Foto N.F.
Perigo de Vida
É grande o risco da palavra no tempo
maior mesmo talvez que no mar
Eu fui a margem do dia despedir um amigo
e não houve no cais
iniciativa verbal que edificasse
uma só tenda para o nosso coração
Éramos peregrinos
que deixam a saudade de turistas
ausentes na rua de Outono
Morríamos contra a curva dos dias
a morte rotativa e provisória
Tivesse a própria palavra lábios
e nenhum clima poderia
arrefecer-lhe o coração
Tivesse ela lábios e não seria
tão grave o risco no tempo e no mar
Ruy Belo
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Foi um dos últimos poemas que postaste. Só hoje soube da tua partida. Não sei porquê, só me consigo lembrar do teu sorriso em foma de meia lua. E das noites na Fala-Só. E outra vez do teu sorriso. Levaste a concertina, ao menos?
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