01 novembro 2006

a propósito de gatos


Tinha que sair para comprar tabaco num dos cafés que ficam por baixo das arcadas da minha rua, são pelo menos 5 cafés/pastelaria todos seguidos e todos eles com esplanada, é espantoso, parece aquele episódio do Astérix do Domínio dos deuses em que de repente todos os habitantes da aldeia começam a abrir antiquários e peixarias. Bem, mesmo antes de sair de casa apanho a minha gata Carlota em flagrante delito a defecar no chão da cozinha, tadinha, tinha o balneário sujo e decidiu que era ali mesmo. Ainda assim, sentindo a culpa pelo desabafo da gata não podia deixar passar aquilo em branco. Apanhei-a pelo cachaço de surpresa, a gata encolheu-se e dei-lhe a palmada merecida no rabiosque com um firme, Não! Aqui não, Carlota!. Voltei a poisar a gata no chão que fugiu a sete patas, desaparecendo da minha vista pela varanda e depois saí finalmente para comprar o Lucky strike.
Sentia-me num dia bom, daqueles dias em que acordas e te sentes com o melhor ar quando olhas no espelho, olheiras nem vê-las, um ar fresco, sedutor, a escolha de roupa perfeita, ..sei lá, um rol de emoções e nada melhor para o comprovar que saires para o meio da rua, passares por aquelas esplanadas todas e notares os olhares das pessoas a cairem em ti, sobretudo o público masculino, até ao ponto em que tu pensas para ti mesma, irra, que devo estar mesmo com um ar fixe hoje!! Depois foi meter o pé ao degrau de entrada do café e estancar em surdina absoluta. Ao olhar para as mãos para confirmar que tinha trazido a carteira os meus olhos não queriam acreditar. Estava literalmente toda cagada de cima a baixo, camisola, calças, até um cagalhoto minúsculo se tinha resolvido colar no atacador do sapato. Um flashback de milésimas de segundos correu na minha cabeça. A sacana da gata com o susto que apanhou a meio do serviço, acabou o resto em cima de mim e eu com a pressa de sair nem tinha dado por nada. Pé ante pé, fiz marcha atrás e fui dar a volta toda à rotunda para não ter que passar de novo nas esplanadas, com os braços cruzados à frente da roupa e toda encolhida, até casa e direito à banheira. Nem olhei para o espelho mais, chiça, que aquilo era fixe de mais, até para um dia bom daqueles.

4 comentários:

Anónimo disse...

Dizem que dá sorte pisar caca - deve ser pela lei das compensações. Usá-la como alfinete de peito então, deve dar direito a uma paia monstruosa...

Anónimo disse...

hmmm... tão fixe tão fixe, sobretudo o público masculino e "no atacador do sapato" ??? olhe lá ó menina que isso está absolutamente desincronizado, a não ser que o target seja o "Dyke Gymn Association"...

e se o atacador for daqueles ténis-sapato-bota de pugilista, também não pega muito bem...o mais provével é ouvir do público feminino "ai tão giras, onde é que as compraste ?"

atacadores sim mas das botas... tipo flausina de um saloon do velho oeste, bom.. já faria mais sentido (não é gosto,é sentido... atenção)

de resto, está fixe

Anónimo disse...

pirata.. VOLTASTES !!! sniff

Anónimo disse...

Como manobra para não deixar baixar a autoestima sugiro para próxima fazer de conta que se está no meio de uma performance de desfile de moda de acessórios femininos orgânicos: acessórios cor de café, alfinetes de peito, colares, estampagem em tecido, e até pequeno acessário orgânico para sapato, versão outounal da pulseira de tornozelo.

Volta inteira à rotunda, meia bola e força...

:)