22 janeiro 2008

Parábola do banqueiro e o papagaio.

Numa ilha distante, viviam dois rapazes. Um, discreto e habilidoso de mãos, dedicava muito do seu tempo à construção de joeiras. Assim chamavam os nativos aos belos papagaios de papel que se erguiam no ar. Todas as mesadas eram amealhadas com o propósito de as aplicar na compra dos materiais que escolhia com zelo. E poupava porque o dinheiro estava caro e o fio com que içava os coloridos papagaios também. O outro, apreciador da beleza que resultava das mãos do seu amigo, mas pouco hábil para o imitar, resolveu propor-lhe um negócio: o dotado de mãos fabricava-lhe um papagaio e, em troca, ele brindá-lo-ia com uma bobina de barbante. Negócio fechado, o papagaio foi feito e entregue e a troca efectuada.
Naquela tarde soalheira, umas quantas joeiras esvoaçavam nas mãos de vários meninos enquanto o menino habilidoso se dedicava à construção de mais uma encomenda para a qual, desta vez, não precisara de comprar fio. Cortou, pintou, colou e, finalmente, o trabalho seria rematado atando-lhe o cordel. Foi então que se deparou com o inesperado: do grande rolo de barbante, apenas o que estava à superfície o era, sendo a restante bobina um amontoado de trapos que a engrossavam. Havia sido trapaçado!
Cresceram. O menino que sonhava com papagaios de papel continua a inventar sonhos que dedica aos netos. O outro tornou-se banqueiro.

Foi então que se confirmou a veracidade da máxima "de pequenino se torce o pepino".

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