05 julho 2007

R2

Quem não seguiu atempadamente o conselho da agenda cultural 8ecoisa já não vai a tempo: estão esgotadas todas as sessões do R2 no Teatro Nacional D. Maria II, em cena até dia 8 de Julho. Podem sempre tentar a sorte, esperando que alguém que fez a reserva não apareça.
8ecoisa foi lá e viu. 14 jovens da Cova da Moura, Zambujal e Cova dos Machados a defenderem-se muito bem numa encenação bonita, arrojada e interessante, encenação muito bem conseguida, Ricardo II revisto e reinventado como um presidente da Junta de Freguesia corrupto, rodeado de pessoas não melhores que ele e que o conseguem substituir sem eleições.
Grande parte da peça é representada em crioulo, língua mãe da maioria dos actores, muitas vezes ininteligível mas passando perfeitamente a mensagem geral desejada. A música bem posta, a dança (tanto de ritmos cabo-verdianos como rap) bem enquadrada, o canto sóbrio.
O interesse deste projecto não está tanto na qualidade da representação (ainda que seja de salientar Vítor Monteiro como Ricardo, ou melhor Riqui) mas na ousadia de se fazer a actualização do texto de Shakespeare à realidade quotidiana num ambiente limite de bairros carenciados e apresentá-lo no teatro nacional, com uma qualidade técnica excelente.
Aqui fica a reportagem da sic.




Momento Hedda Hopper: entre a audiência encontrava-se o Presidente da Junta da Freguesia de onde são residentes muitos dos actores - saiu no fim da representação, sem passar a cumprimentar os artistas. Outra das pessoas presentes foi o Alto Comissário para a Imigração e Minorias Étnicas, um dos poucos que não aplaudiu de pé os 3 encores (olhava em volta espantado pela persistência das palmas à segunda vez que os actores voltaram para as agradecer). A direcção da Associação Cultural Moinho da Juventude também marcou presença, mas estes aplaudiram de pé e partilharam o beberete que se seguiu, tal como o ex-director da sala experimental do TNDMII.

3 comentários:

na prise és bestial disse...

o acime já não é acime: agora é acidi, alto comissariado para imigração e diálogo intercultural. detalhes da transformação da instituição num instituto público.

8 e coisa 9 e tal disse...

acime ou acidi, foi pena constatar que o seu alto comissário não felicitou os envolvidos na iniciativa, nem equipe técnica nem actores. Diálogo intercultural com quem?

dizia ela baixinho disse...

Não seriam jovens do Bº Casal dos Machados (e não da Cova dos Machados)?

Pena não ter seguido o teu conselho, 8ecoisa...