Sr “inválido”, deixe-me dizer-lhe que apesar de achar o seu raciocínio um pouco excessivo e de não ter entendido muito bem a analogia dos caixotes-lixos, estou inteiramente de acordo com o objectivo do seu apelo espalhado por toda a blogosfera e em particular neste blog, úteros artificiais para os homens que os queiram e desejem, sim, sim , sim, venham eles, era um favor que nos faziam às mulheres. As que quisessem estar grávidas e parir, faziam-no e as que não, não. Para os casais ou para as mulheres que queiram ter filhos e não possam, o útero artificial seria a solução. Da mesma forma, os homens também poderiam escolher ter filhos sem necessitarem de uma mulher para isso e os casais homossexuais que o desejassem veriam muito mais facilitado o seu sonho de ser pais. Para as mulheres possibilitaria que tirássemos de cima o peso da reprodução da espécie e da nossa família e a ideia generalizada de que as mães são mais importante para o cuidado e a educação dos filhos que os pais. Acredito que em muitos milhares de anos a nossa natureza biológica vai desenvolver-se nesse sentido e as nossas biologias vão talvez transformar-se, possibilitando de forma mais intensa a partilha com os companheiros e amigos homens o prazer da estranheza de uma gravidez ou as emoções de um parto.
Mas não me uno à sua campanha por duas razões. Uma, por ser uma céptica e descrente das formas cientifico-tecnológicas de intervir no corpo humano; não sou capaz de pôr um DIU nem uns implantes de dentes que bem faltam me andam a fazer, quanto mais pensar na ideia de útero artificial. A segunda razão é porque eu sou pragmática, uma terra-a-terra, uma quase-conservadora liberal e por enquanto, já ficaria contente se os homens tivessem direito ao mesmo tempo de licença de paternidade que as mulheres, se fossem considerados como parte activa e fundamental no cuidado e educação dos filhos, em igualdade de condições com as mães; que nos seus contextos laborais fossem reconhecidos como pais e não como máquinas produtivas e que pudessem (quisessem e exigissem) usufruir das licenças de apoio à família; que os homens acreditassem nas suas capacidades, responsabilidades e nos seus direitos como pais, sabendo que é estando com os filhos e filhas que se aprende a ser pai, mãe, cuidador/a. Se os homens lutassem mais por estes direitos, daria de bom grado a minha assinatura em qualquer petição que fizessem, e sairia com eles para a rua. Já o pedido de úteros artificiais, apesar de sinceramente reconhecer as bondades que isto trairia à nossa sociedade, não consegue mover-me a força anímica necessária para apoiar esta causa. A minha energia nesta vida e neste corpo é limitada e cada vez mais tento conhecer as minhas motivações, desejos e limitações. No entanto, desejo-lhe muita sorte para o seu apelo sobre os úteros artificiais nos homens e agradeço que me tivesse feito pensar sobre isto, primeiro estranhando, depois entranhando e por último desentranhando-me.
Mas não me uno à sua campanha por duas razões. Uma, por ser uma céptica e descrente das formas cientifico-tecnológicas de intervir no corpo humano; não sou capaz de pôr um DIU nem uns implantes de dentes que bem faltam me andam a fazer, quanto mais pensar na ideia de útero artificial. A segunda razão é porque eu sou pragmática, uma terra-a-terra, uma quase-conservadora liberal e por enquanto, já ficaria contente se os homens tivessem direito ao mesmo tempo de licença de paternidade que as mulheres, se fossem considerados como parte activa e fundamental no cuidado e educação dos filhos, em igualdade de condições com as mães; que nos seus contextos laborais fossem reconhecidos como pais e não como máquinas produtivas e que pudessem (quisessem e exigissem) usufruir das licenças de apoio à família; que os homens acreditassem nas suas capacidades, responsabilidades e nos seus direitos como pais, sabendo que é estando com os filhos e filhas que se aprende a ser pai, mãe, cuidador/a. Se os homens lutassem mais por estes direitos, daria de bom grado a minha assinatura em qualquer petição que fizessem, e sairia com eles para a rua. Já o pedido de úteros artificiais, apesar de sinceramente reconhecer as bondades que isto trairia à nossa sociedade, não consegue mover-me a força anímica necessária para apoiar esta causa. A minha energia nesta vida e neste corpo é limitada e cada vez mais tento conhecer as minhas motivações, desejos e limitações. No entanto, desejo-lhe muita sorte para o seu apelo sobre os úteros artificiais nos homens e agradeço que me tivesse feito pensar sobre isto, primeiro estranhando, depois entranhando e por último desentranhando-me.
