O Tozé tem ar de bom tipo. Cheira a cerveja e a cigarros entranhados de tal forma que, mesmo que não fume ou beba cerveja, é a isto a que cheira sempre. E a uma mistura de betão e cimento e terra. Aparece sempre com a farda de trabalho e traz outra, a de saída, com a qual vai embora, sempre, todo janota.
O Tozé tem ar de boa pessoa, curiosa. Olha para as instalações eléctricas com amor genuíno e percebe-se que, se o seu percurso tivesse sido outro, estaria muito bem na vida. Como eletricista ou como outra coisa qualquer, porque os seus talentos são vários. Outro dia perguntei-lhe a sua profissão: 'pintor'. 'E onde aprendeste isto tudo?'. 'Com o meu pai'.
O Tozé não perdeu a alegria de viver. Olha para as árvores e vê-se que estas despertam-lhe emoções várias: 'cuidado, não a apanhes por aí que ela pode ressentir-se e não crescer mais'. Ensina-me receitas de chá e como eles podem ser bebidos em 'verde'. Escrutina o meu quintal e vamos, os dois, entusiasmando-nos com o que vemos. Colhemos plantas várias e divido-as em parte iguais (menos os espinafres, o Tozé sabe como fazer sopa de espinafres selvagens, eu mantenho-me mais fiel aquele que vem embalado de uma qualquer superfície comercial). Emociona-se com um canteiro bonito de flores, e eu viro a cara para não que não veja as lágrimas rasas. Minhas.
O Tozé é um tagarelas e repete-se muito. Acontece que também se esquece muitas vezes. Para ele, não existem impossibilidades e tudo é fazível. O seu optimismo é de tal forma contagiante, que perdemos a noção do tempo, a trabalhar
O Tozé bebe café e jeropiga de manhã, toma metadona à hora do almoço, come pouca coisa à hora do almoço, bebe umas cervejas no final do dia, como se de uma celebração se tratasse. Depois vai para casa, onde mora com a mãe, num dos bairros periféricos da cidade. Imagino que a mãe o mime tanto como ele mima a filha, a avaliar pelos telefonemas que recebe todos os dias e que - indiscretamente - lhe ouvi: 'estou meu amor', 'sim minha querida', 'adeus minha vida'. A filha mora longe e estuda Psicologia Forense.
Feliz por ter conhecido o Tozé.
Feliz por me ter dito que 'só voltava atrás se houvesse um terramoto de 1755'.
Feliz por ter vencido o estigma que me fazia estigmatizar pessoas como o Tozé.
Acredito no Tozé. Acredito nas segundas oportunidades. E acredito em terceiras, até.
O Tozé tem ar de boa pessoa, curiosa. Olha para as instalações eléctricas com amor genuíno e percebe-se que, se o seu percurso tivesse sido outro, estaria muito bem na vida. Como eletricista ou como outra coisa qualquer, porque os seus talentos são vários. Outro dia perguntei-lhe a sua profissão: 'pintor'. 'E onde aprendeste isto tudo?'. 'Com o meu pai'.
O Tozé não perdeu a alegria de viver. Olha para as árvores e vê-se que estas despertam-lhe emoções várias: 'cuidado, não a apanhes por aí que ela pode ressentir-se e não crescer mais'. Ensina-me receitas de chá e como eles podem ser bebidos em 'verde'. Escrutina o meu quintal e vamos, os dois, entusiasmando-nos com o que vemos. Colhemos plantas várias e divido-as em parte iguais (menos os espinafres, o Tozé sabe como fazer sopa de espinafres selvagens, eu mantenho-me mais fiel aquele que vem embalado de uma qualquer superfície comercial). Emociona-se com um canteiro bonito de flores, e eu viro a cara para não que não veja as lágrimas rasas. Minhas.
O Tozé é um tagarelas e repete-se muito. Acontece que também se esquece muitas vezes. Para ele, não existem impossibilidades e tudo é fazível. O seu optimismo é de tal forma contagiante, que perdemos a noção do tempo, a trabalhar
O Tozé bebe café e jeropiga de manhã, toma metadona à hora do almoço, come pouca coisa à hora do almoço, bebe umas cervejas no final do dia, como se de uma celebração se tratasse. Depois vai para casa, onde mora com a mãe, num dos bairros periféricos da cidade. Imagino que a mãe o mime tanto como ele mima a filha, a avaliar pelos telefonemas que recebe todos os dias e que - indiscretamente - lhe ouvi: 'estou meu amor', 'sim minha querida', 'adeus minha vida'. A filha mora longe e estuda Psicologia Forense.
Feliz por ter conhecido o Tozé.
Feliz por me ter dito que 'só voltava atrás se houvesse um terramoto de 1755'.
Feliz por ter vencido o estigma que me fazia estigmatizar pessoas como o Tozé.
Acredito no Tozé. Acredito nas segundas oportunidades. E acredito em terceiras, até.
5 comentários:
... ou,
acreditará antes no relançamento do seu optimsmo face à inelutável descrença que o Tozé inspira, mesmo dentro do quadro que encenou?
não, pirata.
eu acredito mesmo no tozé.
e tenho a prova viva disso, materializada em trabalho feito com afinco e esmero.
não há inelutáveis descrenças.
nem mesmo no quadro que descrevi.
o meu optimismo relança-se, pois, com pessoas como o tozé. mas não só. até consigo, que nesta 'casa' ora é acintoso, ora é gentil. eu escolhi acreditar. nos dois.
abraço
quem escreve assim não é gago. Ah tigre!
Gostei muito! Também acredito nele :)
~CC~
eu também acredito, no tozé e em segundas e terceiras e até mais oportunidades...
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