23 setembro 2006

Partidas e chegadas

Dormimos abraçados, tu virado para cima, eu com a cabeça no teu ombro direito, o braço por cima do tronco agarrando-te do outro lado, uma perna esticada e a outra por cima das tuas. De vez em quando acordávamos com um membro dormente e mudávamos de posição. Eu de costas, tu abraçavas-me por trás, eu agarrava nas tuas mãos à frente da minha barriga. Ou tu de costas, eu abraçava-te pela cintura e colava o corpo ao teu; as minhas maminhas nas tuas costelas, o meu sexo no teu rabo, as minhas pernas a acompanharem as tuas. Ou de lado frente a frente, eu agarrada ao teu tronco, tu abraçando-me a cintura com o teu braço enorme, a mão aberta que me cobre a largura das costas. Os beijos, os sorrisos.
Deixei-te no aeroporto. Voltas para casa, volto para casa. Vejo-te passar no controlo de bagagens, ficamos a olhar um para o outro através do vidro muito tempo. Sorrio-te, pensando que àquela distância não podes ver as lágrimas que me escorrem pela cara. Sabes que as lágrimas estão lá, sei que as tuas também. Mas sorrimos.
Pago o parque, tiro o carro do estacionamento, acendo um cigarro. Venho-me embora com a sensação de ter uma pedrinha encastrada no ventrículo esquerdo.

5 comentários:

nove e tal disse...

:(

Anónimo disse...

sniffff

Anónimo disse...

essas pedrinhas são lixadas mas também raríssimas de encontrar por isso parece-me que valem sempre a pena...

e agora para ao senhor pirata: see, but that's exactly the beauty of it all..

8 e coisa 9 e tal disse...

Esse final não respeitaria o tom do sentimento. A tristeza não é muito erógena, logo teria alguma dificuldade em gozar de um orgasmo no aeroporto da portela. Vou ver se me sai uma posta mais pró brejeiro, mas sempre (e como bem disse o pirata num outro comment) sempre em jeito irreverente mas bem comportadinho...

JPN disse...

Porque é que quando lemos uma coisa assim ficamos com vontade de dar um abraço muito forte à primeira oito e coisa a quem atribuimos a autoria do texto?