31 julho 2008
suspiro seguido de duplo suspiro
não sei se é do calor, se de que é, mas hoje só consigo procrastinar, procrastinar, procrastinar...
acho que vou fazer uma chávena de chá.
conversa com os meus botões
por acaso...
maravilhoso mundo do consumo
Dear John
2:52 PM Ela: quando vieres já não estou beijos
Muda-se o ser, muda-se a confiança
Eu devo ter um íman
As probabilidades disto me ter acontecido estão de tal forma contra mim que no dia em que a vi entre a assistência na minha aula teórica pensei jogar no euromilhões, lotaria, totobola e bingo do belenenses. Foi um desperdício não o ter feito, teria com certeza ganho uma bela maquia.
No primeiro semestre consegui despachá-la com facilidade, com uma nota mediana. Neste segundo é que já me está a dar problemas. Chumbou na primeira época e a segunda também não está famosa. Dado que não é trabalhadora estudante e não tem mais hipóteses de passar, estou perante um dilema.
- Passo-a, mesmo tendo de fechar os olhos à minha honestidade e integridade, para que não tenha de me lembrar dela todas as vezes que faço amor e a cama geme?
- Chumbo-a, para ver de que massa ela é feita e se me vem com as 4 irmãs, pai, mãe, cão, dois gatos e três periquitos pedir meças e queixar de infiltrações na casa de banho?
- Deixo de fazer amor em minha casa, ou passo a usar para o efeito o vão das escadas para que deixem de perceber de que lado vem o barulho, A-ha!
- Convenço-a a mudar de curso, faculdade, universidade, com promessas de glórias eternamente mais interessantes que aqui, e ela ala para trás os montes e alto douro (se tivesse jogado na lotaria podia-lhe pagar para o fazer, que rapariga pouco previdente fui)
- Passo-lhes as minhas infestações de bichos, a ver se toda a família se muda para outro lado
Ou mudo de casa?
Despertar
O pior momento do dia era o acordar, no meu caso de manhã, a verdadeira descida aos infernos. Antes de adormecer já sabia o que me esperava na manhã seguinte e, por isso, acho que dormi anos a fio com o pavor do que já sabia que ia sentir, mal acordasse: as dores no corpo, uma náusea e uma espécie de gripe sempiterna conviviam com o meu ecossistema logo pela manhã. Era assim o meu despertar: maldizia a vida, arrastava-me como podia até à casa-de-banho, onde tentava recompor-me, depois de ter engolido um analgésico opiáceo. Já controlava todas as farmácias do bairro que mos vendiam sem receita. Os choques térmicos com água às vezes ajudavam. Mas por pouco tempo.
Chegava ao trabalho e à medida que o tempo ia passando, começava numa contagem decrescente até aos minutos que faltavam para a hora de almoço. Saía a correr e apanhava um táxi. Não morava longe, mas o corpo já não aguentava mais. Não comia nada e voltava com a cabeça cheia e as dores apaziguadas. Estourava o meu ordenado em táxis e na castanha: dor (alívio da dor), prazer (já muito pouco), compulsão (muita), uma mistura explosiva. Os sentimentos de culpa? Claro que existiam, estavam sempre presentes, quando acordava. Depois do almoço, já tinham desaparecido, era como se tivesse renascido. E era então que começava nova contagem decrescente, até ao momento em que sairia do trabalho e, pelo meu próprio pé, me dirigia até ao dirty boulevard, a fim de por termo a mais uma dose de angústia física. Mas sobretudo a uma dose de angústia na alma. Sabendo, lá no fundo, que estava a destruir a minha vida. O mais difícil era ter todos estes sentimentos contraditórios convocados diariamente. Passei anos nisto. Acho que este foi o maior dos desgastes. Maior que o desgate físico.
(continua)
30 julho 2008
Sintomas ambiguos
Itinerante
Sujeito-me a um papel inerte e intrusivo. Resumo-me à vida dos outros. E findas as paragens, impõe-se a descoberta do rumo a esta itinerância insolúvel. O abraço fílmico que foi registado vezes sem conta cresce imperioso, despe-se urgente.
leituras de verão no masculino
Observações I
Digo isto com uma ponta de masoquismo premente ou de curiosidade mórbida.
