Soube da tua intenção de pores cobro a alguns rituais potencialmente perniciosos para a nossa juventude, uma vez que esta pouca ou nenhuma identificação terá com os mesmos.
Apoio-te e, perdoa-me a ousadia de me imiscuir em questões de Estado, vou mesmo mais longe! Se é absolutamente indiscutível que o 25 do A (uma vez que fica mal pronunciar o mês em simultâneo com o dia) nada diz às nossas camadas mais novas, é também inegável que o golpe levado a cabo por um grupo de malfazejos conjurados a 1 de Dezembro de 1600 e troca-o-passo faz ricochete nas mentes dos nossos concidadãos. Da mesma forma, a ressabiada revolta anti-monárquica que permitiu a alguns ilustres ocuparem o cargo de PR's no último século (cargo que,e bem, dignificas) é uma perfeita desconhecida. Posso ainda sugerir que o 1º de Maio se trata de uma lamentável festa em tons de vermelho que nenhuma alusão desperta nos nossos contemporâneos. Isto para me ficar, claro está, pelas datas políticas. O que te proponho é uma profunda reviravolta no nosso calendário, o que, de resto, vai de encontro a uma ideia por ti há muito preconizada: a de eliminar algumas datas comemorativas que apenas servem para a malta operária se passear pelas catedrais do consumo sem reflectir convictamente no significado de que as mesmas se revestem.
Mantenha-se, contudo, o Dia da Raça, aquele em que o português se junta em torno da sardinha assada, ao mesmo tempo que recita "Amor é fogo que arde sem se ver" (aquele que todos conhecem) e que dança ao ritmo das marchas de Lisboa em pracetas engalanadas por balões de muitas cores, enebriados pelo travo do vinho tinto e pelo odor a manjerico.
Aí sim, podemos todos manifestar aquilo que somos e o que fizemos: um povo envergonhado por ter erguido uma democracia, desejoso, como manifestou em referendo, de voltar a ter um "big brother" que lhe diga por onde ir e o que fazer e que não fez absolutamente nada de há 33 anos a esta parte.
De nada adianta dares ouvidos a reaças que dizem ser preferível repensar e reestruturar os programas educativos. Qual quê! A malta nova, bem se sabe, não estuda e não podemos contrariá-la a não ser que ela se reúna à porta de um certo edifício na António Maria Cardoso.
Em próxima missiva lançarei profíquas ideias para reestruturar o calendário católico. É que esta história dos rituais já chateia há mais de dois séculos!
Respeitosamente, tua
Múltipla
Apoio-te e, perdoa-me a ousadia de me imiscuir em questões de Estado, vou mesmo mais longe! Se é absolutamente indiscutível que o 25 do A (uma vez que fica mal pronunciar o mês em simultâneo com o dia) nada diz às nossas camadas mais novas, é também inegável que o golpe levado a cabo por um grupo de malfazejos conjurados a 1 de Dezembro de 1600 e troca-o-passo faz ricochete nas mentes dos nossos concidadãos. Da mesma forma, a ressabiada revolta anti-monárquica que permitiu a alguns ilustres ocuparem o cargo de PR's no último século (cargo que,e bem, dignificas) é uma perfeita desconhecida. Posso ainda sugerir que o 1º de Maio se trata de uma lamentável festa em tons de vermelho que nenhuma alusão desperta nos nossos contemporâneos. Isto para me ficar, claro está, pelas datas políticas. O que te proponho é uma profunda reviravolta no nosso calendário, o que, de resto, vai de encontro a uma ideia por ti há muito preconizada: a de eliminar algumas datas comemorativas que apenas servem para a malta operária se passear pelas catedrais do consumo sem reflectir convictamente no significado de que as mesmas se revestem.
Mantenha-se, contudo, o Dia da Raça, aquele em que o português se junta em torno da sardinha assada, ao mesmo tempo que recita "Amor é fogo que arde sem se ver" (aquele que todos conhecem) e que dança ao ritmo das marchas de Lisboa em pracetas engalanadas por balões de muitas cores, enebriados pelo travo do vinho tinto e pelo odor a manjerico.
Aí sim, podemos todos manifestar aquilo que somos e o que fizemos: um povo envergonhado por ter erguido uma democracia, desejoso, como manifestou em referendo, de voltar a ter um "big brother" que lhe diga por onde ir e o que fazer e que não fez absolutamente nada de há 33 anos a esta parte.
De nada adianta dares ouvidos a reaças que dizem ser preferível repensar e reestruturar os programas educativos. Qual quê! A malta nova, bem se sabe, não estuda e não podemos contrariá-la a não ser que ela se reúna à porta de um certo edifício na António Maria Cardoso.
Em próxima missiva lançarei profíquas ideias para reestruturar o calendário católico. É que esta história dos rituais já chateia há mais de dois séculos!
Respeitosamente, tua
Múltipla
4 comentários:
hehehehe... muito bom
ainda bem que os jornais ainda não descobriram a mais secreta e poderosa conselheira de Estado deste nosso país. Ah ganda oito e coisa!
Grande multipla, valham-nos os teus acessos de mau feitio.
país de inuteis, não querem é trabalhar, tantos feriados inúteis para quê? O nosso PR é que tem razão graças a deus e ao diabo que temos quem zele por nós e pelo país
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