11 setembro 2006

Agora só me resta sonhar

Enquanto meditava sobre as dores inventadas e as reais, uma amiga telefonou-me com uma excelente panaceia: um convite para o concerto da Marisa Monte.
Fomos cedo e aproveitámos para pôr a conversa em dia enquanto víamos o coliseu encher-se de pessoas.
Em vários sítios havia cartazes a anunciar a proibição de captação de imagens durante o concerto, tal como no bilhete. No entanto, mal começou o espectáculo e mesmo durante a primeira música tocada na total escuridão, dezenas de ousados sacaram de máquinas fotográficas e telemóveis e tiravam alegremente "para mais tarde recordar" fotografias com flash. A dada altura até houve um senhor mais audaz que se aventurou pela coxia fora e tirou um close up (será que a Marisa estava pronta?).
Ao contrário do que seria de esperar, e apesar dos aturados avisos, não houve uma alminha da organização e gestão do evento que tomasse providências contra o assunto.
Quando fomos buscar o carro ao parque subterrâneo estávamos todas contentes pensando que nos livraríamos da bicha para sair porque tínhamos a mágica via verde. Nada mais errado; as pessoas desataram a tirar os carros mais rápido do que se tivesse sido accionado o alarme de incêndio, e como era necessário dar a volta ao bilhar grande para cumprir a ordem de saída, a maioria teve a esperteza saloia de passar no meio dos buracos deixados pelos carros que já tinham saído para passar à frente de tontas como nós que decidimos esperar pacientemente pela nossa vez, o que nos custou mais de 30 minutos da nossa vida dentro de uma garagem a tresandar a dióxido de carbono.
É certo que as pessoas deitam menos lixo para o chão, e que quase não se vê gente a cuspir para os passeios. Mas lá que continuo a ter de fazer slalom entre as cacas dos cães pela minha rua e a ter de impôr a minha presença numa bicha para não ser ultrapassada pelo "distraído" que não tinha percebido que havia uma ordem de chegada, continuo.
E é por estas e por outras que me enervo com os meus conterrâneos. Porque a vida seria melhor para todos se se fosse mais cívico, e se se cumprissem as normas impostas simplesmente por isso e não pelo medo das represálias. Pelo respeito pelos outros, que é também respeito pelo próprio.
Tirando isso, o concerto da Marisa Monte foi bestial, incluindo a gaiola ecologicamente correcta - uma intervenção artística com dois cubos encarnados que flutuavam à custa de uma corrente de ar numa bonita gaiola de metal, e que acompanhou o samba "meu canário". Umas horas de prazer.

2 comentários:

Anónimo disse...

Também lá tiveste? eu também e achei fantastico o concerto, é uma artista com H grande... ;)

e para evitar bichas, nada melhor que estacionar na rua dos fanqueiros, não se paga nada e ainda se dá um passeiozinho depois do espectaculo..

Anónimo disse...

é o que estou sempre a dizer:

um concerto.

um "um bem que se quis".

Encantamo-nos ao som de uma tal "Dança da Solidão".

No fim só restou gritar " Não vá embora...

Mas foi......:D