Ele dizia que era divorciado, que vivia com uma filha crescida que andava deprimida, dormia em minha casa mas nunca me levou à dele porque a rapariga sofria dos nervos e não suportava ver o pai feliz e acompanhado. Um dia uma colega contou-me tudo à hora do almoço: ele era casado com uma labisgóia qualquer. A folha de alface até se me encravou na garganta, mas mesmo assim consegui fazer perguntas apesar da falta de ar ou de chão ou dos dois, e fiquei a saber que aquela cabra era muito falada, diz que já tinha dormido com tudo o que era homem lá do serviço mas que lhe saiu a sorte grande com aquele homem mais velho, com dinheiro a rodos e quinze anos a mais. Eu não sou parva nenhuma e comigo ninguém faz farinha, eu não ia deixar o onofre lá porque era casado. Descobri o telefone da tia daquela ordinária e fingi-me amiga da cabra. A mulher disse que a belinha estava de férias com ele, o sacana tinha-me dito que ia a um congresso e eu burra fui na cantiga e vai-se a ver estava com aquela puta a apanhar sol. A tia era outra que tal, uma ordinária como a sobrinha, então vê lá que me disse que a belinha agora estava bem na vida, que quando o onofre fosse desta para melhor ela podia deixar de trabalhar à conta do dinheiro com que ficava. Eu não me aguentei e meti veneno, que estava preocupada com a sobrinha porque sabia que o onofre estava muito apaixonado por uma rapariga mais nova, que era visto com ela na baixa e só faltava babar-se a passear o novo amor que parecia manequim de tão bonita que era. Deixei a tia com a pulga atrás da orelha e desliguei. De modos que agora estou aqui à espera do onofre, um homem como aqueles não tem lugar ao pé de uma desgraçada como aquela mula, o que ele precisa é de uma senhora. E senhoras só eu e a minha mãe.
3 comentários:
e embrulha!
e continua a história? quero saber o que aconteceu à lambisgóia, já agora.
cheira-me que o onofre é capaz de ter ficado com a senhora mae da senhora que também era séria
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