E pensei: era tão bom que todas coisas erradas, más, feias, e medíocres deste mundo pudessem passar, de uma vez por todas, para o Second Life deixando-nos, finalmente, ter uma Prime Life aqui na Terra.
31 janeiro 2008
Delírio
"Os partidos também abriram sedes no Second Life, e o edifício do PP já foi vandalizado na sua versão virtual. Gaspar Llamazares, da Izquierda Unida, usou o seu avatar - duplo no jogo - para fazer um discurso.", li hoje no DN.
30 janeiro 2008
Também gosto disto
It starts in my toes
makes me crinkle my nose
where ever it goes i always know
that you make me smile
please stay for a while now
just take your time
where ever you go.
Colbie Caillat, Bubbly
Carnaval
Adoro o Carnaval. Mesmo. Vibro com as músicas, as máscaras, os costumes, os confetis, as serpentinas, tudo e tudo e tudo.
Se houver por aí outras aves raras como eu, deixo-vos uns links com musiquinhas da época que adoro. Seja para brincar ao Carnaval ou, como triste remédio, só para trautear.
http://www.melsonho.com/carnaval/003carnaval.htm
http://www.kboing.com.br/script/radioonline/busca_artista.php?artista=carnaval&cat=music
http://www.miniweb.com.br/cidadania/dicas/musicas_carnavalescas.html
http://www.samba-choro.com.br/noticias/arquivo/8172
Se houver por aí outras aves raras como eu, deixo-vos uns links com musiquinhas da época que adoro. Seja para brincar ao Carnaval ou, como triste remédio, só para trautear.
http://www.melsonho.com/carnaval/003carnaval.htm
http://www.kboing.com.br/script/radioonline/busca_artista.php?artista=carnaval&cat=music
http://www.miniweb.com.br/cidadania/dicas/musicas_carnavalescas.html
http://www.samba-choro.com.br/noticias/arquivo/8172
29 janeiro 2008
Nova Carta de Direitos Humanos (III)
Artigo 3º – O direito de tirar o cu
Toda e qualquer pessoa tem direito de tirar o cu de uma situação na qual já não se sente confortável, sem ter que se sentir culpada perante o mundo.
Toda e qualquer pessoa tem direito de tirar o cu de uma situação na qual já não se sente confortável, sem ter que se sentir culpada perante o mundo.
Um serviço 8 e coisa
Tem falta de visão macro e não quer adoptar? Nasceu deficiente do sentido estético-estático que o impede de apreciar os 4'33'' do John Cage?
Não procure mais.
Depois de aturadas negociações, 8 e coisa 9 e tal conseguiu contratar como consultora permanente a Hipocondríaca de serviço que combina a medicina alopática com um conjunto de conhecimentos holísticos que permitem uma rápida e pronta reconversão.
1º consulta grátis.
MC para miúdos
Alguém se enganou no número de telefone
Há dois António Pinto Ribeiro. Um, é o ex-programador da Culturgest e um dos princiais especialistas em política da cultura. O outro é advogado, especializado na defesa dos direitos humanos. O Governo nomeou António Pinto Ribeiro para ministro da cultura. O advogado.
Há dois António Pinto Ribeiro. Um, é o ex-programador da Culturgest e um dos princiais especialistas em política da cultura. O outro é advogado, especializado na defesa dos direitos humanos. O Governo nomeou António Pinto Ribeiro para ministro da cultura. O advogado.
A explicação, no Zero de conduta.
28 janeiro 2008
Resistência Bacana
ou uma outra definição de resiliência:
"Todos conocemos a personas y ciertos grupos humanos que no se arrugan en la adversidad.
Conocemos a muchos bacanes y bacanas, que en medio de las mayores penurias, tienen la capacidad para resistir la contingencia, el trauma, el estrés, sin quebrarse y salir robustecidos en el proceso.
Es por eso que podemos afirmar que la emoción bacana es muy útil, tanto individual como colectivamente, porque permite mantener el animo, la lucha en la adversidad.
Las ciencias que estudian los fenómenos síquicos y sociales llaman a esta capacidad resiliencia, nuestra gente la llaman sencillamente resistencia bacana."
Conocemos a muchos bacanes y bacanas, que en medio de las mayores penurias, tienen la capacidad para resistir la contingencia, el trauma, el estrés, sin quebrarse y salir robustecidos en el proceso.
Es por eso que podemos afirmar que la emoción bacana es muy útil, tanto individual como colectivamente, porque permite mantener el animo, la lucha en la adversidad.
Las ciencias que estudian los fenómenos síquicos y sociales llaman a esta capacidad resiliencia, nuestra gente la llaman sencillamente resistencia bacana."
Bacanice planetária
Chegou finalmente o sitio de encontro dos bacanos e bacanas de todo o mundo. Vejam o blog e o video para saberem o que é a bacanice e o que é ser um verdadeiro bacano/a!
Em movimento (social) - 1
Contas feitas e desfeitas
“As ONG” são todo um tema de discussão. Um comentário fez-me de novo recordar que há uma vox populis que brada que são umas oportunistas, com financiamentos ilícitos ou contrários aos seus princípios. É difícil falar de um todo geral pois vê-se de tudo, por isso não gosto de meter “as ONG” todas no mesmo saco. Comecemos por ver primeiro o que são e o que não são “as ONG.
