01 dezembro 2006

Arte em mim

Nunca tinha olhado para o meu ânus. Não sei se algum de vocês já olhou para o próprio, mas depois da experiência desta tarde é coisa que não aconselho, pois vivia muito bem na ignorância.
O caso é que ao reparar numas manchas de sangue não esperadas durante actividade na retrete, decidi virar-me para trás e abrir as bochechas do rabo. O que vi deixou-me traumatizada. Descobri que tenho pêlos, mas não são assim uns pelinhos ou uma penugem, são pêlos mesmo, pretos e compridos, para aí de 4 cm. Um horror. Percebi que de facto aquilo que nos separa dos chimpazés não pode ser muito mais que um gene ou dois.

O que significa que para além de depilar as pernas, as virilhas, as axilas, o buço e as sobrancelhas agora terei também de me pôr de 4 e deixar que me espalhem cera quente no rêgo, seguido do horripilante puxão rápido para acabar com o triste espectáculo.

É que desde que me mandaram as fotografias da nova exposição de Serralves fiquei mais sensibilizada para a estética do fundo do rabo



.

17 comentários:

na prise és bestial disse...

Não consigo parar de rir, cada frase é uma machadada nos nossos muros de conveniência e verniz.

Anónimo disse...

é de facto hilariante... grande multipla!! é claro que também fui logo ver o que se passa aqui nos meus atrazes!! chiça caneco, que isto quem tem cú tem pelos, cóhorrorr!!

Anónimo disse...

deselegante
desinteressante
e
nem sequer!
descondicionante


o texto
e
a imagem da exposição

Anónimo disse...

...e!
não percebo essa pressa de exclamar os pelos.
Tod'a gente tem, não é?




DESINTERESSANTE E DESTITUÍDO
ESTE VOSSO TEXTO

(ou foi só p'armar em giras?)

Anónimo disse...

não tenho dúvidas que enquanto estava a olhar para o anûs viu esse texto a sair e apanhou-o logo de seguida para o bostar aqui (desculp, tou consdipado)

Anónimo disse...

Aghhhhhhhh, e mais não comento!

Anónimo disse...

sendo o astigmatismo um mero defeito óptico eu preferia ver algo mais patológico como o glaucoma.

dava mais força ao comentário, porque situava a deficiência em algo que nem pode ser corrigido.

cada um vê com o(s) olho(s) que tem

Ethan disse...

Hahah
Isso me fez lembrar de uma técnica chamada clareamento anal. Já ouviu falar?
Se tiver curiosidade:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Clareamento_anal

Pois é estética do fundo do rabo já é um mercado.

PS: Nunca fiz clareamento anal

Anónimo disse...

Cara múltipla,
estou entre o riso e o horror provocado pela existência dos pelos :)
Subscrevo na prise, cada frase enxovalha qualquer receita de verniz.

Anónimo disse...

Fui ver o que era clareamento anal. Descobri o depoimento de cindy, uma especialista da área que afirma:
"o clareamento anal tornou-se especialmente popular entre as donas de casa, gays, dançarinos e profissionais do pornô."

Pois.

Mais à frente falou dos perigos do método:

"Cindy usa um exemplo como alerta para os que pretendem ter seus traseiros branqueados: “uma garota usou o produto por seis semanas e quando fiquei sabendo mandei que ela parasse! O ânus dela estava tão branco que ele praticamente acendia no escuro!”."

Bem feita.

Anónimo disse...

um desafio para o pirata :

o tema é intrinsecamente tão desinteressante que não há ponta por onde se lhe pegue ? (eu preferia não lhe pegar pela ponta)

ou ?

há maneiras inteligentes, e passo a citar, "interessantes, elegantes e condicionantes" de o fazer ?

sabe fazê-lo ou sabe de alguem que o fez ?

eis o desafio.

dizia ela baixinho disse...

desculpem lá o atraso nos comments, mas fui hoje a serralves e não vi lá nada disto.
era tudo bem mais interessante.

(bibó porto, é uma naçoun!)

