22 novembro 2006

a apoplexia do silêncio

Altero o meu estado, despejo o que há no saco, descubro o que há de intacto nas coisas, nos traços, nos espaços, nos caminhos, na sombra dos passos. Resumo tudo em algumas palavras, em alguns gestos, alguns inesperados, parece que sinto na tua expressão, o verão a destilar-se em mim, em ti, sobre nós, em grandes pedaços de pensamento abstracto, nem lapsos, em vácuo, sem nada no meio do teu corpo e do meu. Assim de uma assentada, quase tudo o que já era, foi, quase tudo o que já havia sido ainda era, quase tudo o que parecia ser também seria. A tua nudez na minha pele branca, o teu suor na minha boca, nos membros dormentes do cansaço do dia, o nosso som recortado pela luz a entrar da janela, eternos, eterno, eterna, desmaiados.

4 comentários:

na prise és bestial disse...

belo texto.

Anónimo disse...

welcome back. I missed you.
It was good reading this in my Hotel room after a long, dark, cold day.

Farewell from Helsinki.

Anónimo disse...

eu diria melhor: belo texto :)

Anónimo disse...

"desqueceu-se-me" de escrever o nome. A anónima de cima sou eu.