desconheço mas me ajuda a reconhecer mundos exteriores ao meu pensamento, que ainda me prende aos blogues. obrigado
Forte reflexão, grande lição - os meus cumprimentos, bela múltipla
sete e aflito, eu também estou um pouco confusa...
Bendita personalidade múltiplica.
Foste tu quem escreveu este belo texto e somos já algumas a pensar que o poderíamos ter feito.
há mulheres que sincronizam mentruações, nós as palavras.
Ñão conhecia este blog, mas adorei. Escreves muito bem, com ideias arejadas - mas complexas...
Assim merece a pena "perder" tempo na NET. Gosto de textos com qualidade. É o teu caso. Vou continuar a vir aqui, se me permites. E, já agora, visita-me tu no Sarrabal.blogs.sapo.pt. Fico à espera!
PS. Se não apareceres, paciência. Não deixarei de vir aqui lá por isso...
Parabéns, beijoca!
ainda bem que sincronizamos as nossas múltiplas palavras numa personalidade múltipla! (vamos deixar a sincronização de outras coisas só com a lua, ok?)
jpn, se me conhece ou não é segredo... mas obrigada pelo reconhecimento!!
pirata e sol, obrigada e lá irei fazer uma visita.
Acabo de ler o texto que só porque ainda me lembro do que escrevo tenho a certeza que não fui eu quem o escrevi, apenas pensei no assunto abordado da mesma forma que stá escrito.
Texto perfeito.
Sim, precisamos de reconhecer que ser um pouco louco é sinal de sanidade mental...e disso não tenho dúvidas!...ou estarei assim tão louca :-)
Vou voltando para ler...
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