04 maio 2009

Sou uma ovelha

e fui atrás do rebanho.
Facebook era a paragem. Um perfil aqui, uma fotografia ali, a excitação de descobrir pessoas conhecidas. A rede compõe-se. Atrás do manel vem o francisco, uma pessoa distante que vi três ou quatro vezes, uma noite na calçada da bica, um encontro fortuito não sei onde. O francisco é meu amigo, diz o facebook e eu quase acredito. Vou pondo fotografias de pessoas próximas que também estão lá, os meus amigos podem ver isso e tudo o que me dê na gana plantar ali. Há quem ponha videos, há quem diga que está a coçar a barriga e a olhar para a parede, há quem preencha quizzes para saber que personagem de livro é, que música ou animal seria, que personagem de série lhe caberia na pele, há quem troque mensagens intelectuais e quem troque piropos, há convites para exposições festas e concertos, há quem seja amigo de escritores que coitados nunca entraram no facebook e nem sabem o que por lá se passa, há quem reencontre amigos de infância e antigos amores, há quem photoshope fotografias em que aparece melhorado e suspire por uma versão real que apague as imperfeições que carregamos.
Decidi sair do facebook no dia em que percebi que tinha 40 amigos. Quarenta? Eu que me dou sempre aos suspeitos do costume, eu que não tenho paciência nem talento para fazer conversa, eu que tenho um limiar muito baixo de resistência ao aborrecimento. Eu com quarenta amigos que podiam ver o que eu ali plantasse, que podiam ver os nomes de quem estava na minha lista, que podiam espreitar as fotografias que ali pendurei? Decidi sair do facebook no dia em que uma pessoa que eu nunca vi mais gorda na vida me mandou um convite (a mariazinha quer ser sua amiga), a mariazinha que eu não conheço de lado nenhum e que tem 900 (novecentos!) amigos na sua lista.
Sou uma ovelha tresmalhada e sem amigos. Sobreviverei a tanta solidão?

9 comentários:

JR disse...

Não sou tua amiga.
Mas posso ser tua fã?....

gerou-se a confusão natural disse...

Promete...
Querida, estou fartinha de me colocar essas mesmas questões eu, que sempre me mantive adepta do lema poucos mas bons no que concerne a amigos. A verdade é que nesse mesmo "lugar" tive já a surpresa de ser procurada por uma grande amiga de outrora de quem havia perdido o rasto. E depois, tem graça confirmar que, se fosse uma personagem de animação seria exactamente aquela que a minha filha tinha sugerido.
Ao mesmo tempo, é assustadora a forma como nos expomos a quem nos desconhece e a necessidade que temos de o fazer.

8 e coisa 9 e tal disse...

JR, temos o grato prazer de anunciar que é a sócia nº 1 do Clube de Fãs da Oito e Coisa, cujo lema é 'pague uma, leve mais que muitas'.
querida confusão natural, eu sei isso tudo, o milagre virtual dos reencontros, a surpresas no caminho. Ainda assim, prefiro a burka da minha impaciência pela exposição impúdica.

perde-se 1 ganham-se 100 disse...

coragem... para quê um facebook quando se tem um blog?

cdgabinete disse...

tb nao me dou com facebook.... estas modernices cibernauticas!

António Soares disse...

Mais um para os anti Facebook!

não resistiu ao wiski disse...

Na verdade eu sempre embirrei com o facebook.
E tenho sempre esta dúvida: para que raio quero eu encontrar uma pessoas que perdi de vista à mil anos atrás? se nos deixamos de dar foi por alguma razão, ou não.....a paranóia do contacto e da colecção de pessoas deixa-me um bocado....impaciente....vá lá!

se eu mantivesse o contacto de todas as pessoas que me passaram pela vida estava bem lixada, não tinha nem tempo para dormir, trabalhar,ir ao supermercado, ir á casa de banho etc...e tal

Viva a selecção natural dos encontros e reencontros da vida!

VIVA! VIVA! VIVA!

binary solo disse...

é em tudo um novo mundo que se levanta. veja-se aqui o cartoon:

http://ermidas.blogspot.com/2009/05/o-novo-mundo-que-se-levanta.html

que explica bem os dias que passamos

sete e pico disse...

pois eu gosto do facebook para lá ir de vez em quando saber como a vai a vida daquelas pessoas qu gosto mas com quem nem sempre mantenho contacto e para ver fotografias. Quanto a convites de pessoas que querem ser minhas "amigas", ignoro-os simplesmente. Sou uma ovelha comum e corrente.