07 junho 2009

especial eleições

Sem dúvida, as leis alteram o quotidiano dos seres humanos. Há algumas décadas, uma lei em Nuremberga traçou a tinta de ódio uma crua e cruel fronteira entre vizinhos, amigos, desconhecidos e os judeus foram vitimas de um sistema ideológico que lhes negava a condição de ser humano. Hoje em dia continuamos a não ser capazes de apagar as fronteiras entre as cores das nossas peles, o sexo que o nosso corpo recebeu ou a terra onde nascemos. As nossas coordenadas geográficas, cromáticas, genitais e sociais facilitam-nos ou dificultam-nos o acesso a sonhar e a construir uma vida digna e prazenteira, em igualdade de condições com os outros seres com os quais partilhamos a mesma cidade, país, continente ou planeta.


Talvez deste lado de cá desta europa civilizada, ainda tenhamos medo de perder o que nunca foi nosso, a assumir-nos como indivíduos e não como máquinas produtivas ao serviço de uma engrenagem de poucos rostos que se alimenta de muitos e muitos outros, talvez não seja ainda fácil reconhecermos-nos como iguais e não como superiores a qualquer outro ser deste planeta.


Talvez por isso nos dêem mais segurança os pais autoritários e conservadores, moralistas, mas que oferecem a segurança necessária para muita gente que neles hoje votou. Ou talvez seja o descrédito nos sistemas políticos que herdámos de todos os nossos antepassados e que não sentimos como nossos, mas como não temos termo de comparação com outros e fascismo e ditadura são palavras perdidas nos labirintos dos livros de história, talvez por isso hoje não tenhamos ido votar ou então votámos naqueles partidos que pelo seu radicalismo para um lado ou para outro, nos fazem acreditar serem os únicos que trazem a força que vai mudar as nossas vidas.


Vamos ter uns longos anos até às próximas eleições para o parlamento europeu mas, ainda que hoje a preocupação me faça custar dizer isto, confiemos que como humanidade saberemos distinguir e defender os nossos princípios e valores fundamentais.