Acordei antes das sete da manhã, arrumei a cozinha da casa dos meus amigos onde estou hospedada, fiz sumo de maracujá com a fruta que tínhamos comprado em abundância no mercado 7 de Agosto e que congelámos para fazer sumos fresquinhos (os meus amigos dizem a toda a gente que devem ser os únicos em Bogotá a ter uma escrava europeia) e pus-me a trabalhar na defesa da tese. Ouvi as pessoas nas casas vizinhas a fazerem a sua vida, a falarem umas com as outras, a ouvirem a rádio com as noticias, debates e opiniões do dia.
Pelas onze subimos a montanha em direcção ao Bairro El Paraiso, um bairro modesto mas com umas vistas lindas para a cidade, onde vive um nosso amigo pintor, Jenero Kintana. Pelo rádio do táxi ouvimos as noticias do dia, ditas por um senhor com uma voz muito formal e enrrrolaDA que informava, em tom pausado mas dramático, das mortes de uma mulher devido aos ciúmes do marido, de um acidente de viação escabroso e outras mortes passionais e não políticas. Vimos as pinturas e esculturas fantásticas que ele anda a preparar para uma exposição que vai ter em França em Setembro (aproveitaremos para levá-lo a Portugal e a Barcelona, se os deuses e as deusas quiserem) almoçámos, conversamos da vida do país e de Apartadó, onde o actual presidente da câmara, abalançado desequilibradamente para o lado dos paramilitares, teve de reconstruir e re inaugurar uma ponte muito importante para a região que ele próprio tinha ajudado a destruir no tempo em que foi guerrilheiro, conversamos sobre os filhos, actualizamo-nos, rimos e saímos todos felizes pelo encontro. Durante todo o tempo que estivemos na casa de Jenaro, esteve ligada a rádio Universidad Nacional 98.5, com música clássica, jazz e música contemporânea.
A rádio aqui é uma presença constante na vida quotidiana, e isso se reflecte em Barcelona, onde o número de rádios latinas aumentou muitíssimo devido as emigrantes latinos, pois é um dos serviços que consomem e que produzem. Em Bogotá há rádios que são excelentes companhias, especialmente para quem trabalha em casa, para estudar, escrever, pintar. Passam música do mundo inteiro, jazz, música clássica, salsa, vallenatos, de tudo.
À tarde voltei à preparação da defesa da tese, agora com a rádio javeriana stereo 91.9 , e ouvi com um estranho prazer maria bethania, marisa monte, arnaldo antunes (toda a gente tem que não ter cabimento para crescer) cantarem nas ondas deste lado do atlântico. Às 6 da tarde em ponto interromperam a programação para passar o hino nacional e estava a dar Winton Marsalis quando chegou o meu amigo Leonardo para irmos visitar uns amigos que recentemente começaram a ser pai e mãe de uma nova habitante deste planeta, Guadalupe. Na conversa com os amigos voltámos à discussão sobre o estado do país, sobre o estado de desespero em que se vive, o autoritarismo do presidente, o número de mortes de sindicalistas a aumentarem depois da marcha do 6 de março (considerada pelo governo como antinacional), o desejo de sair da Colômbia e ter uma vida mais tranquila e mais possível, e ao mesmo tempo o sentir a herança psicológica de país a que se pertence, o peso na consciência de se sentir a abandonar um país que precisa de todos os seus habitantes para sair da situação terrível em que se encontra. Surge muitas vezes a pergunta, estarei a ser egoísta, pouco comprometido com Colômbia se quero ser feliz fora daqui? Contámo-nos da vida, de bogotá, de barcelona, dos filhos e dos pais, debatemos as fraldas de pano e a poluição terrível que causam as outras, mas o práticas que são, discutimos cocós e como limpá-los da melhor maneira. Também aí, a rádio teve ligada todo o tempo, primeiro com salsa e depois com chill out.
No regresso a casa, ouvimos Cassia Heller, unplugged mtv, no leitor do carro do Leo enquanto nos actualizávamos dos amigos e amigas comuns. Já em casa, pus o Busy Man do Carlinhos Brown com a Marisa Monte 10 vezes seguidas e ouvi e ajudei o Luis Carlos a pensar em voz alta sobre o que ele queria fazer agora que regressou de Toronto, e que está a recomeçar a sua vida nesta cidade.