Anónimo disse...

interessante mas... não é em Serralves... Circulou há tempos junto com mui indignados comentários do tipo:" gastamos nós o nosso dinheiro em Serralves, ultraje!!"

essas bestas que prái andam nem sabem que serralves é privado nem conseguem apreciar umas belas fotos do olho do cú... Miséria...

8 e coisa 9 e tal disse...

Manyfaces, como entendeu a minha questão não se centra no local da exposição nem de juízos de valor.

Há coisas que preferimos ignorar mas que estão lá. Se não falarmos delas é como se não existissem, se falamos todos viram a cabeça para o outro lado com uma expressão de nojo. E dizem que é deselegante falar disso.

Há (poucos) anos era considerado altamente inapropriado falar de sexo, ainda mais se se tratasse de uma mulher. Escondiam-se os textos atrás dos livros sérios, mas todos liam à socapa. O tempo passou, e agora o sexo entra-nos pelos olhos dentro mesmo à hora da telenovela.

De rabos não se fala. Porque é que eu fico chocada com a existencia de pêlos no rêgo? Porque é que não havia de achar isso normal, já que toda a gente tem? E porque é que quem lê esta posta em vez de achar tudo vulgar de Lineu, se ri ou se choca e decide exprimir a sua indignação?

Se somos todos assim e o consideramos normal, era como escrever uma posta sobre a existência das unhas nas pontas dos dedos. Mas não é, pois não?

(tirando o pirata, para quem falar sobre unhas ou pêlos é sempre desinteressante, mas olhe, não é obrigado a gostar de tudo o que aqui pomos, que ninguém se chateia. Não nos trate como se fossemos acções de uma empresa, uns dias em cima e outros em baixo. Como n nos pode vender nem comprar, é um bocado indiferente)

Não é descondicionante das nossa normas e convenções? Pois, pois.

(A escolha da fotografia não foi casual - de entre as várias que me mandaram achei que a mais apropriada seria um senhor a trabalhar com tranquilidade no meio de dezenas de buracos do cu ampliados. A coisa mais normal possivel.)

Anónimo disse...

mas nem se ligue ao facto de uma instituição como Serralves ter um contrato de serviços de limpeza com uma empresa cujos funcionários (mesmo que seja em regime de alta rotatividade) envergam fardas de trabalho.

a realidade "normal" é muito mais conveniente e ajustada ao que queremos quando a fotografia é bem tirada ?

Anónimo disse...

isso faz-me lembrar uma entrevista da Victoria Abril na qual dizia que para ela, filmá-la em cenas de sexo era como filmá-la a lavar pratos.

uma coisa tão natural como a outra.

disso eu não duvido, são as duas naturais mas chamem-me conservador, hipócrita, bota-de-elástico, que eu insistirei em encontrar uma diferença entre sexo e lavar pratos.

8 e coisa 9 e tal disse...

Desmancha-prazeres: olhe melhor para a foto, o rapaz está de t-shirt, jeans e ténis, que eu saiba isso não qualifica como farda.

ó anónimo, claro que há diferenças: por um lado é muito mais agradável fazer amor que esfregar pirexes, e por outro pode-se lavar os pratos à frente dos filhos e da sogra.

Agora a questão posta, bem como a que levantou é outra. A história da Victoria Abril é equivalente ao ginecologista, para quem ver vaginas é o mesmo que um otorrino espreitar para ouvidos, é no âmbito de uma profissão.

Quanto à visualização dos corpos, seja por fotografias ou texto, creio ser constructivo. Lembro-me que há cerca de um ano tive de ir a um evento no casino estoril, onde depois do jantar nos presentearam com o fabuloso espectáculo de meninas de mama à mostra. Eram mais as mulheres que olhavam fascinadas que os homens, a descobrirem a quantidade de formas, feitios e tamanhos diferentes dos próprios.

Quanto ao rabiosque, a maioria desconhece o aspecto do seu. E que tem pêlos, pois tem. Temos todos. E então? Se não falarmos sobre isso é como se não existissem? Ou ninguém quer ser confrontado com essa realidade?