Vão ver o que a nossa historiadora de serviço escreveu, porque eu ainda estou em estado de choque desde ontem. Noutra casa, foram lidos hoje os tablóides e conclui-se isto.
O que é de facto triste é que não haja memória histórica nem decência política neste país e o tenham posto como um candidato elegível(refiro-me ao nojento do Salazar)
E ainda querem fazer um museu dedicado a esta época negra da nossa história. Só espero que não se esqueçam de por lá os mortos que esse regime originou, os presos políticos e os indicadores sociais e ecónomicos desse tempo.
Convém acrescentar que membros do PNR se estão a candidatar à direcção da Associação de Estudantes da Faculdade de Letras. Debaixo da Lista X está um grupo organizado de simpatizantes do PNR, responsável pela recruta de membros para associações racistas dentro da Faculdade de Letras de Lisboa. O fascismo ganha terreno outra vez. Ninguém na Faculdade de Letras se mexe. A lista concorrente é uma lista da JCP. Comunismo ou Fascismo, serão escolhas dignas para a Europa de tradição liberal? Não me parece.
aquando da "comparação" comunismo/fascismo o amigo anónimo podia obsequiar-nos com mais desenvolvimento (cf. equivalências acima, utilizando os seus termos)
A mim não me repugna a ideia do museu, até o acho desejável... Os Museus não deviam significar elogios, devem ser fieis depositários de acervos históricos de uma forma acessível ao público em geral e já agora apelativa para que a memória não caia no esquecimento... Auschwitz actualmente é um museu!
Já agora é reinvidico mais investimento na cultura em Portugal; mais e melhores condições para os historiadores e para as aulas de história e já agora se não for pedir muito: que reconheçam que os historiadores também fazem ciência (já que neste país a ciência parece que apenas vem atarrachada a tubos de ensaio e tecnologias informáticas)!
ruiva, concordaria contigo se achasse que a história é neutral, mas não acho,basta para isso ver que a ausência de relevância das mulheres nos nossos manuais de história. A história foi contada segundo uma perspectiva androcentrica e hegemónica, bastante discutível desde as ciências sociais. Mas acho muito bem que se dêm mais incentivos para a História enquanto ciência a para a sua pedagogia, só assim poderemos contar a nossa História de uma forma mais verdadeira e inclusiva.
Também acho muito importantes os museus desde que a sua criação se afaste de interesses políticos e procure a veracidade dos factos, o que não acho que seja a proposta deste novo museu na terra natal do borra botas. Um museu do Estado novo seria fundamental para que preservemos a memória dos tempos negros que a ditadura trouxe ao país e que sejam lembrados os mortos, traumatizados e explorados da guerra colonial, a proibição da liberdade de expressão, os presos politicos e a mentalidade mesquinha e pobrezinha que ainda hoje teima em não sair da nossa identidade colectiva.
Quanto á teoria do Many faces sobre o humor nacional, gostava de acreditar nisso, mas não consigo, acho que o xenofobismo está de facto a ter mais força e parece que há uma espécie de amnésia colectiva sobre o tempo que passou entre o Estado Novo, a revolução e os nossos dias. A revolução foi um momento da nossa história fundamental para terminar com a ditadura, mas depois disso muitos governos, de direita e de esquerda, se sucederam e foi esse acumular que foi fazendo o país que temos hoje. Culpar a revolução de abril do estado actual do país e da democracia revela amnésia colectiva de curto prazo e abre espaço a situações como a da faculdade de letras que referiu o nerd. E estas são perigosas, muito perigosas.
concordo, mas... Os últimos 30 anos estão a começar a ser atirados para o divã colectivo e neste momento existe já uma percepção muito clara de tudo aquilo que correu mal neste periodo. Assim sendo, os anos de ditadura estão hoje cada vez mais remetidos para o dominio do facto histórico. Como caricatura diria: hoje em dia os fantasmas do PREC e dos seus variadíssimos legados/derivados ocupam muito mais a agenda colectiva do que os fantasmas da ditadura. As perguntas hoje são muito mais: porque continuamos os mais pobres da Europa, porque não conseguimos reformar o estado. O facto da sociedade ver a liberdade e a democracia como bens adquiridos é bom sinal (de maturidade). Hoje podemos dar-nos ao luxo de eleger por pirraça, e num concurso da treta, o Salazar como o maior Português de sempre. Quando de facto muito poucos concordam com isso. Veja-se essa evidência aqui nesta sondagem:
correcção: o nerd não apontou nada sobre a fac. de letras.
o nerd, quanto muito, apontou o facto de o sr. anónimo ter feito uma sequência de equivalências, a saber : lista x = pnr = racistas = fascismo por um lado, e lista concorrente = jcp = comunismo = ??? carecendo aqui de acrescer mais qualitativos e saltando, acto contínuo para comunismo = fascismo = não-quero-isto-para-a-europa-liberal.
