27 julho 2007

Pior é impossível

À beira do vómito.
É que descobri aqui o novo projecto de Gonçalo Byrne para o novo Estoril-Sol. Vejam a pérola e e assinem ali. E estou com o zamot: bomba no carro do Stan. Já!
P.S. Quem são aqueles palhaços do vídeo a armar ao neo-beto? Sinceramente...

21 comentários:

foi dançar a bossa nova disse...

Quanto aos palhaços, não podia estar mais de acordo, são totalmente ridiculos!
Quanto ao edificio, acho que não é assim tão mau como pode parecer. A implantação é pouca, o revestimento é quase todo a vidros, esteticamente acho bom e sempre é mais recuado em relação à marginal que o antigo hotel. Ok, admito que os arremates no topo, à laia de legos, eram dispensáveis, mas vou ser como o marcelo e vou dar nota 16.

8 e coisa 9 e tal disse...

querida múltipla,

só podes ser uma alma muito generosa. 16 só o professor marcelo, o resto já se sabe com quem está.

o projecto até pode ser fancy, mas não acrescenta novidade ao que já lá estava a não ser o envidraçado, para além de constituir uma brutal contradição em relação àquilo a que levou com que o antigo hotel fosse 'saneado'.

Piscina a confinar com o mar? garagem semelhante a um hotel de 5 estrelas? então e as questões das enegergias renováveis? não era melhor apostar numa publicidade focalizada nestes princípios básicos?

Can't buy me love.

p.s. chumbado.

sete e pico disse...

o vídeo é, no minimo, ridiculo. Mas o projecto por acaso pareceu-me muito giro, apesar de ser demasiado monumental para aquela zona. Arquitectonicamente falando também lhe dava um 16, agora falta saber os outros aspectos...

foi dançar a bossa nova disse...

Estou contigo, sete e picos!

Anónimo disse...

Eu ontem achava tudo aquilo um grande vómito grando-burguês, pornografia imobiliária, and so on...
Depois de hoje ter derretido no meu quarto em Alvalade, resolvi reconsiderar. Vou telefonar a uma das Tias no video para perguntar quanto é que custa. I can afford...

D. Ester disse...

o video é maravilhoso, gostei muito do pormenor da senhora a ler um livro não identificado no remanso no seu quarto, numa casa sem estantes nem livros, mas com televisores de plasma até no elevador. Definitivamente not my kind of home.

manyfaces, pensava que JPsimoes e loiras com óculos Dior à beira piscina plantadas a tratarem-se por você fossem eventos mutuamente exclusivos, deve ser apenas mais uma variável das suas multiplas caras. Eu mesmo que pudesse afford it nunca viveria num sítio desses; sou uma lírica com questões de coerencia. Desejar um bem material apenas porque se pode dar a esse luxo soa a novo riquismo. Mais um santo a cair do altar. plof.

Anónimo disse...

Agora que parece que caí do altar já posso confessar a minha dependência do luxo.
Gosto muito da célebre frase do Joãozinho Trinta "Quem gosta de miséria é intelectual, pobre gosta é de luxo”. Porque coloca o luxo em perspectiva. O luxo é uma coisa muito desvalorizada por intelectuais e isso é injusto. Porque luxo é desejo e os desejos são coisas muito úteis. O Mundo funciona com desejos. É o fuel da coisa. Comigo funciona assim: há coisas que em principio não estariam ao meu alcance mas tenho de as gozar nem que seja uma vez por ano, por me darem muito prazer. Por exemplo: ir jantar ao Luis Suspiro (a 60 EUR a cabeça). Isto é coisa de "pobre", porque rico de facto não valoriza bem estes luxos. Só valoriza luxos inúteis ou mais ou menos obscenos, o que para mim não é bem luxo, é mais ostentação.


