26 março 2007

Vergonha nacional

Vão ver o que a nossa historiadora de serviço escreveu, porque eu ainda estou em estado de choque desde ontem. Noutra casa, foram lidos hoje os tablóides e conclui-se isto.
(E viva o Aristides de Sousa Mendes!)

14 comentários:

sete e pico disse...

O que é de facto triste é que não haja memória histórica nem decência política neste país e o tenham posto como um candidato elegível(refiro-me ao nojento do Salazar)

E ainda querem fazer um museu dedicado a esta época negra da nossa história. Só espero que não se esqueçam de por lá os mortos que esse regime originou, os presos políticos e os indicadores sociais e ecónomicos desse tempo.

Anónimo disse...

Convém acrescentar que membros do PNR se estão a candidatar à direcção da Associação de Estudantes da Faculdade de Letras. Debaixo da Lista X está um grupo organizado de simpatizantes do PNR, responsável pela recruta de membros para associações racistas dentro da Faculdade de Letras de Lisboa. O fascismo ganha terreno outra vez. Ninguém na Faculdade de Letras se mexe. A lista concorrente é uma lista da JCP. Comunismo ou Fascismo, serão escolhas dignas para a Europa de tradição liberal? Não me parece.

Anónimo disse...

lista x = pnr = racistas = fascismo

outra lista = jcp = ???

aquando da "comparação" comunismo/fascismo o amigo anónimo podia obsequiar-nos com mais desenvolvimento (cf. equivalências acima, utilizando os seus termos)

agradecido,

Anónimo disse...

Sobre a pseudo-paixão Salazarenta:

http://educar.wordpress.com/2007/03/26/salazar-e-nosso/#comment-4916

Ruiva disse...

A mim não me repugna a ideia do museu, até o acho desejável...
Os Museus não deviam significar elogios, devem ser fieis depositários de acervos históricos de uma forma acessível ao público em geral e já agora apelativa para que a memória não caia no esquecimento...
Auschwitz actualmente é um museu!

Já agora é reinvidico mais investimento na cultura em Portugal; mais e melhores condições para os historiadores e para as aulas de história e já agora se não for pedir muito: que reconheçam que os historiadores também fazem ciência (já que neste país a ciência parece que apenas vem atarrachada a tubos de ensaio e tecnologias informáticas)!

sete e pico disse...

ruiva, concordaria contigo se achasse que a história é neutral, mas não acho,basta para isso ver que a ausência de relevância das mulheres nos nossos manuais de história. A história foi contada segundo uma perspectiva androcentrica e hegemónica, bastante discutível desde as ciências sociais. Mas acho muito bem que se dêm mais incentivos para a História enquanto ciência a para a sua pedagogia, só assim poderemos contar a nossa História de uma forma mais verdadeira e inclusiva.

Também acho muito importantes os museus desde que a sua criação se afaste de interesses políticos e procure a veracidade dos factos, o que não acho que seja a proposta deste novo museu na terra natal do borra botas. Um museu do Estado novo seria fundamental para que preservemos a memória dos tempos negros que a ditadura trouxe ao país e que sejam lembrados os mortos, traumatizados e explorados da guerra colonial, a proibição da liberdade de expressão, os presos politicos e a mentalidade mesquinha e pobrezinha que ainda hoje teima em não sair da nossa identidade colectiva.

Quanto á teoria do Many faces sobre o humor nacional, gostava de acreditar nisso, mas não consigo, acho que o xenofobismo está de facto a ter mais força e parece que há uma espécie de amnésia colectiva sobre o tempo que passou entre o Estado Novo, a revolução e os nossos dias. A revolução foi um momento da nossa história fundamental para terminar com a ditadura, mas depois disso muitos governos, de direita e de esquerda, se sucederam e foi esse acumular que foi fazendo o país que temos hoje. Culpar a revolução de abril do estado actual do país e da democracia revela amnésia colectiva de curto prazo e abre espaço a situações como a da faculdade de letras que referiu o nerd. E estas são perigosas, muito perigosas.

