11 de agosto
Ultimas noticias deste país onde a mais prodigiosa imaginação fica a léguas de distância do real: uma equipa de cientistas da Universidade nacional de Antioquia, que tinham ido para umas veredas catalogar a fauna e a flora da zona estão desaparecidos desde 4ª feira. Nada mais nada menos que 26 investigadores e investigadoras (vamos a não esquecer a equidade de género). Duas hipóteses se apresentam, a primeira e mais banal: será este (mais um) caso de sequestro colectivo? Ou, segunda, ter-se-ão deparado com alguma fantástica e desconhecida planta carnívora, desconhecida até à presente data? Aqui tudo é possível.
A minha companheira Isabel acompanha estes momentos com uma linda canção, pondo o seu ar mais cândido:
Yo soy rebelde
Por que el mundo me ha hecho así
Porque nadie me ha dado nunca amor
Y porque nadie me ha querido nunca oír
Esta agora é o nosso hino. Estamos a afiná-lo e a prepará-lo muito bem, para se tivermos encontros imediatos de terceiro grau, mostrarmos que compreendemos e bem as realidades sociais e emocionais do povo armado. E agora vou trabalhar que tenho de preparar uma comunicação para um seminário na Policia.
15 de Agosto
O seminário da Policia correu bem mas a minha faceta de maria pingona revelou-se uma vez mais. Estavam os policias a cantar o Hino da abnegação (aqui cantam-se todos os hinos no inicio e no final das cerimónias: hino nacional, regional, municipal e se estivermos em coisas organizadas pela policia ou pelo exército, hino de um ou do outro) e então, dizia eu, estavam os policias a cantar o hino da abnegação, que fala do sacrifício que fazem os policias pela sua pátria, do amor que lhe têm, etc, e eu a apertar muito as mãos, para que não se me soltasse a lágrima. À falta de telenovelas, é o que se arranja. Mas já agora, acrescente-se que os policias são um dos grupos mais sacrificados, quer em termos de ataques, quer em termos de sequestros. E quantas vezes já não ouvimos a policia a justificar-se que teve que abandonar uma população porque os guerrilheiros eram muitos e eles poucos e são um dos primeiros alvos! Aliás, aqui é do senso comum que as casas ao lado de esquadras das policia são as mais desvalorizadas e devem ser evitadas, porque a probabilidade de atentados eleva-se exponencialmente. Mas fiquem tranquilos que as esquadras da policia quer em Apartadó quer em Bogotá ficam muito longe dos sítios por onde eu me movo (olhó nariz a crescer...).
Ah, a propósito (de quê?), parece que vão soltar os 26 investigadores. Tinham sido capturados pelo ELN, que afirmaram que desconheciam o que eles estavam ali a fazer e, agora que se esclareceu tudo e se identificaram os ilustres cientistas, a libertação promete ser para breve.
Vou terminar por aqui, pois o tempo anda escasso, prometo em breve mais noticias com um pouco mais de tranquilidade. Muitos, muitos beijos e escrevam-me, apesar de eu agora não ter tempo para escrever. É tão bom receber cartas...
Ultimas noticias deste país onde a mais prodigiosa imaginação fica a léguas de distância do real: uma equipa de cientistas da Universidade nacional de Antioquia, que tinham ido para umas veredas catalogar a fauna e a flora da zona estão desaparecidos desde 4ª feira. Nada mais nada menos que 26 investigadores e investigadoras (vamos a não esquecer a equidade de género). Duas hipóteses se apresentam, a primeira e mais banal: será este (mais um) caso de sequestro colectivo? Ou, segunda, ter-se-ão deparado com alguma fantástica e desconhecida planta carnívora, desconhecida até à presente data? Aqui tudo é possível.
A minha companheira Isabel acompanha estes momentos com uma linda canção, pondo o seu ar mais cândido:
Yo soy rebelde
Por que el mundo me ha hecho así
Porque nadie me ha dado nunca amor
Y porque nadie me ha querido nunca oír
Esta agora é o nosso hino. Estamos a afiná-lo e a prepará-lo muito bem, para se tivermos encontros imediatos de terceiro grau, mostrarmos que compreendemos e bem as realidades sociais e emocionais do povo armado. E agora vou trabalhar que tenho de preparar uma comunicação para um seminário na Policia.
15 de Agosto
O seminário da Policia correu bem mas a minha faceta de maria pingona revelou-se uma vez mais. Estavam os policias a cantar o Hino da abnegação (aqui cantam-se todos os hinos no inicio e no final das cerimónias: hino nacional, regional, municipal e se estivermos em coisas organizadas pela policia ou pelo exército, hino de um ou do outro) e então, dizia eu, estavam os policias a cantar o hino da abnegação, que fala do sacrifício que fazem os policias pela sua pátria, do amor que lhe têm, etc, e eu a apertar muito as mãos, para que não se me soltasse a lágrima. À falta de telenovelas, é o que se arranja. Mas já agora, acrescente-se que os policias são um dos grupos mais sacrificados, quer em termos de ataques, quer em termos de sequestros. E quantas vezes já não ouvimos a policia a justificar-se que teve que abandonar uma população porque os guerrilheiros eram muitos e eles poucos e são um dos primeiros alvos! Aliás, aqui é do senso comum que as casas ao lado de esquadras das policia são as mais desvalorizadas e devem ser evitadas, porque a probabilidade de atentados eleva-se exponencialmente. Mas fiquem tranquilos que as esquadras da policia quer em Apartadó quer em Bogotá ficam muito longe dos sítios por onde eu me movo (olhó nariz a crescer...).
Ah, a propósito (de quê?), parece que vão soltar os 26 investigadores. Tinham sido capturados pelo ELN, que afirmaram que desconheciam o que eles estavam ali a fazer e, agora que se esclareceu tudo e se identificaram os ilustres cientistas, a libertação promete ser para breve.
Vou terminar por aqui, pois o tempo anda escasso, prometo em breve mais noticias com um pouco mais de tranquilidade. Muitos, muitos beijos e escrevam-me, apesar de eu agora não ter tempo para escrever. É tão bom receber cartas...
1 comentário:
gosto tanto de reler as tuas circulares.
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