Queria lembrar-me de ti e começo pelas tuas mãos, pelo tamanho, pela cor, pelo peso da tua mão quando me tocava. Às vezes ando na rua e descubro-te onde não estás, onde não podes estar, o mesmo andar decidido e leve, uma cor de cabelo ao longe, o som dos passos. Outras vezes caminho e sinto que me dás a mão e tudo está bem outra vez, já não estou sozinha, vais finalmente conhecer tudo o que se passou em mim entretanto, como se não se tivessem passado todos estes anos.
Mas nada pode acontecer, porque houve o dia em que morreste.
Há dias apareceste-me à noite. Estavas feliz, sabias que tinhas estado morta durante anos, ias montar uma casa para viver. Eu disse-te a falta que me fazes, as saudades tantas que tenho. Tu abraçaste-me. E eu acordei com a sensação de que alguma coisa deixou de estar partida.
4 comentários:
lindo.
pena que a sensação não perdure... (digo eu).
E dizes bem, dizia ela baixinho.
É uma reconciliação interior momentânea. Mas é melhor do que a perda absoluta.
(suspiro)
:( Há mortes bem perto de nós que não passam nunca, não é?
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