Mas a vida é uma puta sádica!
Depois tu chegas e dizes-me que eu não passo de uma tola descrente.
Talvez sejas uma puta sádica tu também!
Maravilhoso inconsciente
Fotografia daqui
aguardamos
do filme "four weddings and a funeral"
29 julho 2008
por ele perdi tudo na vida
Dúvida
28 julho 2008
dedicado a todos os "pais de calvin" do mundo
- Ah, aquele ali era um gajo francês qualquer muito importante.
- Como é que se chamava?
- Napoleão Bonaparte.
- Ah, lembro-me de ouvir falar.
- Isso era a alcunha que lhe deram depois por causa dum cão que teve chamado Bona, exactamente, que andava atrás dele para toda a parte.
- A sério? Que giro.
- Pois. Eu em história era um craque.
- E que fazia ele lá na França?
- Sei lá, era uma gajo importante, pronto. Ganhava as batalhas todas.
- Tem ar de mau.
- Isso é porque era mesmo mau. Vivia sozinho numa ilha deserta no meio do mar e comandava as tropas directamente dali..
A mãe entra na sala.
- O que é que estás para aí a ensinar ao miúdo, Joaquim? Não dês ouvidos ao teu pai.
- E nunca saía da ilha?
- Não. Mandava as ordens todas por pombo correio.
- Joaquim!
Nada se perde
A última campanha
Ela havia já por várias vezes pensado em deixá-lo, mas o instinto teimava em não deixar correr pelas suas veias a coragem necessária a abandonar tudo e começar de novo, sozinha e sem os confortos com que se acostumara a existir. Os amigos, que no inicio a acompanhavam, foram progressivamente perdendo o interesse, ja cansados de tanto a avisar para nada. Alguns mesmo, evitavam a companhia dela, nao por nao a apreciarem, mas por também terem maleitas e desgraças que precisavam de partilhar, mas que não achavam justo fazerem-no com ela. Os que permaneciam, tentavam manter um contacto mínimo e indispensável resumido a breves sms enviados pelos anos e no Natal, porque falar de viva voz podia tornar-se penoso.
E depois havia a filha, que, na ausência do pai, se virava contra ela quando lhe era negado um chocolate, uns bonecos animados na televisão ou 5 minutos a mais no parque.
E a porcaria da estátua em mil bocados no chão. Ele continuava a dormir.
Ela suspirou. Foi ao quarto da filha que dormia e tirou-a da caminha de grades, sem barulho. Depois agarrou na carteira e saiu. Para nunca mais voltar.
A aposta
Em pedaços
Portuguesas e portugueses
Mas era capaz de pôr as minhas mãos no fogo e não me queimar como os homens portugueses heterosexuais são ainda resistentes a descobrir a fonte de prazer dos seus ânus. Como ainda predomina no imaginário colectivo que o sexo anal nos homens está associado à homosexualidade, a maior parte dos portugueses heterosexuais continua a oferecer resistência em adoptar comportamentos que se afastem da masculinidade tradicional e diz cuscredo, eu cá não sou desses, não gosto que me vão ao cu. E enquanto continuam a pensar assim, limitam a descoberta desse maravilhoso orifício do corpo humano, que paradoxalmente serve para libertar-nos dos nossos dejectos e tem imensas terminações nervosas que são uma fonte de prazer incríveis.
O busto de Napoleão - momento de ingenuidade
"Empalhe-se!" ordenou ao marido Joaquim.
Ver para crer
27 julho 2008
Mais leituras de verão
(...)Lembrei que tinha compromissos inadiáveis: curtir as livrarias, comprar cigarros na tabacaria de um feroz comunista amigo meu, tomar uma cerveja n'A Brasileira e dedicar algum tempo a apenas me sentir maravilhosamente bem ali mesmo naquele formigueiro da Baixa. Lembrei Dorival Caymmi, uma vez explicando, antes de a Bahia haver sido destruída como Lisboa, felizmente, não foi — e como não foi, em tantos sentidos! —, umas certas cores uns certos ares que era imperativo ficar curtindo, em vez de trabalhar. Não há tempo para trabalhar, dizia ele, a pessoa fica muito ocupada vivendo.