Primeiro que tudo as organizações que trabalham em prol da resolução dos problemas sociais, já seja a escala macro ou micro, podem ter muitas formas diferentes de organização jurídica, ongs, cooperativas, associações, fundações, etc, etc, etc. Prefiro por isso o termo Organizações do Terceiro Sector (OTS), e terceiro no sentido de alternativa/complemento ao Estado e às empresas privadas. Não são Estado, mas a sua missão enquadra-se dentro de uma esfera social, tal como o Estado. Não são empresas, mas tal como estas, têm que funcionar como organizações, e têm de se sustentar a si e às diversas pessoas que nela, para ela e com ela trabalham, garantindo, tanto quanto possível, condições laborais justas. Além disso, os seus recursos são um factor muito importante para o êxito dos seus projectos e para conseguir alcançar as metas a que se propõem. Mas, ao contrário das empresas (salvo honrosas excepções), o seu principal objectivo não é conseguir lucros só para si mas contribuir para a resolução dos problemas que se propõem, sejam estes o direito à educação das crianças na Índia, das mulheres da Quinta do Mocho ou da comunidade de imigrantes de Cabo Verde em Portugal. Ou o salvamento da redução/extinção dos animais do nosso planeta. Ou o direito dos indígenas à sua autodeterminação enquanto povos. Ou o direito à paz. Ou a necessidade de melhorar a vida dos habitantes de uma aldeia do interior de qualquer país. Ou o apoio à vitimas do cancro. Ou qualquer outro problema de ordem social.
Para poderem alcançar os seus objectivos necessitam recursos, humanos, financeiros, materiais. A maior parte destas organizações tem um problema que afecta a sua sustentabilidade, os seus estatutos impedem-nas de gerar dinheiro e de vender serviços. Trabalham por isso através de projectos que asseguram os recursos humanos necessários à manutenção da organização, ainda que em regimes laborais quase sempre muito instáveis e precários. Têm diversas fontes de financiamento, fundos públicos, cooperação internacional, empresas privadas, angariação de fundos, quotas de associados.
Para poderem alcançar os seus objectivos necessitam recursos, humanos, financeiros, materiais. A maior parte destas organizações tem um problema que afecta a sua sustentabilidade, os seus estatutos impedem-nas de gerar dinheiro e de vender serviços. Trabalham por isso através de projectos que asseguram os recursos humanos necessários à manutenção da organização, ainda que em regimes laborais quase sempre muito instáveis e precários. Têm diversas fontes de financiamento, fundos públicos, cooperação internacional, empresas privadas, angariação de fundos, quotas de associados.
Assim, financeiramente falando, já vi, ouvi e li de organizações que se preocupam muito pela credibilidade dos seus financiadores e por manter a coerência dos seus princípios; de outras que utilizam o seus recursos para a satisfação dos seus elementos (ou alguns deles) e não para a sua população objectivo; ou das que são apoiadas por interesses escondidos detrás de grandes projectos macroeconómicos,; ou que fazem desfalques; ou de outras em constante luta pela sobrevivência do ano seguinte; ou das já têm uma gestão de recursos mais ou menos montada que lhes permite ir expandido-se, cumprindo e ampliando os seus objectivos.
Todas sobrevivem e continuam-se num mundo em que a gestão de recursos financeiros é essencial e difícil. E observo que cada vez mais, as OTS se preocupam por ser transparentes quanto às suas fontes de financiamento e gestão de recursos financeiros e que publicam o seu relatório anual de contas nas suas páginas web para poder ser consultado por qualquer pessoa que tenha interesse e paciência para isso.
sim, é um deles!
Como já devem ter reparado, o Arcebispo da Cantuária é um dos meus preferidos:
"a i
Um dos problemas da relação entre homens e mulheres é uma mera questão de conflito de vogais que se verifica entre o "i" e o "a".
Quando estas precisam de miminhos, aqueles pensam em maminhas"
"a i
Um dos problemas da relação entre homens e mulheres é uma mera questão de conflito de vogais que se verifica entre o "i" e o "a".
Quando estas precisam de miminhos, aqueles pensam em maminhas"
27 janeiro 2008
26 janeiro 2008
Greenpeace
A Greenpeace, uma das organizações de maior referência na defesa dos direitos ambientais, vai finalmente chegar a Portugal. Quem quiser, pode encontrar aqui algumas sugestões para colaborar com eles e com o nosso planeta.
25 janeiro 2008
Conversas cruzadas num clix
Liguei para a bilheteira. Enquanto esperava que atendessem, comecei a ouvir uma conversa ao longe. O som do toque interrompia uma mulher que falava do preço do agrião e do bacalhau, está pela hora da morte, a minha filha já me disse que não compre mais ali mas o agrião é bom e eu dou dois euros pelo molho de agrião. O rapaz da bilheteira atendeu, negócio fechado, bilhetes reservados. Quando estava a desligar ouvi uma frase que me deixou intrigada: "estão pendurados nas árvores e ninguém os apanha".
Bendita clix que não apenas me dá chamadas de borla mas também me deixa ouvir as conversas dos outros.
Luar
Têm olhado pela janela nestas últimas noites? Acho que não. Se tivessem, já alguém teria dito"viste como tem estado?? O luar está lindo, redondo, luminoso, com qualquer coisa de mágico".
Como diz o meu "verdadeiro almanaque "Borda d´Água", reportório útil a toda a gente, contendo todos os dados astronómicos e religiosos e muitas indicações úteis de interesse geral": não há luar como o de Janeiro, nem amor como o primeiro.
E, já agora, durante este mês o dia aumenta em Lisboa 43 min e no Porto 47 min. Para mais informações sobre agricultura, jardinagem e animais, por favor dirija-se à caixa postal.
24 janeiro 2008
Je bois
À beira de completar uma semana de um dia qualquer, a música e respectiva letra que me acompanham desde sempre (pois, no youtube não encontrei melhor versão...).
Outra música do mesmo autor aqui, encontrada nos arquivos desta chafarica.
Outra música do mesmo autor aqui, encontrada nos arquivos desta chafarica.
