Sensualidade é uma coisa muito improvável em mim. Nada me apetece menos do que lembrar-me que tenho corpo, pernas mãos e braços. Sou uma gaze, com pequenos e quase invisíveis buracos, sou um resto dos anos oitenta largados no mar dos anos dois mil, uma gaze branca que não sente, não toca, não saboreia. Ou talvez seja um bocado de madeira arrancado a qualquer coisa, um ramo de uma árvore ou um pedaço de um móvel que nem sei qual é, um pedaço de madeira que é quase oco de tanta ausência. Quero que se lixe a sensualidade, não há coisa mais improvável do que os enganadores sentidos.
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