17 maio 2007

De que falamos quando falamos de cancro?

O cancro é a segunda maior causa de morte nos países desenvolvidos, e é a única doença mortal não infecciosa cuja incidência não diminuiu nos últimos 50 anos; ou seja, a percentagem de mortes por cancro foi a mesma em 1950 e em 2000.

O cancro é uma massa de células nossas alteradas; ou seja, já não são nossas, é como se fosse um corpo dentro do corpo, com vida própria, com organização toda sua e, o que é pior, mais rápida e eficiente que as normais.

Todos os dias as células podem sofrer mutações genéticas, pelos mais diversos motivos. Em condições normais, o organismo é capaz de detectar e reparar o erro ou de eliminar a célula danificada; quando isso não acontece e a célula com o genoma alterado se começa a dividir e multiplicar, mantendo o gene danificado e assim modificando a forma e função normal daquele tipo de célula, aparece uma massa de células diferente da original.

Se essa massa estiver contida no espaço, for constituída por células semelhantes à do tecido original e apenas for problemática para o organismo pela dimensão que atingiu ou pelas segregação excessiva de substâncias biologicamente activas, classifica-se de tumor benigno.

Por outro lado, se essas células forem muito diferentes em forma e função às do tecido hospedeiro, e forem agressivas o suficiente podem também invadir tecidos vizinhos. Algumas células podem-se destacar da massa original e entrar na corrente sanguínea, alojando-se noutras partes do corpo e começarem também aí a multiplicar-se (processo de metastização). Nestes casos, deixam de responder aos estímulos normais de morte celular ganhando assim imortalidade, e a esta massa chama-se tumor maligno ou cancro.

Quando um tumor é detectado é porque já possui, em média, mais de 10 biliões de células, e o sucesso da terapia depende do tipo e tamanho do tumor, bem como do órgão e funções afectadas.

Algumas pessoas têm mais probabilidades de virem a ter determinadas alterações genéticas que iniciem esse processo, por terem herdado genes que juntamente com outro pequeno dano despoletem o aparecimento de uma célula defeituosa; no entanto, pode-se ter essa predisposição sem que nunca se desenvolva a doença (por exemplo, apenas 10-20% dos cancros da mama aparecem em pessoas com histórias familiares de cancro, e só 5% se devem a causas hereditárias conhecidas). Pode também haver uma baixa das defesas normais do organismo, o que faz com que as moléculas responsáveis pela detecção e destruição de células anormais não funcionem correctamente ou no tempo previsto, permitindo o desenvolvimento da célula danificada.


As explicações científicas de pouco servem no momento da verdade. Apenas me dá algum consolo conhecer a cara do inimigo.

1 comentário:

dizia ela baixinho disse...

olha a nossa querida múltipla pôs a sua sapiência ao serviço do 8 e coisa! (sim, que isto é tudo da sua lavra!).

p escreveres isto aqui é pq aquela coisa-cujo-nome-não-se-pode-pronunciar (TESE!) está quase, não é?

dá-lhe, miúda!

beijos!