Je Bois
Je bois
Systématiquement
Pour oublier les amis de ma femme
Je bois
Systématiquement
Pour oublier tous mes emmerdements
Je bois
N'importe quel jaja
Pourvu qu'il fasse ses douze degrés cinque
Je bois
La pire des vinasses
C'est dégueulasse, mais ça fait passer l'temps
La vie est-elle tell'ment marrante
La vie est-elle tell'ment vivante
Je pose ces deux questions
La vie vaut-elle d'être vécue
L'amour vaut-il qu'on soit cocu
Je pose ces deux questions
Auxquelles personne ne répond... et
Je bois
Systématiquement
Pour oublier le prochain jour du terme
Je bois
Systématiquement
Pour oublier que je n'ai plus vingt ans
Je bois
Dès que j'ai des loisirs
Pour être saoul, pour ne plus voir ma gueule
Je bois
Sans y prendre plaisir
Pour pas me dire qu'il faudrait en finir...
Je Bois, Boris Vian, 1955.
Scientist for better PCR ou Who's your daddy?
Uma famosa empresa de aparelhos e equipamentos para laboratório, a Bio-Rad, fez esta música e respectivo vídeo promocional do seu novo PCR.
PCR, polymerase chain reaction, uma técnica inventada por Kary Mullis que permite amplificar in vitro bocados de DNA, é aplicada nas mais variadas vertentes da biologia molecular - incluindo descobrir a paternidade e identificar criminosos partindo de bocados de cabelo, como no CSI (que deve ser patrocinado pela Eppendorf a julgar pelo material de laboratório que usam).
Foi uma revolução, passar da clonagem em bactérias ou leveduras, para a amplificação em tubos de ensaio usando um sistema de aquecimento e arrefecimento na presença da enzima adequada (que sintetiza DNA e não é inactivada com os choques térmicos) e dos quatro nucleótidos, as peças de que a molécula é feita - o video serve para promover um aparelho que faz o ciclo aquecimento/arrefecimento de forma eficaz.
A grande novidade está em fazer-nos sorrir enquanto nos impingem o seu mais recente gadget. Eu gosto especialmente do gajo abraçado ao aparelho e a dar-lhe beijinhos enquanto canta o refrão.
Heathcliff
descoberto morto, nu na cama, com drogas legais e ilegais na mesa de cabeceira, pela massagista e pela empregada. não havia bilhete de suícidio. nem indícios de homicídio. cansou-se ou passou-se da dose.
há quem diga que foi parar ao inferno por ter feito um personagem homosexual. há quem se revolte com quem fez e propaga essas declarações.
eu continuo a subscrever que o inferno são os outros.
Ano novo
Chega de desculpas e pretextos, razões cheias de razão ou sem ela. Não tenho de ser igual a toda a gente, esperar da vida a mesma sucessão de coisas e de acontecimentos na sua ordem natural que afinal não é tão natural assim. Chega de me contentar com o meu emprego só porque ganho bem desconto para a reforma tenho vinte e dois dias úteis de férias, só porque é bom e seguro ter um emprego mesmo que o deteste e conte o tempo que falta para finalmente sair dali e me cruzar com centenas de pessoas que tapam o nariz e suportam oito horas da mesma coisa por dia, chega de ter pouco tempo para ser eu fora dali, chega de pensar em tudo aquilo que poderia estar a fazer se resolvesse ignorar as regras deste jogo e saísse porta fora para lado nenhum. Chega de desculpas e pretextos, razões cheias de razão ou sem nenhuma. Eu não tenho de ser o que esperam de mim, quero lá saber o que pensam o pai a mãe os amigos a família, quero que se lixe a ordem natural das coisas que afunila os olhos as mãos as vidas até as transformar nisto em que me fui tornando. Por isso vou sair por aquela porta e descobrir que existo inteira num sítio qualquer, vinte dedos, duas mãos, duas pernas, uma cabeça, um tronco. Vou fechar a porta atrás de mim e largar esta pessoa que se colou a mim e que afinal não sou eu.
23 janeiro 2008
Como gastar um salário mínimo em menos de 24h - e conseguir ter prazer com isso
Multa por atraso na inspecção periódica obrigatória - 250 €
Multa por estacionamento em cima do passeio - 30 €
Multa por remoção do veículo (vulgo reboque) - 50 €
1 diária no parqueamento da polícia municipal - 10 €
Inspecção periódica obrigatória - 26.83 €
Ida à garagem para substituir uma das luzes da chapa de matrícula (esquerda), um dos piscas que está a perder a cor (frente direita) e a escova do limpa vidros da traseira - 60€
Segunda inspecção periódica obrigatória (porque duas das anteriores observações eram reincidências do ano passado, mas preferi chumbar o carro que arriscar nova multa por falta de inspecção. quando virem o preço percebem porquê)- 6.73 €
Passagem do livrete do carro para o meu nome (em vez do do santo do meu Pai, que se sonha das coisas que faço com a propriedade dele esgana-me) - 63 €
Gabardine, óculos escuros e saltos altos, para ver se o meu namorado me faz o mesmo que a polícia mas com mais proveito para mim - 70 € (nos saldos da Zara, claro).
Total: 568. 56 €
Valor do salário mínimo em Portugal: 437 euros mensais
A casa ganha por 131.56 €, uma crise de caspa e dois orgasmos múltiplos.
Prevenção de actos terroristas
Descobri há pouco que tenho uma dívida de mais de € 4.000 à Segurança Social. Quando a senhora da tesouraria me passou os papéis de todos os anos e todos os meses que nunca paguei, hesitei entre a emigração imediata e o instinto terrorista.
Alguém sabe dizer o que pode acontecer se eu não pagar esta dívida?
22 janeiro 2008
Conversa de amigos
...
- Então e tu como andas?
- Sabes, ultimamente sinto-me muito estável emocionalmente: estou sempre triste.
...
- Então e tu como andas?
- Sabes, ultimamente sinto-me muito estável emocionalmente: estou sempre triste.
...
One fine day
Gosto de regras, leis, ordens. Que as coisas sejam feitas de uma certa maneira, ordeira, ordenada, que saiba com o que possa contar. Que possa obedecer e quebrá-las, e saber que ao fazê-lo corro o risco do castigo decorrente. Mas sei também que a justiça cega é incorrecta, e que uma multidão cumpridora e acéfala é tão ou mais perigosa que um bando de anarquistas radicais.
