05 dezembro 2006

Histórias de amor

O meu avô estava a passear no parque quando viu uma rapariga sentada num banco de jardim com a sua mãe. Pediu ao rapaz que estava com ele para ser apresentado àquela família porque tinha acabado de encontrar a mulher com quem se ia casar.

O meu outro avô começou a namorar com a minha avó aos 18 anos, ela tinha 13. A minha bisavó desaprovou a coisa, porque havia muita gente na família dela com tuberculose, e considerava que a minha avó tinhas pulmões fracos o que poderia afectar os futuros filhos. Namoraram às escondidas durante muitos anos, até que os meus bisavós se habituaram à ideia e eles casaram.
Quando o filho mais velho teve uma primo-infecção a bisavó aproveitou para dizer “eu não te disse?” ao que o meu avô terá respondido “eu gosto muito dela, não a trocava por nenhuma do mundo”. A minha avó só soube disto depois de ele morrer.

Os meus pais conheceram-se num verão nos anos 60. O meu pai tentou fazer-se de interessante pondo-se num canto a fumar um cigarro com ar de matador, a minha mãe achou que ele era parvo. Quando ele finalmente perdeu a timidez e se sentou com ela a conversar nasceu o amor que haveria durar até à morte.

Pode-se racionalizar o amor de milhares de maneiras diferentes, justificar friamente porque é que gostamos de quem gostamos - mas isso só é possível depois de já estarmos apaixonados, quantas vezes ficamos frustrados por não gostarmos de quem aparentemente seria perfeito para nós e perdermos a cabeça por alguém que parece errado em todas as moléculas do seu ser.
Está-me cá a parecer que o amor é mesmo um não sei quê, que aparece vindo não sei de onde com uma intensidade que não se sabe porquê. (amigo Luis Vaz, desculpe lá a paráfrase).

4 comentários:

Anónimo disse...

eu racionalizo, tu racionalizas mas quem és tu afinal ?, eles racionalizam...e o resultado é sempre diferente.

o mundo dá muitas voltas por dentro e poucas por fora.

o não sei quê que vem não sei de onde com uma força que não se sabe porquê só acontece cá dentro, os de fora encolhem os ombros e dizem "já vi, já fiz, não é nada, isso passa".

Anónimo disse...

"inquietação inquietação. É só inquietação inquietação. Porque eu não sei, porque eu não sei, eu não sei ainda."

De bardo conhecido e recentemente ressuscitado por talentoso rapaz da minha idade...

8 e coisa 9 e tal disse...

Aos textos mais recônditos, claro que o sentimento é pessoal e intransmissível, aos olhos dos outros parece igual a tantos outros.

Manyfaces, JMB em força por aí...

dizia ela baixinho disse...

querida oitoecoisa,

gostei tanto da tua posta q lhe resolvi por uma OST (em cima). a seguir à amizade, o amor é a coisa mais linda!