Saio de casa para o trabalho. Este é o meu primeiro dia de confronto com a nova lei do tabaco. Diga-se que a minha posição a esta hora é muito positiva para com a lei, só lhe vejo os encantos. Vou ao café do costume e gabo à dona da espelunca o ar respirável. A senhora - que não fuma - enaltece a lei e ambas concordamos com os benefícios que esta traz para a maioria. Café tomado, pego na carteira e peço-lhe o habitual maço de tabaco - eis o 1º embate com a nova realidade: 'Ah, sabe, já não vendemos tabaco. Agora com esta lei deixou de fazer sentido'. Desço a rua com o sabor do café na boca e sem o cigarro que o deveria acompanhar... Mas este amargo de boca não me amarga (ainda) a opinião sobre a lei. Hèlas.
Chego ao meu local de trabalho. Olho para as secretárias e vejo os cinzeiros vazios, o ar estranhamente diferente, respirável, diria. Afinal, parece que as ameaças de boicote à lei não passaram disso mesmo: ameaças. Tento não me preocupar muito com o assunto, nem era das pessoas que mais fumava ali, salvo em períodos de maior stress.
13:30 - debandada geral da mesa de almoço para um espaço exterior do edifício onde trabalho. Os meus colegas fumadores vão repor os níveis de nicotina. Por não me apetecer fumar à chuva e por trabalho acumulado, sento-me mais cedo a trabalhar. A sensação da conversa inacabada. Mas e aquela história interrompida e que está a ser contada/acabada lá fora... Hèlas.
15:30 - Uma colega que vai de férias atira-me com 300 coisas para fazer. Outra passeia-se nervosamente pela sala. 'Queres uma pastilha'? , pergunto-lhe. 'Não, obrigada, estou bem', vocifera a minha colega enquanto roi uma unha e parte para o exterior do edifício pela enésima vez, com os cigarros e o isqueiro.
19:30 - o nível de stress aumentou exponencialmente. Agora já não fumava: COMIA ao invés dois ou três cigarros. Infelizmente o que tenho para fazer não espera. Continuo resignada a acabar o que tenho para fazer. Hèlas. (entretanto a minha colega que roía as unhas começou a espirrar. Digo-lhe que não devia ir tantas vezes para a rua, mas ela não faz caso).
20:15 - Saio finalmente em direcção a casa. Uma colega dá-me boleia e tenho a sensação que infringimos a lei, ambas entrámos com os cigarros acesos na garagem. Empestamos o carro de fumo, mas vamos felizes a fumar para aí o segundo cigarro do dia (o meu, pelo menos).
20:30 - Já em casa: 'Amooooor, vou ali comprar cigarros. Queres também para ti?', pergunto. 'Não, ainda tenho aí uns quantos'. Vou aos três (únicos) cafés/restaurantes da zona. TODOS deixaram de vender cigarros. Volto para casa sem o maço almejado e no caminho decido finalmente que: i) sou contra a lei do tabaco, ii) que vou escrever um post a fazer estas queixinhas todas, iii) que a acho altamente cerceadora da liberdade individual, iv) que não estava minimamente preparada para o que aí vinha. Por isto tudo (espera aí que vou acender um cigarro) declaro que:
NESTE BLOGUE É PERMITIDO FUMAR.
6 comentários:
Locais onde é permitido fumar:
www.locaispermitidofumar.blogspot.com
ah valentes!!
espalhai a boa nova!!!
ja levei pro meu tasco!
:)
obrigada!
(pelos links do local livre, pela irreverência da múltipla e sua nova imagem, pelo post e link da sem-se-ver, gostei...)
Querida, andas pelas minhas idades concerteza... Mas «Hèlas» é com acento agudo, hêlass...
Também fumo, mas o que mais me interessa é PODER FUMAR SE ME APETECER!!!! Mesmo que não fume. Merda para tanta regra. Só por isso vou ali abaixo, pisar o traço contínuo, furar dois vermelhos, e apitar à porta da esquadra da GNR. claro que vivo na Província
querido jorginho (permite-me a reciprocidade no tratamento e já agora o 'tu'),
tens toda a razão: hélas - com acento agudo, corrija-se já!
mas... se fosse a ti não me arriscava tanto. fumar um cigarro num local recentemente proibido é uma coisa, 'furar' dois sinais vermelhos é outra (mas isto sou eu que vivo na cidade).
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