E agora eu era terrorista e passava os meus dias e noites mergulhada nas páginas que me ensinavam a fabricar a bomba com que iria conseguir o que até agora me foi impossível, despedaçar-te em dezenas de pequenos bocados, o olho esquerdo, a mão direita, o sorriso fácil, pedaços perdidos no chão que eu hei-de apanhar com uma paciência de coleccionista, os tornozelos magros, o olhar míope, o silêncio afiado, pedaços perdidos que eu vou estudar com dedicação religiosa, a barriga ainda lisa, as palavras que nunca me disseste, pedaços perdidos com os quais vou ensaiando outros tus, o canto da boca, a barriga da perna, a sombra oblíqua, até conseguir encontrar a combinação perfeita que nunca encontrei em ti.
12 comentários:
gosto tanto quando tu brincas assim com as palavras!
Eu também! Gosto de a ver construir o texto literário.
Eu gosto de a ver desnudar a epiderme da alma
poderoso!
continua a brincar, querida oito.
Eu gosto de a ver dar porrada no gajo.
eu gosto sei lá do quê! gosto da falha. do que não está lá. gosto deste ir a jogo. dessa nossa projecção da perfeição alheia. ou desta nossa teimosa insistência nela. gosto da forma como as nossas porradas fazem sempre ricochete. e como estamos aqui a escrevê-las. e gosto também deste a brincar, deste "se eu fosse". por momentos sou tentado a abrir uma excepção e encarar o terrorismo com indulgente e seduzido olhar. há nesta tua fantasia terrorista aquilo que eu gosto: o arrasar e o remontar.
outra coisa, um pedido: é contra a filosofia do blogue pôr marcadores? se não, faz um marcador para esta série, please.
Posso reforçar o pedido do jpn?
Então faça, se achar bem.
Está feito. A pedido de várias famílias criei o marcador (ou label ou lá como se chama) A brincar. Gosto que gostem destas brincadeiras em que posso ser o que quiser.
E agora desculpem, que vou ali brincar um bocado e já venho.
amen.
(pena ser 'a brincar')
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