22 março 2007

Uma manhã primaveril

- o que é que estás a fazer?
- estou no metro, tenho de ir à agência pagar o seguro do carro.
- tens mesmo de fazer isso agora?
- sim, estou sem seguro do carro há 3 semanas, já não posso pagar por multibanco, tenho mesmo de ir lá. Porquê?
- porque acho que tens de vir para aqui...
- o que é que aconteceu?
- é o pai
- onde é que ele está? onde é que tu estás?
- tem calma, ouve
- o que é que se passa com o pai?
- fez agora uma colonoscopia...
- o quê?
- o pai fez uma colonoscopia, foi agora fazer uma TAC. Disseram que tem uma massa...
- o quê?
- o pai não te queria dizer para não te preocupar, mas acabou de sair de um exame e entrou logo noutro, querem ver o que é que há mais...
- o que é que tu me estás a dizer?
- vem para cá por favor...
- é aquilo que eu penso, não é?
- sim. o pai tem um cancro.

9 comentários:

sem-se-ver disse...

muitos são curáveis, tenha confiança. muitas felicidades é o que desejo.

abraço grande.

dizia ela baixinho disse...

um abraço solidário do tamanho do mundo, cheio de esperança.

outroblog disse...

um abraço grande. sei bem o que são essas noticias. e como disse alguém, muitos são operáveis e correm bem. seja o que for, esteja com ele e aceite as alterações de humor e todas as condicionantes psicologicas desses doentes.é algo de tão precioso para eles...serem aceites nas suas impaciências. acabo como iniiciei
um abraço solidário

Miss K. disse...

[...] sem palavras, mas contigo, da maneira possível. força.

nana disse...

não há palavras que acalmem ou confortem, bem sei......

FORÇA.

Anónimo disse...

.... lembro-me depois de pegar no carro e conduzir por aquela estrada sinuosa entre Coimbra e Penacova e de ter ficado sentado muito tempo naquele café com vista para o Rio. Até anoitecer e voltar para casa. Ele ainda estava sentado no sofá, no mesmo sítio onde se tinha sentado quando o trouxe para casa. Já não chorava. Nesse mesmo dia às 11 h tinha ido buscá-lo ao hospital. Parei o carro em frente à entrada principal e ele aproximou-se lentamente. Entrou no carro sem olhar para mim, tapou a cara com as mãos e chorou. Acariciei-lhe o cabelo e ele acalmou. Ficámos assim uns minutos sem falar. Arranquei com o carro em direcção a casa. Disse-lhe qualquer coisa esperançosa a que ele se agarrou. Depois não falámos mais até chegarmos a casa. E quando chegámos foi preciso coragem para entrar:
"Tanta coisa, tanta coisa ainda por fazer..."

Anónimo disse...

D. Ester said:
um abraço muito grande..daqueles abraços q até abracem todas as palavras que não se conseguem dizer ,mas que se adivinham. Estou convosco.

Ruiva disse...

Força, estamos contigo... Vais ver que vai tudo correr pelo melhor!

Aquele abraço amigo.

JPN disse...

:)