Eu sei que este meu desabafo perto deste é coisa pouca, de qualquer modo não posso deixar de me manifestar. Eu explico: durante 3 semanas a minha vida foi uma não-vida. Isto é, nada mais fiz do que trabalhar numa rotina que era muito simples: acordar alvoraçada pelo despertador, pensar 'bem que dormia ainda mais umas horas', tomar banho, vestir, bater a porta, trabalhar, trabalhar, trabalhar com um dealine a pesar mais que a excalibur em cima da cabeça.
Durante 3 semanas assim foi, o tal do deadline ocupava todo o espaço da minha mente, da minha vida, do meu tempo. Felizmente, o famigerado dia chegou, o deadline foi cumprido e lá recuperei a minha vida. Pensei então: aaaaaah! agora é que vai ser aproveitar o tempo e a vida que me foram devolvidos! Nessa mesma noite fui sair, assisti um qualquer espectáculo, jantei fora, bebi uns canecos. No dia a seguir acordei à hora que o meu corpo julgou necessário.
Sábado início de tarde - olho em volta e vejo a casa de pantanas, como já não tinha memória. Deve ser falta de cafeína, vou fazer um café, é isso, não pode estar assim tão mal. Pego na cafeteira que tem uma crosta preta agarrada ao fundo. Ok, toca de a esfregar. O café pinga e eu começo a vislumbrar a dimensão da entropia que se instalou no meu cubiculum vitae: pilhas de jornais espalhados por todo o lado, louça e mais louça por lavar, lixo cheio... Abro o frigorífico e julgo ver um alien lá dentro. Fecho-o horrorizada, mas como preciso do que lá está, resolvo fazer a limpeza necessária. O conteúdo do frigorífico vai na sua grande maioria para o lixo, resolvo atar o saco bem atado, não vá ele ganhar pernas e andar.
Sento-me com o café na mão e olho para o chão: vejo novelos de cotão, migalhas, sapatos por todo o lado, roupa, livros. As minhas probres plantas que olham murchamente para mim. Hummmm... Começo a recolher tudo, a arrumar, a limpar, a lavar...
4 horas depois - a casa está mais ou menos decente, já fiz 3 máquinas de roupa. O tempo colabora, ao menos isso. Agora tenho que ir à compras e adquirir o que me falta, deve haver uma conspiração qualquer, invariavelmente a pasta-de-dentes terminha na mesma altura que o detergente para a louça, assim como o amaciador do cabelo, entre outros. Já para não falar na comida que é inexistente, aprodreceu ou ganhou nova vida. Saio de casa e vou para uma grande superfície. Uau! Programão para um sábado à tarde...
2 horas depois, regresso do hiper. Toca a arrumar tudo. Entretanto, decido tomar banho e descubro que a minha roupa ou está suja, ou por secar ou então - pior! - por passar.
4 horas a passar roupa a ferro. Não existe tarefa mais inglória que esta. Decidi abolir as camisas do meu vestuário.
Faço o jantar e acabo o dia mais exausta que qualquer um dos 21 dias que trabalhei ininterruptamente.
Se a minha vida regressa desta forma, então quero a minha não-vida de volta.
Durante 3 semanas assim foi, o tal do deadline ocupava todo o espaço da minha mente, da minha vida, do meu tempo. Felizmente, o famigerado dia chegou, o deadline foi cumprido e lá recuperei a minha vida. Pensei então: aaaaaah! agora é que vai ser aproveitar o tempo e a vida que me foram devolvidos! Nessa mesma noite fui sair, assisti um qualquer espectáculo, jantei fora, bebi uns canecos. No dia a seguir acordei à hora que o meu corpo julgou necessário.
Sábado início de tarde - olho em volta e vejo a casa de pantanas, como já não tinha memória. Deve ser falta de cafeína, vou fazer um café, é isso, não pode estar assim tão mal. Pego na cafeteira que tem uma crosta preta agarrada ao fundo. Ok, toca de a esfregar. O café pinga e eu começo a vislumbrar a dimensão da entropia que se instalou no meu cubiculum vitae: pilhas de jornais espalhados por todo o lado, louça e mais louça por lavar, lixo cheio... Abro o frigorífico e julgo ver um alien lá dentro. Fecho-o horrorizada, mas como preciso do que lá está, resolvo fazer a limpeza necessária. O conteúdo do frigorífico vai na sua grande maioria para o lixo, resolvo atar o saco bem atado, não vá ele ganhar pernas e andar.
Sento-me com o café na mão e olho para o chão: vejo novelos de cotão, migalhas, sapatos por todo o lado, roupa, livros. As minhas probres plantas que olham murchamente para mim. Hummmm... Começo a recolher tudo, a arrumar, a limpar, a lavar...