Pois então, pois cá tenho vivido muito em Portugal. Não propriamente vendo coisas, embora haja, é claro, coisas para ver, mas sentindo. Não propriamente aprendendo, mas me acrescentando de tantas formas sutis e fortes, por tantas vias antes insuspeitadas. E então, sobraçando minhas ervas, meus livros, meus postais velhos, meu cortador de vidro, desço de novo ao Rossio. Vou caminhar pela avenida da Liberdade, em ponderado passeio para o Parque Meyer. O dia fica cada vez mais luminoso, só consigo pensar em coisas boas(...)
Leituras de Verão
26 julho 2008
Elefantes, pulgas e outros elitismos
25 julho 2008
Bob
que era tão bom que nos pusessem à frente a nossa imagem de hoje a 20/30/40 anos e nós pudéssemos dizer: "Ora então quero ficar assim como estou que a idade não me vai fazer mais bonito/a" ou "Não, prefiro envelhecer, vou envelhecer bem, vou ficar melhor, sou como o vinho do Porto".
Tudo isto para dizer: o Bob tinha um ar de sacana em 74...
Autista à força
24 julho 2008
De 15 em 15 dias
Ps: Parte deste post já estava escrito há muito tempo, mas hoje com a leitura deste outro, resolvi por fim terminá-lo. E sei que o JPN, um dos pais mais queridos que eu conheço, compreende e concorda.
Da beleza e outros demónios
23 julho 2008
Eu proscrastino. E tu, procrastinas?
Deixo, de qualquer modo, este vídeo muito bem esgalhado que retrata LINDAMENTE aqueles momentos que nos paralisam. Bloqueando a acção. E as ideias. E tudo o mais.
Ladies gentleman: meet procrastination.
(Xôoooooooooooo!)
21 julho 2008
O busto de Napoleão.
O conteúdo fica ao critério de cada uma, é dado camarada.
As postas serão publicadas todas no mesmo dia, sugiro que seja na próxima segunda-feira, para termos uma semaninha inteira (podem ir escrevendo e programar para serem publicadas nesse dia). Em cada posta, deverão escrever "o busto de napoleão" nos labels.
Aceitam?
20 julho 2008
Muito mal distribuído
Muito mal distribuído II
com Tom Cruise, com quem andou a dar umas curvas antes de ele se ter passado da cabeça (ou terá sido por isso?)
Com Mathew McConaughey, que depois dela só faz filmes da tanga (terá sido por causa disso?)
Com Javier Bardem - Penélope filha, se me desgraças este vou-me a ti e ficas toda negra!
19 julho 2008
Deus está em toda a parte
18 julho 2008
Hoje
17 julho 2008
wordcode
- A partir de hoje, nesta redacção não se diz mais prenda, vermelho, funeral, sanita. Quero que substituam esses horrorosos vocábulos por presente, encarnado, enterro e retrete.
Levanta-se um braço : 'posso fazer uma pergunta?'
- Pode.
- E fodasse, caralho, filhodaputa, sacana, merda e cabrão, pode-se dizer?
- Ai isso claro que pode!
Serviço público estético
Com um brilhozinho nos olhos
Pelo menos o avião. A viagem de ida foi tão má que dei por mim a fincar as unhas no antebraço do Jonas, enquanto tentava com dificuldade manter a postura de condessa russa no exílio. Enquanto pensava que se sobrevivesse voltaria para casa de comboio, umas lagrimitas escaparam-me inadvertidas, as malandras. Quando chegámos a terra firme tive vontade de fazer a minha Bento XVI impersonation, mas a condessa russa que vive cá dentro não deixou. E foi pena, as pessoas teriam decerto apreciado. Especialmente as que estavam prestes a embarcar no avião que eu estava com alegria a abandonar.
Enquanto o Tom cantava em San Sebastián passeávamos com a múltipla pelas Ramblas, Paseo de la Gracia, Parque Guell, Sagrada Familia e La Pedrera, comíamos tapas e bebíamos cañas. Gelados em Barceloneta, funicular até Mont Juic, a fonte de mercúrio do Calder na Fundação Miró. Era só para fazer tempo, claro, Barcelona é uma maçada.