PS: "I can afford" é silly-private-joke. Já agora explico:
Muito útil em compras quando me tentam impingir qualquer coisa de estupidamente caro. Resulta bem no tom certo: empregado entusiasmado a tentar vender mesa de sala por 3000 EUR. Solta-se um "I can afford" com ar desprendido, o empregado sente-se com confiança e passa para mesa de 5000 EUR, and so on... Usei uma vez com amigo e o empregado levou a mal. A não repetir...

foi dançar a bossa nova disse...

A escolha de um bem material depende de i) se gostar da coisa e ii) de se poder pagá-la. Terceiros não têm nada a ver com este processo, a não ser que sejam directamente prejudicados com tal aquisição (e ainda assim, o prejuízo tem de ser legítimo).

Embora o gosto seja uma questão sempre indivual ou individualista, confesso que não percebi o que o lirismo e/ou a coerência têm a ver com o facto de A ter preferido comprar a casa B, num sítio com uma vista linda e espaço, ou a casa C, noutro sítio qualquer, eventualmente com vista para as cuecas da vizinha da frente (embora estas também possam ser lindas!).

Eu adorava poder viver num sítio com espaço onde pôr os meus tarecos, vista desafogada, AC e garagem, independentemente da patetice absoluta do vídeo promocional (e aqui, querida múltipla, pode-se sempre comprar uma estante Billy para compor a falta de móveis na casa). Não posso. De certa maneira, invejo os que podem.

E o many faces tem razão: é preciso nunca poder muitas vezes para poder apreciar melhor o que às vezes se pode.

sete e pico disse...

e vai mais uma santa (salvo seja) em vôo picado a caminho do chão.

Tivesse eu dinheiro a ver se não comprava um apartamentozinho daqueles, ai comprava comprava! (e depois vendia-o incrementando-o 50% para continuar a investir a dinheiro, e comprava um ainda maior e depois acordei e tive um ataque de riso com o saldo da minha conta bancária)

D. Ester disse...

eu não me revejo no conceito de casa com garagem de hotel de luxo, aspiração central e todos os confortos que agora parecem estar na moda - num prédio cheio de totós que só pensam no dinheiro e completamente desfasados da realidade. Quando puder afford it gostava muito de ter uma casa bonita e com vista magnífica; de preferência num prédio ou casa com história e cachet. Piscina e varanda sobre o rio são dos poucos luxos a que almejo.

Devo ter ficado mais queimada quando recentemente estive num evento social, com vizinhas de mesa que acham normal ter-se conversas de crianças, criadas e cozinha, enquanto os homens pensam nas gravatas, no ultimo investimento na bolsa e nas férias em Vilamoura.

8 e coisa 9 e tal disse...

é engraçada e reveladora esta caixa de comentários:

ontem mostrei este vídeo a um dos meus irmãos (resta dizer q não vive em portugal há mais de metade dos anos da sua vida) e ficou à beira da apoplexia.

quem morou/mora na 'costa do esgoto' (ok, já está um bocado melhor) indigna-se, arranca cabelos, prostesta, insulta.

quem não morou lá, acha que aquilo é um projecto 'giro' (não vou elencar os adjectivos todos q aqui encontrei).

não é: é bimbo, é novo-rico, é a armar ao pingarelho, é um insulto e uma ameaça à envolvente q é a marginal. não tem preocupações ambientais e está completamente desfazado da realidade.

quais obra de arte... CHUMBADO!

Anónimo disse...

"Quando puder afford it gostava muito de ter uma casa bonita e com vista magnífica; de preferência num prédio ou casa com história e cachet. Piscina e varanda sobre o rio são dos poucos luxos a que almejo."

E que rico e saudável luxo... Quem não salivar com luxos desses é concerteza dos tais "intelectuais que gostam de miséria". Nada contra, mas não me incluo nessa seita...
Ah, e já agora se não for abusar do "consultório" 8 e coisa, alguém me pode explicar em definitivo essa coisa do "muito cachet"? É que a minha casa actual foi-me vendida como tal mas eu nunca percebi bem do que se trata (no kidding...). "O sor Doutor não ia querer uma casa barata com este cachet todo pois não ?". Eu tive vergonha de lhe pedir para me definir "cachet".