4 horas depois - a casa está mais ou menos decente, já fiz 3 máquinas de roupa. O tempo colabora, ao menos isso. Agora tenho que ir à compras e adquirir o que me falta, deve haver uma conspiração qualquer, invariavelmente a pasta-de-dentes terminha na mesma altura que o detergente para a louça, assim como o amaciador do cabelo, entre outros. Já para não falar na comida que é inexistente, aprodreceu ou ganhou nova vida. Saio de casa e vou para uma grande superfície. Uau! Programão para um sábado à tarde...
2 horas depois, regresso do hiper. Toca a arrumar tudo. Entretanto, decido tomar banho e descubro que a minha roupa ou está suja, ou por secar ou então - pior! - por passar.
4 horas a passar roupa a ferro. Não existe tarefa mais inglória que esta. Decidi abolir as camisas do meu vestuário.
Faço o jantar e acabo o dia mais exausta que qualquer um dos 21 dias que trabalhei ininterruptamente.
Se a minha vida regressa desta forma, então quero a minha não-vida de volta.
12 comentários:
Tem graça,no mesmo dia, mesma hora, eu andava a fazer o mesmo.Que pena não nos termos encontrado.
Imagino que deves ser alguém com filhos pequenos, uma vida profissonal exigente, um marido que não mexe uma palha em casa ou uma besta que te abandonou por outra mais nova e que te fazia a vida negra.
Só não percebo o queres dizer com "quero a minha não-vida de volta".
por detrás de uma múltipla de personalidade múltipla, escondem-se várias mulheres: há as casadas, as descasadas, as solteiras e as em via de o deixar de ser. ou o inverso.
altas, baixas, magras, menos magras. louras, morenas, ruivas.
católicas, ateias, agnósticas (não sei se há para aí alguém convertido ao budismo. ou q professe mais do que uma religião).
tb há as de vida profissional exigente, as frilance, as temporariamente desempregadas, as desocupadas.
há as alegres, as melancólicas, as introvertidas e a extrovertidas.
há as que têm filhos, as que não têm filhos, as que não querem ter filhos.
por detrás de uma múltipla existem diversos personagens. dessa diversidade nasce a nossa riqueza.
exercícios de imaginação em relação ao meu retrato-robot, pena, são apenas isso mesmo: puros exercícios. que podem estar certos ou não. posso ser uma de qualquer uma destas mulheres, e se me apetecer recrio-me num novo personagem. capisce?
por último, querer a minha não-vida de volta significava basicamente não ter q fazer por atacado as tarefas domésticas. há todo um mercado para quem se queixa como eu. é começar a por-me em campo e arranjar quem o faça por mim.
nice weekend.
eu sei também o que é isso..:(
mas há uma coisa que me fez espécie.."deve haver uma conspiração qualquer, invariavelmente a pasta-de-dentes terminha na mesma altura que o detergente para a louça" ?
Dará para substituir um pelo outro caso um dia não acabem em simultãneo???
bleargh!!!!
(mas já ouvi falar de um senhor - um SENHOR! - que lavava os dentes com sabão azul e branco). é verdade verdadinha verdadeira. aqui não há um pingo de ficção.
olha oito e coisa, se podes ser uma das qualqueres oito e coisas não sei, o que sei é que esta é uma excelentíssima postada. a compensar bem a não vida que te deu. :)
obrigada joão belo :)
as tuas palavras vêm mesmo a calhar, depois de hoje :
1) ter feito uma ruptura de ligamentos e, par consequence, 15 perna imobilizada e com canadianas (vulgo muletas), entupida de anti-inflamatórios q me vão dar cabo do estômago, yes i know.
2) o meu computador ter dado o seu suspiro final. amanhã regresso à info-exclusão.
isto, sim, é pior q tudo o q escrevi acima. há momentos de sorte, não há?
um abraço
acho muito sexy uma mulher que viste camisa...
exacto, zamot, 'viste' camisa!
pq até à chegada da svetlana não há camisas p ninguém.
tenho dito.
(sexy...?)
Muito bom!
Sugestão até à chegada da Svetlana: só ter leite, café instantâneo, papas cerelac e alguns cereais integrais (para aliviar a consicência do peso dos glúteos); tudo não degradável em menos de 1 ano.
Oito, se precisares de ajuda maila às oito.
um homem que passa camisas a ferro, ora aí está uma coisa muito sexy. Também gosto de ver a cozinhar ou a aspirar a casa, fico logo com os calores que é uma coisa doida. Se os vejo limpar o pó às estantes começo a gemer como uma porta com falta de óleo nas dobradiças.
I do windows... both sides
janelas também me parece bem
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