Ficámos entusiasmados com a crítica ao concerto basco. Fascinante, formidável, indefinível, impactante, cúmplice, formoso foram alguns dos adjectivos usados para descrever o homem e o seu concerto, de resto o primeiro da tour europeia. As expectativas não podiam estar mais altas.
No dia do concerto démos uns passeios mais curtos, a preparar o corpo e a alma para o que nos aguardava essa noite. Chegámos ao auditório 1h3o antes do início, para reconhecimento do terreno. Já estava cheio de gente cujos olhos brilhavam tanto quanto os nossos. Entre os 30 e os 60, sentia-se o entusiasmo adolescente no ar. Encontrámos vários com o look camisa e chapéu displicente, uma espécie de cortejo de Elvis revival mas com pianos bêbedos em vez deles - uma visão um pouco insólita mas eles estavam felizes e convictos da sua escolha de guarda roupa, e nós demasiado excitados para nos importarmos. Estávamos todos ali unidos por uma força maior, a convicção de que em breve iríamos todos fazer parte de uma coisa magnífica e única.
Foto daqui
Tem razão este quando fala da voz de taberneiro, um velhote afónico-aguardentoso que se mexe como um chimpazé, mas acho que o Tom Waits ia gostar de saber que acertou no alvo. Também este com a metáfora do parto da borboleta, por causa dos problemas com o som, que lhe distorcia a voz para além do que ele faz naturalmente e da demora no arranque do concerto, em vários sentidos.
Os músicos que o acompanharam eram irrepreensíveis - Larry Taylor (baixo), Patrick Warren (teclas), Omar Torrez (guitarra, magnífico), Vincent Henry (sopros) e Casey Waits, seu filho (bateria, da leva de 1985). Essa foi a noite em que fez estrear no palco o seu segundo filho Sullivan, 15 anos e a tremer entre os batuques e o clarinete.
Foi muito bom mas não foi mágico. Tirando a parte em que se sentou ao piano de cauda que o esperava na direita baixa, e acabou a derreter-nos todos com You can never hold back spring ou o Innocent when you dream. As suas palavras de sabedoria entre actuações, essas, ficam entre nós e ele. A paixão alimenta-se a pão do ló.
confusão. natural?
Hoje faz 40 anos.
16 julho 2008
Os vendedores de ilusões de Sandomil
Há quem diga que a ficção é mais estranha que a realidade. Eu até concordo, regra geral, com esta afirmação, não fosse a própria realidade desmenti-lo, de quando em vez. O que se segue é uma história real. Qualquer semelhança com a ficção é pura coincidência.
Final de tarde de um qualquer dia de Verão do ano passado. Carrego um remo de metal em cada uma das mãos, depois de uma hora a tentar remar, num esforço inglório, 200 metros do rio Alva. Um rápido pequeno, mas muito eficaz como obstáculo, fez com que andasse para cima e para baixo, para cima e para baixo, até me cansar das mesmas árvores, do mesmo moinho, da mesma água. Dirijo-me em passo lento para o bar, a arrastar os pés o mais que posso. Gosto do som que as sandálias fazem quando deslizam por entre a folhagem.
Chego ao bar, entrego os remos, peço uma cerveja de pressão. Apoio um dos cotovelos no balcão e rodo o tronco. Detenho-me a olhar para uma longa fila de mesas de madeira, com bancos corridos de madeira, uma ou outra ocupadas por trabalhadores em final de dia de trabalho, bebendo as indefectíveis minis. Para lá das mesas uma paisagem que me parece um quadro impressionista: um curso de água ladeado por árvores grandes e frondosas que deixam entrar fios de luz, esbatendo no espelho de água o reflexo das árvores. Momento perfeito, diria, quando, de repente, ouço um escarcéu digno da defunta feira popular.
- O que é que se vai passar aqui? pergunto à dona do bar.
- Ah, é um ilusionista que já vem cá pelo segundo ano e está a preparar o aparato para o espectáculo de hoje à noite. Mas já lhe disse: 'olhe que é a última hipótese que lhe dou!'.
- Então porquê?