D. Ester disse...

eu definiria como casa com "personalidade", com pinta, num sítio agradável, com história, carismática vá. Coisa que só se adquire com o tempo.

Não sou intelectual nem miserabilista; isso faz-me lembrar um primo meu que quando era miúdo perguntou à minha mãe (que estava a ver um filme neo realista italiano, na altura em que havia só dois canais e a programação era interessante, ah no meu tempo é que era bom) oh tia, porque é que estamos sempre a ver filmes com pobrezinhos?

foi dançar a bossa nova disse...

um casa com cachet implica ser um casa que custa muito cash...

8 e coisa 9 e tal disse...

hahahahaha, excelente explicação, foi a dançar a bossa nova.

... mas...

a senhora minha mãe, outro dia, do alto dos seus vetustos 77 anos utilizou a mesma palavra p descrever a minha casa. ora, a casa onde moro está a cair de podre por fora e o prédio é muito antigo. a acreditar na minha mãezinha, cachet seria equivalente a 'estilo', 'carisma', 'charme', coisas dificilmente mensuráveis e que têm mais que ver com status do q com aquilo a que - como diria o manyfaces - i can afford.

Anónimo disse...

Pois, eu acho que a minha casa tem de facto um certo carisma, o pior são as noites de 30º dentro do quarto. Vale a pena suar pelo cachet? A próxima vez que eu for picado por amigos instalados no asséptico e ar-condicionado bairro de Telheiras, que se recusam jocosamente a vir suar (perdão, jantar) a minha casa, já lhes posso dizer:
"Isto é uma sauna mas tem cachet, ouviram? Muito cachet...". Cambada de ignóros...

D. Ester disse...

as casas com cachet também podem ter instalação de ar condicionado. Eu continuo a preferir as janelas abertas e a ventoínha - ainda ontem à noite urrava por causa da ausência de corrente de ar, mesmo com as janelas todas abertas.

8 e coisa 9 e tal disse...

ora, eu devo caber na categoria intelectual-pobre, atendendo à profissão e apetências.

mas quais cachet! eu preferia não ter q comprar veneno para exterminar pobres ratinhos, ter uma torneira que não pingasse incessantemente assim que ponho a máquina de lavar a roupa a funcionar, ter uma instalação eléctrica decente e não à vista desarmada. não ver as térmitas que vão devorando os meus ricos móveis, não ouvir o vizinho de baixo a ressonar entre outros pormenores mais escatológicos... já para não falar do controlo social a que estou sujeita: sem eu saber todos sabem quem eu sou, o q faço e a q horas entro e saio de casa.

não quero o novo estoril-sol, mas dispensava tanto cachet na minha nova morada (q não é agora a 'costa do esgoto').

p.s. esta questão nunca se poria em macau: casa sem ar-condicionado não é habitável. é o relativismo cultural. só pode.

D. Ester disse...

Da última vez que olhei não vivias numa barraca, mas devo-me ter esquecido dos óculos.

8 e coisa 9 e tal disse...

querida d. ester (bazaste de férias e nem te despediste, não há remissão possível!),

não é preciso viver na cova da moura, 6 de maio, estrela de áfrica para ter problemas desta ordem ) a propósito, a C.M.Amadora bem que precisava de um 'abanãozito' no que diz respeito aos seus bairros...).

onde eu moro - cheio do tal cachet pq perto de uma linha de água (ah, pois, isso confere cachet, esqueci-me de o referir) a realidade é esta. em alfama a mesma coisa. na bica a mesma coisa. bairros históricos cheios de cachet, iludindo quem vem de fora e depois é o logro que se vê.
a quem pedimos explicações/soluções?

[A] disse...

ah! então é este o condomínio mais caro de portugal que a minha cara- metade me falava no outro dia...

opá!, mas nunca vos disseram que a inveja é uma coisa muito feia???hã??

neo-betos??? mereciam um análise de estilo lá no blog...eu é que não sei escrever...raios!e eu a julgar que esta moda estava a passar...