é precisamente os ??? que gostaria de ver esclarecido, a não ser que se retire a ilação que para o sr. anónimo comunismo encerra em si males tão grandes que serão porventura inomináveis e em natureza igual ou superior a racistas (para termos a sequência de equivalências alinhada).
a bem da honestidade intelectual, de qual tradição liberal falamos ?
há muito salazarismo na democracia pós-salazarista, há muito salazarismo por aí, não se espantem, o concurso só veio acordar o salazar que há em nós, mas depois, ao contrário dos pesadelos, a pessoa acorda, repara que está tudo bem, e volta a adormecer, com tranquilidade, o povo é sereno (ou de brandos costumes, como se dizia no tempodo salazar)
A participação de salazar no concurso é anti-constitucional, uma vez que na constituição consta a proibição de promoção de figuras fascistas ou pro-fascistas. O convite do BE e do PCP ao administrador da RTP a prestar declarações na assembleia, penso que assenta nisto, uma vez q a rtp é um canal público. Pena não o terem feito antes da figura funesta ter ganho o estúpido concurso. Ainda assim mais vale tarde que nunca. E lembro-me agora que, inicialmente, salazar não constava na lista de candidatos. Houve reclamações, a rtp desculpou-se da lacuna e então resolveu incluí-lo.. Saíu-lhes o tiro pela colatra.
Do museu não sou contra, se querem fazer um museu de Salazar que o façam, desde que não seja com dinheiros públicos e que seja com rigor científico. Não vejo que este tipo de proibições seja a melhor solução.
Esse convite do BE e do PCP só pode ser piada... Isto tudo foi apenas uma piada king-size (!)... Tratar isto como coisa séria só torna a piada ainda mais delirante. O BE devia estar mais preocupado com o cartaz do Marquês e esquecer o assunto. Já o PCP comprendo: o assunto foi catastrófico para eles, porque nem podem dizer que o concurso foi a sério (porque aí teriam de admitir que salazar ressuscitou), nem lhes convém dizer que foi uma palhaçada porque afinal o Cunhal ficou em segundo... Um dilema do camandro...
Quanto ao museu: espero bem que seja com dinheiros públicos porque só aí há a garantia de ser um museu histórico, organizado por historiadores e especialistas no estado novo. E não um museu-altar dedicado a Salazar.
neste ponto também estou de acordo com o manyfaces, se se fizer o museu que o façam com dinheiros públicos e tendo em conta que é um espaço que permitirá contar a história do que foi de facto o Estado Novo. Só assim se poderá controlar desde o poder publico o que por lá se passar.
14 comentários:
O que é de facto triste é que não haja memória histórica nem decência política neste país e o tenham posto como um candidato elegível(refiro-me ao nojento do Salazar)
E ainda querem fazer um museu dedicado a esta época negra da nossa história. Só espero que não se esqueçam de por lá os mortos que esse regime originou, os presos políticos e os indicadores sociais e ecónomicos desse tempo.
Convém acrescentar que membros do PNR se estão a candidatar à direcção da Associação de Estudantes da Faculdade de Letras. Debaixo da Lista X está um grupo organizado de simpatizantes do PNR, responsável pela recruta de membros para associações racistas dentro da Faculdade de Letras de Lisboa. O fascismo ganha terreno outra vez. Ninguém na Faculdade de Letras se mexe. A lista concorrente é uma lista da JCP. Comunismo ou Fascismo, serão escolhas dignas para a Europa de tradição liberal? Não me parece.
lista x = pnr = racistas = fascismo
outra lista = jcp = ???
aquando da "comparação" comunismo/fascismo o amigo anónimo podia obsequiar-nos com mais desenvolvimento (cf. equivalências acima, utilizando os seus termos)
agradecido,
Sobre a pseudo-paixão Salazarenta:
http://educar.wordpress.com/2007/03/26/salazar-e-nosso/#comment-4916
A mim não me repugna a ideia do museu, até o acho desejável...
Os Museus não deviam significar elogios, devem ser fieis depositários de acervos históricos de uma forma acessível ao público em geral e já agora apelativa para que a memória não caia no esquecimento...
Auschwitz actualmente é um museu!
Já agora é reinvidico mais investimento na cultura em Portugal; mais e melhores condições para os historiadores e para as aulas de história e já agora se não for pedir muito: que reconheçam que os historiadores também fazem ciência (já que neste país a ciência parece que apenas vem atarrachada a tubos de ensaio e tecnologias informáticas)!
ruiva, concordaria contigo se achasse que a história é neutral, mas não acho,basta para isso ver que a ausência de relevância das mulheres nos nossos manuais de história. A história foi contada segundo uma perspectiva androcentrica e hegemónica, bastante discutível desde as ciências sociais. Mas acho muito bem que se dêm mais incentivos para a História enquanto ciência a para a sua pedagogia, só assim poderemos contar a nossa História de uma forma mais verdadeira e inclusiva.
Também acho muito importantes os museus desde que a sua criação se afaste de interesses políticos e procure a veracidade dos factos, o que não acho que seja a proposta deste novo museu na terra natal do borra botas. Um museu do Estado novo seria fundamental para que preservemos a memória dos tempos negros que a ditadura trouxe ao país e que sejam lembrados os mortos, traumatizados e explorados da guerra colonial, a proibição da liberdade de expressão, os presos politicos e a mentalidade mesquinha e pobrezinha que ainda hoje teima em não sair da nossa identidade colectiva.