Anónimo disse...

concordo, mas...
Os últimos 30 anos estão a começar a ser atirados para o divã colectivo e neste momento existe já uma percepção muito clara de tudo aquilo que correu mal neste periodo. Assim sendo, os anos de ditadura estão hoje cada vez mais remetidos para o dominio do facto histórico. Como caricatura diria: hoje em dia os fantasmas do PREC e dos seus variadíssimos legados/derivados ocupam muito mais a agenda colectiva do que os fantasmas da ditadura. As perguntas hoje são muito mais: porque continuamos os mais pobres da Europa, porque não conseguimos reformar o estado.
O facto da sociedade ver a liberdade e a democracia como bens adquiridos é bom sinal (de maturidade). Hoje podemos dar-nos ao luxo de eleger por pirraça, e num concurso da treta, o Salazar como o maior Português de sempre. Quando de facto muito poucos concordam com isso. Veja-se essa evidência aqui nesta sondagem:

http://www.rtp.pt/wportal/sites/tv/grandesportugueses/SondagemGrandesPortugueses.pdf

Há qualquer coisa de nonsense nisto tudo que me agrada bastante...

Anónimo disse...

correcção: o nerd não apontou nada sobre a fac. de letras.

o nerd, quanto muito, apontou o facto de o sr. anónimo ter feito uma sequência de equivalências, a saber : lista x = pnr = racistas = fascismo por um lado, e lista concorrente = jcp = comunismo = ??? carecendo aqui de acrescer mais qualitativos e saltando, acto contínuo para comunismo = fascismo = não-quero-isto-para-a-europa-liberal.

é precisamente os ??? que gostaria de ver esclarecido, a não ser que se retire a ilação que para o sr. anónimo comunismo encerra em si males tão grandes que serão porventura inomináveis e em natureza igual ou superior a racistas (para termos a sequência de equivalências alinhada).

a bem da honestidade intelectual, de qual tradição liberal falamos ?

Filipe M. Reis disse...

há muito salazarismo na democracia pós-salazarista, há muito salazarismo por aí, não se espantem, o concurso só veio acordar o salazar que há em nós, mas depois, ao contrário dos pesadelos, a pessoa acorda, repara que está tudo bem, e volta a adormecer, com tranquilidade, o povo é sereno (ou de brandos costumes, como se dizia no tempodo salazar)

Anónimo disse...

brandos costumes às vezes, costumes da brandoa nas outras vezes. (ouvi isto num programa de rádio)

nos braços do amaral disse...

A participação de salazar no concurso é anti-constitucional, uma vez que na constituição consta a proibição de promoção de figuras fascistas ou pro-fascistas. O convite do BE e do PCP ao administrador da RTP a prestar declarações na assembleia, penso que assenta nisto, uma vez q a rtp é um canal público. Pena não o terem feito antes da figura funesta ter ganho o estúpido concurso. Ainda assim mais vale tarde que nunca.
E lembro-me agora que, inicialmente, salazar não constava na lista de candidatos. Houve reclamações, a rtp desculpou-se da lacuna e então resolveu incluí-lo.. Saíu-lhes o tiro pela colatra.

Do museu não sou contra, se querem fazer um museu de Salazar que o façam, desde que não seja com dinheiros públicos e que seja com rigor científico. Não vejo que este tipo de proibições seja a melhor solução.

Anónimo disse...

Esse convite do BE e do PCP só pode ser piada... Isto tudo foi apenas uma piada king-size (!)... Tratar isto como coisa séria só torna a piada ainda mais delirante.
O BE devia estar mais preocupado com o cartaz do Marquês e esquecer o assunto. Já o PCP comprendo: o assunto foi catastrófico para eles, porque nem podem dizer que o concurso foi a sério (porque aí teriam de admitir que salazar ressuscitou), nem lhes convém dizer que foi uma palhaçada porque afinal o Cunhal ficou em segundo... Um dilema do camandro...

Anónimo disse...

Quanto ao museu: espero bem que seja com dinheiros públicos porque só aí há a garantia de ser um museu histórico, organizado por historiadores e especialistas no estado novo. E não um museu-altar dedicado a Salazar.

sete e pico disse...

neste ponto também estou de acordo com o manyfaces, se se fizer o museu que o façam com dinheiros públicos e tendo em conta que é um espaço que permitirá contar a história do que foi de facto o Estado Novo. Só assim se poderá controlar desde o poder publico o que por lá se passar.