Moro numa rua entalada entre dois grandes bairros de Lisboa, cheios de escritórios, hospitais, lojas e afins. A única rua num raio de 5 Km onde não foram postos parquímetros - muito prático e confortável para as visitas que não têm de se preocupar com o pagamento à EMEL.
No entanto, para quem aqui vive, isso apenas significa que nunca temos lugar para estacionar, estando muitas vezes obrigados a deixar o carro em cima do passeio para levar as compras para casa ou dar o almoço à família. Hoje foi um desses dias.
Levanto-me de um salto quando me toca a vizinha do andar de baixo a avisar que o meu carro estava a ser rebocado pela Polícia Municipal. Pego nas chaves, desço as escadas a correr e vejo passar o reboque com o meu carro mesmo à frente dos meus olhos ao sair do meu patamar.
Fiquei em estado de choque, subi, telefonei à polícia a ver se podiam mandar o reboque para trás mas nada feito. Além do mais tinha de esperar a chegada do carro ao silo para descobrir se tinha sido a pm, a emel ou a psp a rebocar-me a viatura.
Descubro que a carrinha da polícia ainda está na rua, pelo segundo dia consecutivo a bloquear e multar todos os carros parados em cima do passeio - sem perceber que eles aí estão porque os moradores não têm outro sítio para os pôr. Como não há parquímetros na nossa rua não temos direito ao cartão de residente da EMEL e estamos limitados aos cada vez menos lugares existentes.
Com a fúria a crescer dentro de mim decido ir falar com os agentes da autoridade, pelo menos para saber para onde me mandaram a viatura. Encontro dois homens fardados, confortavelmente sentados dentro de uma carrinha, com uma fila de 4 pessoas com ar de condenados à morte com os documentos na mão e o multibanco pronto a tirar-lhes um peso de cima.
Tentando soar o mais tranquila que consigo, pergunto qual o destino do reboque. Informam-me que é perto do Colombo. Pergunto porque fazem isto aos moradores, "respondo-lhe o mesmo que aos outros, limitamo-nos a cumprir ordens". Com esta tirada começa-me a subir a mostarda a todos os nervos olfativos que possuo. O do lado, mais escondido, decide rosnar umas coisas "nós bloqueamos e multamos todos os que estão em cima do passeio, mas o seu mandámos rebocar porque nem uma cadeira de rodas passava". Nesse preciso momento compreendi os crimes passionais. Para além de não ser verdade o que tinha acabado de dizer, a carrinha onde estavam sentados ocupava todo o passeio que era acusada de estar a bloquear. Os entrevadinhos a quem eu, a incivil, impedia a passagem eram obrigados a mudar de passeio por causa do porquinho mealheiro da câmara municipal de lisboa. É muito mais fácil mandar uns agentes passar o dia a bloquear e a multar carros que ter de tomar uma decisão pelos moradores, contribuintes e eleitores do bairro.
Depois de ter telefonado a 4 departamentos diferentes da CML vou mesmo ter de fazer um abaixo assinado, como me mandaram fazer, quase à boca pequena, da vez em que fui reclamar ali para os lados do campo grande.
Sinto-me fornicada de forma cega, surda e muda. Há maneiras mais agradáveis de o fazer.
Procissões
Cláudia Nóvoa + Francesca Woodman
“...I have sand in my scalp, sleepy sand in eyes, sandpaper tongue, sand thoughts all from the sea. That is where I was instead of anything else all Weekend...” (Francesca Woodman, 1973).
Dias 25 e 26 de Janeiro no CCB, Cláudia Nóvoa - bailarina e coreógrafa apresenta a sua nova criação, Olhos de Areia, baseada no trabalho de Francesca Woodman, artista visual norte-americana. Podem encontrar algum do seu trabalho (fotográfico) aqui.
Parábola do banqueiro e o papagaio.
Numa ilha distante, viviam dois rapazes. Um, discreto e habilidoso de mãos, dedicava muito do seu tempo à construção de joeiras. Assim chamavam os nativos aos belos papagaios de papel que se erguiam no ar. Todas as mesadas eram amealhadas com o propósito de as aplicar na compra dos materiais que escolhia com zelo. E poupava porque o dinheiro estava caro e o fio com que içava os coloridos papagaios também. O outro, apreciador da beleza que resultava das mãos do seu amigo, mas pouco hábil para o imitar, resolveu propor-lhe um negócio: o dotado de mãos fabricava-lhe um papagaio e, em troca, ele brindá-lo-ia com uma bobina de barbante. Negócio fechado, o papagaio foi feito e entregue e a troca efectuada.
Naquela tarde soalheira, umas quantas joeiras esvoaçavam nas mãos de vários meninos enquanto o menino habilidoso se dedicava à construção de mais uma encomenda para a qual, desta vez, não precisara de comprar fio. Cortou, pintou, colou e, finalmente, o trabalho seria rematado atando-lhe o cordel. Foi então que se deparou com o inesperado: do grande rolo de barbante, apenas o que estava à superfície o era, sendo a restante bobina um amontoado de trapos que a engrossavam. Havia sido trapaçado!
Cresceram. O menino que sonhava com papagaios de papel continua a inventar sonhos que dedica aos netos. O outro tornou-se banqueiro.
Foi então que se confirmou a veracidade da máxima "de pequenino se torce o pepino".
Cresceram. O menino que sonhava com papagaios de papel continua a inventar sonhos que dedica aos netos. O outro tornou-se banqueiro.
Foi então que se confirmou a veracidade da máxima "de pequenino se torce o pepino".
21 janeiro 2008
Emaranhado
Palavras sábias de António Gedeão
As coisas belas,
as que deixam cicatrizes na memória dos homens,
por que motivo serão belas?
E belas, para quê?
Põe-se o sol porque o seu movimento é relativo.
