26 setembro 2006

Nem é por mim

Eu já tive a tua idade e sei o que é estar apaixonada, se calhar agora já não se nota mas o teu pai quando era novo fazia virar muitas cabeças, não que eu lhe ficasse atrás, que quando casei pesava 46 quilos, era uma rapariga bem jeitosa.

Bom, mas isto para dizer que te entendo, estar apaixonada, querer casar e ter filhos, Deus sabe que a única coisa que eu desejo é que tu sejas feliz. Mas tinha de ser logo com o Marco? Não vês que ele é mesmo diferente de nós? Está-se mesmo a ver como é que isso vai acabar. Podias namorar só, assim vias como era, esperas um bocado e vais ver que passa.

Pois é filha, tu farás como entenderes. Eu nem sou preconceituosa nem nada, por exemplo o teu amigo Ricardo sempre foi muito bem recebido cá em casa, tal como todos os outros, nunca o tratei de maneira diferente por causa da cor da pele dele e da sua religião (só me tinha de lembrar que para além das sanduiches de fiambre tinha de fazer uma boa quantidade das de queijo, que lá o deus ou o profeta ou lá o que é não os deixa comer porco, vá-se lá saber porquê, com o bom que é e o económico que fica, mas enfim).

É que não consigo compreender como é que pensas que vais ser feliz, com toda a gente a olhar para vocês, se tiverem filhos vai ser uma desgraça.

O teu pai, que tem um óptimo emprego no banco, até está à espera de ter aquela promoção até ao fim do ano, e está a fazer um grande trabalho lá na junta de freguesia. Achas mesmo que depois disto as pessoas vão querer votar nele para presidente? É o votas, se ele nem consegue pôr ordem em casa como é que se pode esperar que ponha ordem na freguesia?

Isto tudo para te dizer, que a vida é tua, e que se a queres atirar pelo cano do esgoto farás como entenderes, eu sou tua mãe e estarei sempre aqui para te apoiar. Mas olha, se não o fazes por mim ao menos pensa na tua avó, o que é que tu achas que a tua avó vai dizer? Dás-lhe um bisnetinho de cor e achas que ela fica contente? Achas que ela vai aceitar isso? Ai, se o teu avô fosse vivo ainda era bem capaz de te dar um par de galhetas.

Oh filha, mas porque é que não podes ser como a tua irmã, que casou com o Manel, que tem um bom emprego lá naquela empresa de computadores, os pais dele são aquilo que nós sabemos, e o irmão, o Pedro, até andou metido na droga e tudo, valha-nos santa eufigénia as dores de cabeça que ele deu à família, mas ele é um rapaz como deve ser, educado, trata bem a tua irmã e vem sempre visitar-nos ao domingo com ela. Achas mesmo que o Marco fazia a mesma coisa? Ele deve querer é estar com os da raça dele e levar-te para essas coisas, comidas esquisitas e assim.
E o que é que os outros vão pensar, minha nossa senhora? Os vizinhos, a família, os companheiros de trabalho do teu pai, as minhas amigas? Já pensaste no que nos vais fazer a todos nós? É que não é só a tua vida, é também a nossa. Mas tu nisto não pensaste, pois não?

2 comentários:

8 e coisa 9 e tal disse...

1. Não há que distinguir as multiplicidades que aqui aparecem. Leia se lhe apetecer, comente se tiver alguma coisa para dizer. Se não, distinguir-nos ou coleccionar-nos é perfeitamente inutil.

2. Se conhece a doutrina, sabe que apenas há perdão com profundo arrependimento. Logo, não entendo muito bem porque havemos de desculpar a sua "fala de carroceiro mesmo". O que haveria a desculpar seria a presunção de controle de qualidade, mas como essa parece estar de pedra e cal, não há mesmo nada a fazer. Seja. O pirata é assim, e nós continuaremos assado.

3. Nem chego a entender qual era o comentário que queria deixar aqui. Se acha que a posta é uma bosta ou não. Se calhar seria bom ter deixado claro.

Para o caso de ter achado uma bosta, posta. Para o caso de não, pois então.

(é a rima possível. Eu por acaso acho-lhe uma graça que trespassa)

8 e coisa 9 e tal disse...

pirata dixit:
"mas o fraseado em 1. 2. e 3. é vão e mostra que não lê (lêem?!) ou não dá (dão) seguimento ao que se escreve e comenta neste espaço d'acasos, desconjuntado de todo e de pedra e cal arquitectado."


ó caro pirata, como quer que dê seguimento a frases como "e ainda dizem que não há que distinguir as multiplicidades que pr'aqui aparecem... "???!!!

com a resposta nº1, atirei-lhe eu. Pois que não, que não o sei ler, que sou analfabeta funcional.

Não, não percebi. sim, foi imbricado demais.

(somos umas arquitectas e pêras, se conseguimos manter de pé um espaço desconjuntado de todo, apesar de pedra e cal ser feito. Irra, que isto já merecia um Valmorzito)