- O ano passado começou a beber estava ainda a preparar o espectáculo e quando chegou o momento tiveram que o levar em braços dali para fora. E isto já cheio de pessoas, famílias com crianças, à espera do que não se realizou. Olhe, foi uma vergonha para mim e para o homem. Este ano voltou a aparecer, mas eu disse-lhe: 'olha, tu porta-te bem senão acabo logo com o arraial num piscar de olhos'.
- Pois, digo eu, mais um golo na ‘jola, enquanto a observo a esfregar vigorosamente o balcão.
A dada altura, um homem que se encostava, tal como eu, no balcão resolve entrar na conversa:
- Eu também já tive a minha época aqui em Sandomil.
- Ai é? E o que é o que o senhor fazia? (olhe, mais uma cerveja se faz favor).
- Bom, eu tinha um projector e tinha uns filmes e quando as noites estavam quentes projectava-os numa parede ali atrás. Era um autêntico cinema ao ar livre!
- E que filmes é que passava?
- Ora bem, no início da noite projectava grandes êxitos para as famílias. Mas depois, quando a noite se tornava noite, havia um grupo que me desafiava para passar uns filmes...
- Uns filmes?
- Sim, aqueles filmes, está a ver? Só para adultos...
- Ah! (bom, havia que responder aos apelos da audiência, penso eu, e aos vários públicos ali presentes na pequena aldeia de Sandomil). Então, e ainda continua a projectar?
- Infelizmente tive que abandonar a profissão...
- Então porquê?
- É que numa dessas noites, e se a noite já ia bem longa!, estava a passar um desses filmes quando de repente entra uma família inteira no local da projecção. O homem ficou tão doido que só tive tempo de agarrar no projector, pegar na minha Casal (mota) e arrancar a toda a velocidade de Sandomil. Só parei em São Gião. Deixei-me disso e não apareci por ali durante uns tempos valentes.
Sandomil, terra pitoresca. Uma fatalidade para os vendedores de ilusões.
A broncar
só a brincar
palavras belas que ajudam a pensar na vida e na morte
O tempo das suaves raparigas
é junto ao mar ao longo da avenida
ao sol dos solitários dias de dezembro
Tudo ali pára como nas fotografias
É a tarde de agosto o rio a música o teu rosto
alegre e jovem hoje ainda quando tudo ia mudar
És tu surges de branco pela rua antigamente
noite iluminada noite de nuvens ó melhor mulher
(E nos alpes o cansado humanista canta alegremente)
«Mudança possui tudo»? Nada muda
nem sequer o cultor dos sistemáticos cuidados
levanta a dobra da tragédia nestas brancas horas
Deus anda à beira de água calça arregaçada
como um homem se deita como um homem se levanta
Somos crianças feitas para grandes férias
pássaros pedradas de calor
atiradas ao rio em redor
pássaros compêndios de vida
e morte resumida agasalhada em asas
Ali fica o retrato destes dias
gestos e pensamentos tudo fixo
Manhã dos outros não nossa manhã
pagão solar de uma alegria calma
De terra vem a água e da água a alma
o tempo é a maré que leva e traz
o mar às praias onde eternamente somos
Sabemos agora em que medida merecemos a vida
Ruy Belo
de Homem de Palavra[s], 1970
15 julho 2008
Congelados
Na manhã de um sábado em Nova Iorque, a estação Grand Central foi invadida por mais de 200 pessoas que congelaram durante cinco minutos. Foi mais uma missão da Improv Everywhere. Vale a pena ver as partidas encenações teatros invisíveis que fazem. E também o blogue Urban Prankster.
Tacones lejanos
Nunca fui muito dada ao culto dos 'pés'. Mas, a bem da verdade, também eu tive a minha época em que usava (e gostava) de sapatos de salto alto. Parecia, à data, que quanto maior o salto ou a cunha, maior o sucesso junto da 'audiência' (ainda bem que esse tempo foi o dos 8cm e não o dos 12cm estipulados pelos actuais ditâmes da moda). Faziam-me sentir poderosa no início da noite mas, invariavelmente, infeliz no final da mesma. Lembro-me de noites antológicas descalça, planta dos pés preto e de sapatos na mão, tamanha era a tortura a que tinha sido sujeita. Aí compreendi na pele a expressão 'tortura chinesa', que - já se sabe - passava pelo sacrifício da bendita base que nos apoia. All for beauty's sake.