Derrama cores porque os meus olhos vêem.
Mas porque será belo o pôr do sol?
E belo, para quê?
Se acaso as coisas não são coisas em si mesmas,
mas só são coisas quando coisas percebidas,
por que direi das coisas que são belas?
E belas, para quê?
Se acaso as coisas forem coisas em si mesmas
sem precisaram de ser coisas percebidas,
para quem serão belas essas coisas?
E belas, para quê?
Poema das coisas belas, António Gedeão
as que deixam cicatrizes na memória dos homens,
por que motivo serão belas?
E belas, para quê?
Põe-se o sol porque o seu movimento é relativo.
Derrama cores porque os meus olhos vêem.
Mas porque será belo o pôr do sol?
E belo, para quê?
Se acaso as coisas não são coisas em si mesmas,
mas só são coisas quando coisas percebidas,
por que direi das coisas que são belas?
E belas, para quê?
Se acaso as coisas forem coisas em si mesmas
sem precisaram de ser coisas percebidas,
para quem serão belas essas coisas?
E belas, para quê?
Poema das coisas belas, António Gedeão
20 janeiro 2008
Daniel (Israelo-Palestino) Barenboim
Na mesma semana em que G.W. Bush se desloca a Israel e faz o apelo ao desmantelamento de alguns colonatos judeus em território palestino, é com supresa, agrado e espanto que leio no "Expresso" que Daniel Barenboim - pianista, maestro e, actualmente, director do Teatro alla Scala de Milão - judeu israelita, aceita a nacionalidade palestina, "num gesto de grande simbolismo que ele espera contribuir para aproximar judeus e árabes" (Expresso, 19.01.2008).
Em baixo um vídeo de uma das suas muitas belíssimas actuações (As variações de Goldberg, Aria, J.S. Bach).O que me chateia
O que me chateia não é o número redondo. O que me chateia é que o número redondo tenha tantos números dentro, os anos em que fui uma e outra e ainda outra coisa, até chegar aqui onde descubro todas as contas que tenho de fazer para saber quem sou agora.
19 janeiro 2008
18 janeiro 2008
Letargia
Passo mesmo ao teu lado mas tu não estás lá. Estás perto de qualquer coisa que não de mim. Intensamente perto daquilo que eu não sou. E eu passei a ser uma verdade criada por ti, sem actos nem palavras que te detenham, comprovada pelas memórias do nosso, teu, meu passado, confirmada pelas imagens do teu novo presente.
A minha defesa não existe nem nunca existiu. Eu sou um e outro e outro e outro, sem nunca poder cair, como a lágrima, vertical.
17 janeiro 2008
Haverá alguém que saiba responder a esta tremenda inquietação burocrática?
O que representa o dígito que aparece a seguir ao número de bilhete de identidade?
(A doutrina que eu conheço divide-se: a mais conservadora, afirma ser um dispositivo burocrático sem interesse; a teoria mais arrojada postula que esse dígito identifica o número de pessoas que têm o nome igual ao meu. Não sei qual das teorias devo seguir.)
Vergonha
Quando saímos da escola eu ia a cantar baixinho. Percebi (mais uma vez) que ele cresceu quando oiço Mãe, que vergonha, estás a cantar em frente de pessoas que não conheces.
16 janeiro 2008
I beg your pardon?
É do conhecimento público que a Sida, assim como outras DST, são cada vez mais frequentes entre a população heterosexual, apregoamos que queremos um mundo com respeito pela diversidade sexual, cada vez há mais países que reconhecem e muito bem os mesmos direitos sociais e políticos às pessoas com uma orientação sexual diferente à heterosexual e contudo, sendo o Canadá um destes países, proibiu a doação de órgãos por parte das pessoas com orientação homosexual.
Confesso que cada vez percebo menos este mundo em que vivemos.
Confesso que cada vez percebo menos este mundo em que vivemos.
O bom e o bonito
A realidade pintada de azul. Ou a melhor sensibilização de que tenho memória. Decidam por vocês, dura 30 segundos.
visto aqui.
visto aqui.
15 janeiro 2008
13 janeiro 2008
Acentuado arrefecimento nocturno
O meu problema com o inverno é a pequenez dos dias.
O acentuado arrefecimento nocturno começa por me adormecer as pontas dos dedos às cinco e meia da tarde.
Pelas sete, já não sinto metade do corpo. Uns dias é a parte esquerda, noutros é o tronco e a cabeça que deixam de fazer parte de mim, metade mulher metade cubo de gelo.
Quem me dera viver num país onde é sempre verão.
12 janeiro 2008
Epiderme 2
Andava com muita comichão na cabeça e desesperada resolvi ir a um bom dermatologista. Paguei 60 euros para ficar a saber que tinha piolhos.
Epiderme 1
Há uns tempos tive uma série de comichões nas zonas de contacto com a roupa. Diagóstico do dermatologista: alergia ao azul. A partir daí só visto vermelho, roxo e cor-de-laranja.
Opiário + Wordsong
A vida a bordo é uma coisa triste,
Embora a gente se divirta às vezes.
Falo com alemães, suecos e ingleses
E a minha mágoa de viver persiste.
Eu acho que não vale a pena ter
Ido ao Oriente e visto a índia e a China.
A terra é semelhante e pequenina
E há só uma maneira de viver.
Por isso eu tomo ópio. É um remédio
Sou um convalescente do Momento.
Moro no rés-do-chão do pensamento
E ver passar a Vida faz-me tédio.
(versão integral Opiário de Álvaro de Campos aqui)
Os Wordsong - extraordinária formação - souberam-no dizer/cantar de forma sublime. Ouçam.
Música Portuguesa
Para quem como eu gostar de música em português, aqui fica este link onde se encontra desde música tradicional até ao nosso mentor António Mafra, Sérgio Godinho, Fausto, etc.
E já agora, um pedido às radios nacionais: cumpram a lei e passem pelo menos 30% de música em português!
