14 abril 2008

Poema para uma segunda-feira

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.

Morre lentamente quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Morre lentamente...
de Pablo Neruda ou Martha Medeiros, não sei!

4 comentários:

nove e tal disse...

Muito bonito este poema para 2ª feira. deu-me logo um pretexto para quebrar a rotina e ir de táxi para o trabalho em vez de ir a pé, as usual. obrigada, oito! ;)

p.s. Pablo Neruda é o autor deste poema

zamot disse...

Bonito! Muito obrigado!

euexisto disse...

bonito, bonito, bonito. já me senti a morrer aos poucos também.

Anónimo disse...

Muito interessante mesmo o poema...