18 outubro 2006

Para ti

Queria lembrar-me de ti e começo pelas tuas mãos, pelo tamanho, pela cor, pelo peso da tua mão quando me tocava. Às vezes ando na rua e descubro-te onde não estás, onde não podes estar, o mesmo andar decidido e leve, uma cor de cabelo ao longe, o som dos passos. Outras vezes caminho e sinto que me dás a mão e tudo está bem outra vez, já não estou sozinha, vais finalmente conhecer tudo o que se passou em mim entretanto, como se não se tivessem passado todos estes anos.

Mas nada pode acontecer, porque houve o dia em que morreste.

Há dias apareceste-me à noite. Estavas feliz, sabias que tinhas estado morta durante anos, ias montar uma casa para viver. Eu disse-te a falta que me fazes, as saudades tantas que tenho. Tu abraçaste-me. E eu acordei com a sensação de que alguma coisa deixou de estar partida.

4 comentários:

dizia ela baixinho disse...

lindo.
pena que a sensação não perdure... (digo eu).

8 e coisa 9 e tal disse...

E dizes bem, dizia ela baixinho.
É uma reconciliação interior momentânea. Mas é melhor do que a perda absoluta.

Anónimo disse...

(suspiro)

Anónimo disse...

:( Há mortes bem perto de nós que não passam nunca, não é?