Anos volvidos, descobri a luz. A primeira vez que as vi não queria nem olhar para elas. 'Não sou capaz, isto é a fealdade, isto é horrível, não quero. 'Anda lá (passando o pleonasmo), vais ver que tudo muda na tua vida'. Uma viagem a Veneza (cidade onde se tem que andar inevitavelmente muito e muito a pé) quebrou a minha resistência inicial. Foi então que baixei a guarda e capitulei.
É é assim que todos os anos aguardo com impaciência o momento em que vou tê-las de novo nos meus pés. Fosse uma escolha minha (ou seja, se borrifasse no dresscode do meu trabalho), não calçaria outra coisa durante todo o Verão.
So, ladies & gentlemen, meet my TEVA.
14 julho 2008
11 julho 2008
o céu é o limite
- E achas que a água vai estar mesmo morna para nadares?
- Sim! Olha, eu tenho umas braçadeiras.
- E para que queres tu as braçadeiras?
- Para nadar.
- Mas... Já sabes fazer de morto?
- Hummm...
- E nadar de costas? E mergulhos de cabeça? Sabes?
- Acho que consigo fazer o pino no chão do mar.
- Isso é bom. Mas giro, giro era se tivesses uma prancha de bodyboard, apanhávamos umas ondas, fazíamos carreirinhas... O mar era NOSSO!
- Mas eu não posso fazer isso sozinho!
- Vais comigo. Comigo consegues fazer TUDO!
(silêncio)
- Ai é? Então quando deres um salto e conseguires tocar com a cabeça nas nuvens depois diz-me como foi.
(Conversa com o meu sobrinho de 5 anos, hoje)
10 julho 2008
RATM HOJE no ALIVE a não perder!
The world is my expense
The cost of my desire
Jesus blessed me with its future
And I protect it with fire
So raise your fists and march around
Dont dare take what you need
I'll jail and bury those committed
And smother the rest in greed
Crawl with me into tomorrow
Or i'll drag you to your grave
I'm deep inside your children
They'll betray you in my name
Hey!
Hey!
Sleep now in the fire
Hey!
Hey!
Sleep now in the fire
The lie is my expense
The scope with my desire
The party blessed me with its future
And i protect it with fire
I am the nina, the pinta, the santa maria
The noose and the rapist, the fields overseer
The agents of orange
The priests of hiroshima
The cost of my desire
Sleep now in the fire
Hey!
Hey!
Sleep now in the fire
Hey!
Hey!
Sleep now in the fire
For it's the end of history
It's caged and frozen still
There is no other pill to take
So swallow the one
That makes you ill
The nina, the pinta, the santa maria
The noose and the rapist, the fields' overseer
The agents of orange
The priests of hiroshima
The cost of my desire
Sleep now in the fire
Rage Against The Machine, renascidos das cinzas dos Audioslave, depois da incursão de Chris Cornell numa nova carreira a solo, com o tão desejado regresso do frontman Zack de la Rocha. Aqui fica Sleep now in the fire. Grande videoclip e grande letra.
Gavetas
Boas notícias via rádio
08 julho 2008
Sh!
07 julho 2008
Misoginia feita à maneira
06 julho 2008
Beatices
Mudam-se os tempos
05 julho 2008
Eu
04 julho 2008
dificuldade educacional vi
maleitas
03 julho 2008
02 julho 2008
Ambiente laboral
01 julho 2008
Desta vez dou-te a razão
Edmund Burke
*conclusão de um mail de uma irmã (depois de nos termos chateado à brava, por mail, a mais de 6 mil km de distância, mesmo com as montanhas e os mosquitos e a humidade peganhenta entre nós).
Tenho tantas saudades tuas.
Os contabilistas
Para averiguar do seu grau de brilhantismo
Não sei se já vos tinha dito, mas eu vou lá estar!!
Mais uma pérola...
Vende-mos todos os animail de estimação que quizerem, menos cães, gatos, passaros!
Depois cominamos o preço!