E já agora, um pedido às radios nacionais: cumpram a lei e passem pelo menos 30% de música em português!
11 janeiro 2008
Espalhando a boa nova*
Evolution is a scientific fact, and every organization whose research depends on it should explain why.
Three cheers for the US National Academy of Sciences for publishing an updated version of its booklet Science, Evolution, and Creationism. The document succinctly summarizes what is and isn’t science, provides an overview of evidence for evolution by natural selection, and highlights how,time and again, leading religious figures have upheld evolution as consistent with their view of the world.
For a more specific and also entertaining account of evolutionary knowledge, see palaeontologist Kevin Padian’s evidence given at the Kitzmiller v. Dover trial. Padian destroys the false assertions by creationists that there are critical gaps in the fossil record. He illustrates the fossil-rich paths from fish to land-based tetrapod, from crocodile to dinosaur to feathered dinosaur to bird, from terrestrial quadruped to the whale, and more besides.
Creationism is strong in the United States and, according to the Parliamentary Assembly of the Council of Europe, worryingly on the rise in Europe. But die-hard creationists aren’t a sensible target for raising awareness. What matters are those citizens who aren’t sure about evolution — as much as 55% of the US population according to some surveys.
As the National Academy of Sciences and Padian have shown, it is possible to summarize the reasons why evolution is in effect as much a scientific fact as the existence of atoms or the orbiting of Earth round the Sun, even though there are plenty of refinements to be explored. Yet some actual and potential heads of state refuse to recognize this fact as such. And creationists have a tendency to play on the uncertainties displayed by some citizens. Evolution is of profound importance to modern biology and medicine. Accordingly, anyone who has the ability to explain the evidence behind this fact to their students, their friends and relatives should be given the ammunition to do so. Between now and the 200th anniversary of Charles Darwin’s birth on 12 February 2009, every science academy and society with a stake in the credibility of evolution should summarize evidence for it on their website and take every opportunity to promote it.
!!!!!!
"At the age of 27 this young woman at the height of her reproductive years was sterilised to "protect the planet".
Having children is selfish. It's all about maintaining your genetic line at the expense of the planet," says Toni, 35. "Every person who is born uses more food, more water, more land, more fossil fuels, more trees and produces more rubbish, more pollution, more greenhouse gases, and adds to the problem of over-population." While most parents view their children as the ultimate miracle of nature, Toni seems to see them as a sinister threat to the future.
Ou esta outra:
"I realised then that a baby would pollute the planet - and that never having a child was the most environmentally friendly thing I could do."
Descoberto via Maradona.
10 janeiro 2008
Direcção da Saúde pede prioridade à inspecção de locais com fumo
"Os responsáveis da Direcção-Geral de Saúde (DGS) e da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) reúnem-se hoje para discutir pormenores sobre a fiscalização da lei do tabaco. Só aí Francisco George (DGS) irá pedir a António Nunes (ASAE) para dar prioridade às "inspecções nos estabelecimentos de restauração e bebidas que tenham o dístico azul, ou seja, "fumadores". É que duvida que cumpram as regras".
Nem sei o que dizer...
08 janeiro 2008
Como ganhar 25 mil dólares
São mulheres assim, ignorantes e orgulhosas disso, que dão mau nome às loiras. Kellie Pickler, pelos vistos uma cantora country, no concurso americano igual ao do sabe mais que um miúdo de 8 anos ou coisa que o valha.
Está convencida que "Europa" é um país, fica por isso muito surpreendida com a pergunta "Budapeste é a capital de que país europeu?".
A grande questão que se põe é: será que o miúdo sabe?
07 janeiro 2008
Para ti
Beirut - Elephant Gun
If I was young, I'd flee this town
I'd bury my dreams underground
As did I, we drink to die, we drink tonight
Far from home, elephant gun
Let's take them down one by one
We'll lay it down, it's not been found, it's not around
Let the seasons begin - it rolls right on
Let the seasons begin - take the big king down
Let the seasons begin - it rolls right on
Let the seasons begin - take the big king down
And it rips through the silence of our camp at night
And it rips through the night
And it rips through the silence of our camp at night
And it rips through the silence, all that is left is all that i hide
http://www.youtube.com/watch?v=kjeh6P4sRfw#
Para o meu irmão.
If I was young, I'd flee this town
I'd bury my dreams underground
As did I, we drink to die, we drink tonight
Far from home, elephant gun
Let's take them down one by one
We'll lay it down, it's not been found, it's not around
Let the seasons begin - it rolls right on
Let the seasons begin - take the big king down
Let the seasons begin - it rolls right on
Let the seasons begin - take the big king down
And it rips through the silence of our camp at night
And it rips through the night
And it rips through the silence of our camp at night
And it rips through the silence, all that is left is all that i hide
http://www.youtube.com/watch?v=kjeh6P4sRfw#
Para o meu irmão.
06 janeiro 2008
Surpresas de ano novo
1 de janeiro de 2008,
1.00 h:
Tocam à porta. Era o meu vizinho do lado, que não conheço muito bem mas que já trocámos algumas palavras no elevador e que me emprestou a sua internet durante um mês enquanto a minha não chegava. Trazia uma garrafa de vinho tinto como oferta de novo ano. Agradeci-lhe imenso, contente com esta prenda tão inusitada mas também um bocado embaraçada; às vezes parece estranho que as pessoas sejam generosas, duma forma tão pouco habitual.
1.00 h:
Tocam à porta. Era o meu vizinho do lado, que não conheço muito bem mas que já trocámos algumas palavras no elevador e que me emprestou a sua internet durante um mês enquanto a minha não chegava. Trazia uma garrafa de vinho tinto como oferta de novo ano. Agradeci-lhe imenso, contente com esta prenda tão inusitada mas também um bocado embaraçada; às vezes parece estranho que as pessoas sejam generosas, duma forma tão pouco habitual.