Quanto á teoria do Many faces sobre o humor nacional, gostava de acreditar nisso, mas não consigo, acho que o xenofobismo está de facto a ter mais força e parece que há uma espécie de amnésia colectiva sobre o tempo que passou entre o Estado Novo, a revolução e os nossos dias. A revolução foi um momento da nossa história fundamental para terminar com a ditadura, mas depois disso muitos governos, de direita e de esquerda, se sucederam e foi esse acumular que foi fazendo o país que temos hoje. Culpar a revolução de abril do estado actual do país e da democracia revela amnésia colectiva de curto prazo e abre espaço a situações como a da faculdade de letras que referiu o nerd. E estas são perigosas, muito perigosas.
concordo, mas...
Os últimos 30 anos estão a começar a ser atirados para o divã colectivo e neste momento existe já uma percepção muito clara de tudo aquilo que correu mal neste periodo. Assim sendo, os anos de ditadura estão hoje cada vez mais remetidos para o dominio do facto histórico. Como caricatura diria: hoje em dia os fantasmas do PREC e dos seus variadíssimos legados/derivados ocupam muito mais a agenda colectiva do que os fantasmas da ditadura. As perguntas hoje são muito mais: porque continuamos os mais pobres da Europa, porque não conseguimos reformar o estado.
O facto da sociedade ver a liberdade e a democracia como bens adquiridos é bom sinal (de maturidade). Hoje podemos dar-nos ao luxo de eleger por pirraça, e num concurso da treta, o Salazar como o maior Português de sempre. Quando de facto muito poucos concordam com isso. Veja-se essa evidência aqui nesta sondagem:
http://www.rtp.pt/wportal/sites/tv/grandesportugueses/SondagemGrandesPortugueses.pdf
Há qualquer coisa de nonsense nisto tudo que me agrada bastante...
correcção: o nerd não apontou nada sobre a fac. de letras.
o nerd, quanto muito, apontou o facto de o sr. anónimo ter feito uma sequência de equivalências, a saber : lista x = pnr = racistas = fascismo por um lado, e lista concorrente = jcp = comunismo = ??? carecendo aqui de acrescer mais qualitativos e saltando, acto contínuo para comunismo = fascismo = não-quero-isto-para-a-europa-liberal.
é precisamente os ??? que gostaria de ver esclarecido, a não ser que se retire a ilação que para o sr. anónimo comunismo encerra em si males tão grandes que serão porventura inomináveis e em natureza igual ou superior a racistas (para termos a sequência de equivalências alinhada).
a bem da honestidade intelectual, de qual tradição liberal falamos ?
há muito salazarismo na democracia pós-salazarista, há muito salazarismo por aí, não se espantem, o concurso só veio acordar o salazar que há em nós, mas depois, ao contrário dos pesadelos, a pessoa acorda, repara que está tudo bem, e volta a adormecer, com tranquilidade, o povo é sereno (ou de brandos costumes, como se dizia no tempodo salazar)
brandos costumes às vezes, costumes da brandoa nas outras vezes. (ouvi isto num programa de rádio)
A participação de salazar no concurso é anti-constitucional, uma vez que na constituição consta a proibição de promoção de figuras fascistas ou pro-fascistas. O convite do BE e do PCP ao administrador da RTP a prestar declarações na assembleia, penso que assenta nisto, uma vez q a rtp é um canal público. Pena não o terem feito antes da figura funesta ter ganho o estúpido concurso. Ainda assim mais vale tarde que nunca.
E lembro-me agora que, inicialmente, salazar não constava na lista de candidatos. Houve reclamações, a rtp desculpou-se da lacuna e então resolveu incluí-lo.. Saíu-lhes o tiro pela colatra.
Do museu não sou contra, se querem fazer um museu de Salazar que o façam, desde que não seja com dinheiros públicos e que seja com rigor científico. Não vejo que este tipo de proibições seja a melhor solução.
Esse convite do BE e do PCP só pode ser piada... Isto tudo foi apenas uma piada king-size (!)... Tratar isto como coisa séria só torna a piada ainda mais delirante.
O BE devia estar mais preocupado com o cartaz do Marquês e esquecer o assunto. Já o PCP comprendo: o assunto foi catastrófico para eles, porque nem podem dizer que o concurso foi a sério (porque aí teriam de admitir que salazar ressuscitou), nem lhes convém dizer que foi uma palhaçada porque afinal o Cunhal ficou em segundo... Um dilema do camandro...
Quanto ao museu: espero bem que seja com dinheiros públicos porque só aí há a garantia de ser um museu histórico, organizado por historiadores e especialistas no estado novo. E não um museu-altar dedicado a Salazar.
neste ponto também estou de acordo com o manyfaces, se se fizer o museu que o façam com dinheiros públicos e tendo em conta que é um espaço que permitirá contar a história do que foi de facto o Estado Novo. Só assim se poderá controlar desde o poder publico o que por lá se passar.
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