A raiva que lhe preenchia as noites.
A raiva que corria nas suas veias.
A raiva que lhe rasgava a pele.
A raiva de golpes desferidos pela memória que não falhava nunca.
A raiva que sempre cedia às lembranças da luz.
A raiva contra a luz que não morria.
A raiva, muita raiva, tanta raiva que era impossível não consentir.
A raiva, essa raiva, aquela raiva, muita raiva, tanta raiva suprimiu-se à custa de tanta raiva.
Raiva por ela, raiva por ele, raiva pela raiva, muita raiva, tanta raiva.
Até não sobrar mais nada, até às palavras perderem o sentido à custa de serem lidas até à exaustão.
Até não haver mais nada, senão ela.
Sem raiva.
3 comentários:
e finalmente dormiu em paz.
(de certeza)
isso é que era bom...
Quando é assim, oito e coisa, eu faço ginástica. Levanto pesos, arfo, sopro, desfaço-me, até que a raiva, essa, escorra por mim abaixo com os pigos do meu suor. Depois - ah! depois - deixo-a escorrer para o ralo, para o cano de esgoto, lavada pela água de um um duche retemperador. E quando, por fim, saio do balneáreo o dia começa de novo e não, não foi ela que me venceu. Fui eu que venci a raiva.
Talvez faça algum sentido.
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