5.00 h:
Quando toda a gente se foi deitar, ligo-me ao skype e encontro-me com o meu melhor amigo, meu vizinho de casa e de vida durante três anos, que está agora emigrado no Canadá, a fazer sozinho uma aventura difícil. Uma hora depois celebramos os dois a meia noite de Toronto.
9.30 h:
Liga o administrador do prédio, e depois de ter desejado bom ano, avisa-nos que o vizinho de baixo se queixou que tínhamos feito muito barulho entre as 12 e a 1 da noite de ano novo, e que não o deixámos dormir porque não só dançámos e arrastámos os móveis como tocámos panelas desalmadamente. Apesar de achar que isto era completamente descabido, desci as escadas uns dias depois para desculpar-me com o vizinho. Era um velhote resmungão que me falou por detrás do postigo e só disse: o que lá vai lá vai, cortando rapidamente a conversa.
9.30 h:
Liga o administrador do prédio, e depois de ter desejado bom ano, avisa-nos que o vizinho de baixo se queixou que tínhamos feito muito barulho entre as 12 e a 1 da noite de ano novo, e que não o deixámos dormir porque não só dançámos e arrastámos os móveis como tocámos panelas desalmadamente. Apesar de achar que isto era completamente descabido, desci as escadas uns dias depois para desculpar-me com o vizinho. Era um velhote resmungão que me falou por detrás do postigo e só disse: o que lá vai lá vai, cortando rapidamente a conversa.
Ás vezes, os vizinhos são boas metáforas da vida. Vejamos o que traz este ano que entrou tão insolitamente.
05 janeiro 2008
alfabeto numa manhã de sábado
albatroz busca carapau disléxico
elefante fulmina gerânios hesitantes
igreja jovem lamenta matrimónio náufrago
obituário paralisa quezilento rapaz
sandália trepida um velho xilofone zangado
elefante fulmina gerânios hesitantes
igreja jovem lamenta matrimónio náufrago
obituário paralisa quezilento rapaz
sandália trepida um velho xilofone zangado
04 janeiro 2008
o melhor do mundo são o quê?
No meio das minhas compras de natal passei numa loja onde há computadores com ligação à rede. Vi umas quantas miúdas, 13 14 anos não mais, agarradas às máquinas, todas ao messenger.
Contra todas as regras de boa educação espreitei para os monitores enquanto andava atrás delas, via as letras cor de rosa, as fontes manuscritas, os smiles abundantes. As meninas de totós, rabos de cavalo, tranças, todas com o ar de puberdade.
Exagero na minha intromissão na sua privacidade e consigo ler uma frase na janela do msn:
"Estoume a kontrolar para n t ir aos kornos, cabra de merda"
Engoli em seco e estuguei o passo.
Resiliência
Estava a ler este artigo do DN, quando o "resilientes" me despertou qualquer coisa. Achava que sabia o que era. Sobre a "resiliência" o dicionário só me dizia que era "um substantivo feminino, a capacidade de resistência de um material ao choque, que é medida pela energia necessária para produzir a fractura de um provete do material com dimensões determinadas; a energia potencial acumulada por unidade de volume de uma substância elástica, quando deformada elasticamente".
Fiz um um search e descobri aqui que "a resiliência é um termo oriundo da física. Trata-se da capacidade dos materiais de resistirem aos choques. Esse termo passou por um deslizamento em direção às ciências humanas e hoje representa a capacidade de um ser humano de sobreviver a um trauma, a resistência do individuo face às adversidades, não somente guiada por uma resistência física, mas pela visão positiva de reconstruir sua vida, a despeito de um entorno negativo, do estresse, das contrições sociais, que influenciam negativamente para seu retorno à vida. Assim, um dos fatores de resiliência é a capacidade do individuo de garantir sua integridade, mesmo nos momentos mais crítico".
Este ano quero ser mais resiliente, quero ter a mais dificil das coragens, mesmo que isso não venha no dicionário.
Juro
No fundo, eles dizem sempre a verdade
- Garante-me que este Banco é o que me dá melhores condições?
- Até juro alto!
Arcebispo da Cantuária, no Atlântico
- Garante-me que este Banco é o que me dá melhores condições?
- Até juro alto!
Arcebispo da Cantuária, no Atlântico
Nota importante para 2008
Quase todos os feriados e dias santos de 2008 calham em bons dias para fazer o périplo de três dias de descanso ou uma ponte estratégica. Os únicos meses maus são Julho, Setembro, Outubro e Novembro que ou não têm nada ou o que têm é ao fim de semana. Com férias, fins-de-semana, feriados e pontes perfaz a linda soma de 144 dias de descanso.
Fumar ou não fumar
A democracia é uma grande chatice. Não é um estado acabado, não há certezas, sobram dúvidas, mas toda a gente tem razão e tem direitos, que são lançados e apregoados aos 4 cantos do mundo ou dos nossos mundinhos. Eu por mim às vezes apetecia-me mandar a democracia para a pu.. para... para ir ber o relógiuu dar as 11 no farol, mas, muito a custo diga-se, tento calar a boca sem morder a língua. Mas esta história do fuma-se não se fuma, dos direitos dos fumadores, etc, já me começa a azucrinar a carola.
Sabemos nós que fumar faz mal à saúde, que prejudicamos a nossa saúde e, mais grave ainda, as dos outros que decidiram não fumar. Sabemos também que as contaminações das fábricas, a poluição causada pelos automóveis influenciam a nossa saúde pois afectam a qualidade do ar que respiramos. Não é o caso de Lisboa, mas garanto-vos que viver em cidades demasiado poluídas onde, à medida que nos aproximamos delas, começamos a ver uma nuvem de fumo que as envolve, é algo muito desagradável e que afecta muitissimo o dia a dia e a qualidade de vida. Ora se sabemos que a qualidade do nosso ar é importante para a nossa saúde, se exigimos ao governo, ao Estado, às câmaras e juntas de freguesia que apliquem as leis de protecção ambiental às fábricas, que regulem o trânsito automóvel para que a vida nas cidades não seja insuportável, porque raio havemos de criticar tão euforicamente a nova lei do tabaco, apontando o governo como o papão que só quer é sacar o dinheiro dos impostos do tabaco, acenando agitadamente com os direitos dos fumadores?