9 comentários:
c'a ganda post! olha, estou com o meu filhote no quarto enquanto escrevo, a pensar para os meus botões, o que é que foi isto que se me abriu na minha vida desde que ele nasceu, e de repente comovi-me. é isso mesmo! obrigado
«...os úteros artificiais nos homens...»
Curioso, eu NUNCA tinha pensado em úteros artificiais nos homens!
As Sociedades Tradicionalmente Monogâmicas, mais tarde ou mais cedo, terão de assumir a sua História!
Portanto, é óbvio que, mais tarde ou mais cedo, irão ser desenvolvidos úteros artificiais... mas não nos homens!
Obrigado por ter manifestado a sua opinião.
Estava eu a pensar por onde começar a explicar o que pensava sobre isto tudo, quando li o comentário acima e o "é obvio que mais tarde ou mais cedo serão desenvolvidos úteros artificiais... mas não nos homens!"
Tive de recapitular: homens que sentem que são rejeitados, que sentem que são tratados como lixo, mas que querem, ainda assim, procriar. Para tanto, exigem úteros artificais. Mas tudo, claro, desde que estes artificios não sejam implementados neles.
- Passando por cima do facto que pessoas com esta experiência de vida deverem, antes do mais, perceber porque se sentem e/ou são tratados assim e resolver essa situação para, só depois, pensarem em tratar de uma qualquer criança -das duas uma:
i) ou esta prespectiva ainda traduz o mínimo de bom senso, por perceberem que não têm, mesmo, condições psicológicas para essa tarefa - porque as físicas já teriam sido suplantadas por um estapafúrdio qualquer da ciência - ou
ii) é a vitória final de um do puro capricho, de um egoísta sem igual.
Como penso que as pessoas são melhores do que eu tendo a crer, gostava de acreditar na primeira, mas desconfio que a segunda seja mais certeira.
(não, a terceira do "eu só queria ter descendência sem inverter demais a lógica de funcionamento do universo, i.e, sem o macho gerar e parir", não tem qualquer hipótese de me convencer. sorry.)
ps: tá tudo cheio de gralhas e erros de concordância mas foram os "nerves".
um quarentão, vem-me agora dizer que NUNCA tinha pensado em úteros artificiais para os homens? Então seria para quem? para as mulheres estéreis, para homens estéreis? para canguros? DEsculpe, mas assim ainda me faz menos sentido a sua argumentação. Se quer defender o direito dos machos por si chamados fracos não espere que sejam as mulheres a suportar isso.
Bossa nova, são mais erros de discordancia e como é carnaval, não te preocupes, ninguém leva a mal.
Ponto nº 1: eu não tenho absolutamente nada contra as mulheres!
Ponto nº 2: no entanto, eu tenho de proclamar esta verdade óbvia: aquilo que que é verdadeiramente importante está à vista de toda a gente: quando a ciência tiver capacidade para produzir úteros artificias, as mulheres (nas sociedades tradicionalmente monogâmicas) não terão autoridade moral para reivindicar, para elas, o monopólio da decisão de quem é que tem, e de quem é que não tem, o direito de ter filhos.
ou me escapa qualquer coisa ou o seu raciocionio tem alguma falha..
Imaginemos que a ciência tem a capacidade de produzir úteros artificiais. A sua ideia é que esses úteros funcionaram como incubadoras onde cresceriam os fetos, ou seja um útero sem corpo, nem de homem nem de mulher, é isso?
E que nessa altura, os homens poderiam escolher ter filhos sem precisar de uma mulher, pois haveria essas incubadoras externas, é isso?
ou seja poder-se-ia reproduzir a espécie só com a informação contida num óvulo enos espermatozóides, sem necessidade de um corpo fisico e emocional? se é isto retiro de imediato a minha concordância com o seu apelo, isto não pega para nada com o meu projecto de humanidade...Para além de que continuo a achar que os homens têm que assumir e conquistar o seu direito à paternidade por outras formas, na vida quotidiana e na vida política e não num qualquer artificio da ciência.
As mulheres podem recorrer a 'bancos de esperma' com o objectivo de obter uma inseminação artificial.
Porque é que os homens não hão-de ter o mesmo direito?
Ou seja: recorrer a 'bancos de óvulos' com o objectivo de obter uma inseminação artificial.
A única diferença é que serão utilizados úteros artificias (incubadoras externas).
Uma curiosidade: existem mulheres que fazem esse trabalho: vulgo 'barrigas de aluguer'.
P.S.
Em relação aos úteros artificiais nos homens: se existirem interessados em tal, eles (os interessados) deverão ter esse direito.
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