A democracia é fodida. É-o, pronto. Temos que aprender a gerir-nos enquanto sociedade e enquanto indivíduos com a maldita liberdade do outro a não estar de acordo comigo. Antes parecia ser mais fácil, era-se contra a ditadura, era-se a favor da ditadura. Era-se de direita ou era-se de esquerda. Agora cada vez é mais difícil. Tem-se de pensar nas especificidades de cada grupo que tem direito a ser representado, ele é os direitos das mulheres, os dos afrodescendentes, os dos imigrantes, os dos ciganos, os do LGBT, etc, etc. Cada um destes grupos tem necessidades e reivindicações próprias e a grande maioria das vezes não coincidem com os demais. E é ainda mais difícil fazer e praticar a democracia quando nas nossas cabeças continua a estar presente a ideia de que temos que funcionar como um bloco, que as grandes revoluções se fazem quando toda a gente pensa da mesma maneira e tem as mesmas ideias, assim é que é bonito e assim é que deve ser.
Iris Young, autora de um artigo intitulado Cidadania Universal, defende que nos nossos actuais e complexos sistemas democráticos, teremos de passar das coligações tradicionais, onde cada grupo/movimento/partido trabalha conjuntamente para a defesa dos seus interesses conjuntos, não deixando sair à luz pública as suas diferenças de opiniões e interesses, para coligações “arco-íris”, onde cada um dos grupos integrantes do sistema e da discussão democrática afirma também a especificidade da sua experiência e perspectiva sobre os assuntos sociais em discussão.
Neste blog aparece também este dilema. Aparece uma situação em que inevitavelmente, porque somos mulheres pensantes temos as nossas opiniões, as nossas certezas e/ou dúvidas sobre o assunto do referendo, começamos a escrever sobre o assunto, postamos, discutimos, entramos em debate umas com as outras. Divergimos, convergimos, voltamos a divergir. Umas acham que devemos ter uma só opinião, outras defendem o direito à não posição pública, algumas têm certezas, outras dúvidas.
Iris Young, autora de um artigo intitulado Cidadania Universal, defende que nos nossos actuais e complexos sistemas democráticos, teremos de passar das coligações tradicionais, onde cada grupo/movimento/partido trabalha conjuntamente para a defesa dos seus interesses conjuntos, não deixando sair à luz pública as suas diferenças de opiniões e interesses, para coligações “arco-íris”, onde cada um dos grupos integrantes do sistema e da discussão democrática afirma também a especificidade da sua experiência e perspectiva sobre os assuntos sociais em discussão.
Neste blog aparece também este dilema. Aparece uma situação em que inevitavelmente, porque somos mulheres pensantes temos as nossas opiniões, as nossas certezas e/ou dúvidas sobre o assunto do referendo, começamos a escrever sobre o assunto, postamos, discutimos, entramos em debate umas com as outras. Divergimos, convergimos, voltamos a divergir. Umas acham que devemos ter uma só opinião, outras defendem o direito à não posição pública, algumas têm certezas, outras dúvidas.
Neste microcosmos do Oito e Coisa, sem que isto seja explícito, podemos dizer que se fossemos um grupo ou um movimento seriamos mais para o tipo de coligação arco-íris. Mas não somos, somos sim um grupo de amigas que resolveu fazer um blog para arrotar umas posta de pescada, pargos e salmonetes e onde cada uma se sente livre para expor as suas coisas e aguenta com as loisas que lhe caem em cima nas caixas de comentários.
Neste assunto, só numa coisa estamos de acordo, todas as múltiplas vamos votar SIM, nenhuma de nós tem dúvidas.
1 comentário:
O Amor é que é fodido...
A democracia não é nada é fodida, mas vai-se foder não tarda nada.... Pensem nisto: A China vai ser o Pais mais rico do Mundo em 2020. E não é com com democracia que lá vai chegar. Glup, that's scary... A coisa vai fazer escola...
Mas vejam o lado positivo: ninguém tem que ser preocupar com estes dilemas amorosó-democraticó-existenciais que nos atormentam nos dias que correm, como o aborto, crianças com demasiados Pais, homens carentes e abandonados,...etc. Essas coisas para mim ocupam-me para aí 80% do cérebro e 90% dos dias, o que é demasiado... Para tudo haverá uma solução já devidamente empacotada e definitiva.
E posso bem confirmá-lo com as conversas de almoço com o meu colega Chinês. A todas essas questões essenciais ele responde com uma cara de desdém condescendente ("coitados, estes gajos preocupam-se com coisas do arco da velha...").
A nossa vida vai ficar mais simples com os Chineses...
Em suma, a democracia vai-se foder mas o Amor em geral ficará menos fodido... Venham os Chineses... e depressa...
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