Eu não simpatizo particularmente com este governo, ao contrário, e não votei nele. Fumo muito mais do que aquilo que gostaria e custa-me imaginar uma boa conversa num café sem o acender frenético de cigarros. Adio ano após ano a minha decisão de deixar de fumar por gostar mesmo de um cigarro e também pela dependência reconhecida. Continuarei a fumar com ou sem lei. Mas apoio inteiramente que se proíba o fumo dos cigarros, que reconheço que para além de perigoso é desagradável, nos espaços públicos onde há muita gente que não quer ou que não pode fumar. Para mim, é uma questão de sentido comum e de respeito entre todas as pessoas que partilhamos espaços públicos como os cafés, cinemas, restaurantes, etc. Se for possível reservar um lugar para fumadores, escolho-o logo, senão... aguento-me à bronca e tento não pensar muito nisso e beber copos de água.
E como humanos que somos, aposto que passadas as primeiras indignações do pós lei, mais cedo do que tarde, encontraremos outras estratégias para diminuir a ansiedade gerada no caminho da estrada de damasco. Além disso, caramba, fumar um cigarro à chuva, resguardado na soleira de um prédio também não é assim tão mau...
03 janeiro 2008
Neste blogue é permitido fumar
Saio de casa para o trabalho. Este é o meu primeiro dia de confronto com a nova lei do tabaco. Diga-se que a minha posição a esta hora é muito positiva para com a lei, só lhe vejo os encantos. Vou ao café do costume e gabo à dona da espelunca o ar respirável. A senhora - que não fuma - enaltece a lei e ambas concordamos com os benefícios que esta traz para a maioria. Café tomado, pego na carteira e peço-lhe o habitual maço de tabaco - eis o 1º embate com a nova realidade: 'Ah, sabe, já não vendemos tabaco. Agora com esta lei deixou de fazer sentido'. Desço a rua com o sabor do café na boca e sem o cigarro que o deveria acompanhar... Mas este amargo de boca não me amarga (ainda) a opinião sobre a lei. Hèlas.
Chego ao meu local de trabalho. Olho para as secretárias e vejo os cinzeiros vazios, o ar estranhamente diferente, respirável, diria. Afinal, parece que as ameaças de boicote à lei não passaram disso mesmo: ameaças. Tento não me preocupar muito com o assunto, nem era das pessoas que mais fumava ali, salvo em períodos de maior stress.
13:30 - debandada geral da mesa de almoço para um espaço exterior do edifício onde trabalho. Os meus colegas fumadores vão repor os níveis de nicotina. Por não me apetecer fumar à chuva e por trabalho acumulado, sento-me mais cedo a trabalhar. A sensação da conversa inacabada. Mas e aquela história interrompida e que está a ser contada/acabada lá fora... Hèlas.
15:30 - Uma colega que vai de férias atira-me com 300 coisas para fazer. Outra passeia-se nervosamente pela sala. 'Queres uma pastilha'? , pergunto-lhe. 'Não, obrigada, estou bem', vocifera a minha colega enquanto roi uma unha e parte para o exterior do edifício pela enésima vez, com os cigarros e o isqueiro.
19:30 - o nível de stress aumentou exponencialmente. Agora já não fumava: COMIA ao invés dois ou três cigarros. Infelizmente o que tenho para fazer não espera. Continuo resignada a acabar o que tenho para fazer. Hèlas. (entretanto a minha colega que roía as unhas começou a espirrar. Digo-lhe que não devia ir tantas vezes para a rua, mas ela não faz caso).
20:15 - Saio finalmente em direcção a casa. Uma colega dá-me boleia e tenho a sensação que infringimos a lei, ambas entrámos com os cigarros acesos na garagem. Empestamos o carro de fumo, mas vamos felizes a fumar para aí o segundo cigarro do dia (o meu, pelo menos).
20:30 - Já em casa: 'Amooooor, vou ali comprar cigarros. Queres também para ti?', pergunto. 'Não, ainda tenho aí uns quantos'. Vou aos três (únicos) cafés/restaurantes da zona. TODOS deixaram de vender cigarros. Volto para casa sem o maço almejado e no caminho decido finalmente que: i) sou contra a lei do tabaco, ii) que vou escrever um post a fazer estas queixinhas todas, iii) que a acho altamente cerceadora da liberdade individual, iv) que não estava minimamente preparada para o que aí vinha. Por isto tudo (espera aí que vou acender um cigarro) declaro que:
NESTE BLOGUE É PERMITIDO FUMAR.
ao terceiro dia
e se fossem proibir para a puta que vos pariu?
e se fossem brincar aos países civilizados com os serviços de saúde, educação ou protecção social em vez de foderem a cabeça a uns quantos milhões de pessoas que agora escorraçam para a rua, a chuva, o vento, enquanto enchem os cabrões dos cofres com os milhares e milhares de euros de impostos que cobram com os cigarros que se vendem?
A chuva
Tem qualquer coisa de reconfortante. Não é o ficar em casa, a ouvir o batuque dos pingos grossos contra a janela e adivinhar os sítios onde os outros se juntam. É o andar à chuva, o senti-la nas mãos, o senti-la ensopar os sapatos, as calças, o casaco. É senti-la, miudinha, contra a cara até que tudo fica tão frio que já não se sente mais nada a não ser o calor da respiração, ofegante com a caminhada. É o sabor que a chuva tem. Tenho saudades de beber chuva.
02 janeiro 2008
01 janeiro 2008
Subscrever:
Mensagens (Atom)