Pelas onze subimos a montanha em direcção ao Bairro El Paraiso, um bairro modesto mas com umas vistas lindas para a cidade, onde vive um nosso amigo pintor, Jenero Kintana. Pelo rádio do táxi ouvimos as noticias do dia, ditas por um senhor com uma voz muito formal e enrrrolaDA que informava, em tom pausado mas dramático, das mortes de uma mulher devido aos ciúmes do marido, de um acidente de viação escabroso e outras mortes passionais e não políticas. Vimos as pinturas e esculturas fantásticas que ele anda a preparar para uma exposição que vai ter em França em Setembro (aproveitaremos para levá-lo a Portugal e a Barcelona, se os deuses e as deusas quiserem) almoçámos, conversamos da vida do país e de Apartadó, onde o actual presidente da câmara, abalançado desequilibradamente para o lado dos paramilitares, teve de reconstruir e re inaugurar uma ponte muito importante para a região que ele próprio tinha ajudado a destruir no tempo em que foi guerrilheiro, conversamos sobre os filhos, actualizamo-nos, rimos e saímos todos felizes pelo encontro. Durante todo o tempo que estivemos na casa de Jenaro, esteve ligada a rádio Universidad Nacional 98.5, com música clássica, jazz e música contemporânea.
A rádio aqui é uma presença constante na vida quotidiana, e isso se reflecte em Barcelona, onde o número de rádios latinas aumentou muitíssimo devido as emigrantes latinos, pois é um dos serviços que consomem e que produzem. Em Bogotá há rádios que são excelentes companhias, especialmente para quem trabalha em casa, para estudar, escrever, pintar. Passam música do mundo inteiro, jazz, música clássica, salsa, vallenatos, de tudo.
À tarde voltei à preparação da defesa da tese, agora com a rádio javeriana stereo 91.9 , e ouvi com um estranho prazer maria bethania, marisa monte, arnaldo antunes (toda a gente tem que não ter cabimento para crescer) cantarem nas ondas deste lado do atlântico. Às 6 da tarde em ponto interromperam a programação para passar o hino nacional e estava a dar Winton Marsalis quando chegou o meu amigo Leonardo para irmos visitar uns amigos que recentemente começaram a ser pai e mãe de uma nova habitante deste planeta, Guadalupe. Na conversa com os amigos voltámos à discussão sobre o estado do país, sobre o estado de desespero em que se vive, o autoritarismo do presidente, o número de mortes de sindicalistas a aumentarem depois da marcha do 6 de março (considerada pelo governo como antinacional), o desejo de sair da Colômbia e ter uma vida mais tranquila e mais possível, e ao mesmo tempo o sentir a herança psicológica de país a que se pertence, o peso na consciência de se sentir a abandonar um país que precisa de todos os seus habitantes para sair da situação terrível em que se encontra. Surge muitas vezes a pergunta, estarei a ser egoísta, pouco comprometido com Colômbia se quero ser feliz fora daqui? Contámo-nos da vida, de bogotá, de barcelona, dos filhos e dos pais, debatemos as fraldas de pano e a poluição terrível que causam as outras, mas o práticas que são, discutimos cocós e como limpá-los da melhor maneira. Também aí, a rádio teve ligada todo o tempo, primeiro com salsa e depois com chill out.
No regresso a casa, ouvimos Cassia Heller, unplugged mtv, no leitor do carro do Leo enquanto nos actualizávamos dos amigos e amigas comuns. Já em casa, pus o Busy Man do Carlinhos Brown com a Marisa Monte 10 vezes seguidas e ouvi e ajudei o Luis Carlos a pensar em voz alta sobre o que ele queria fazer agora que regressou de Toronto, e que está a recomeçar a sua vida nesta cidade.
1 comentário:
querida amiga agora viajei contigo!
fiquei cheia de saudades das conversas e das festas e da musica que anda sempre contigo.
e de anadr de carro deu-me imensa vontade andar de carro contigo se calhar temos de fazer uma viagem..
lembrei-me de à dez anos e tive saudades. será que estou a ficar velha???
aquele abraço
e até breve
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