29 julho 2006

Animamos casamentos, baptizados e comunhões

Ontem às 4 da manhã, depois de muita bebida e dancing desenfreado, uma de nós para o irmão da noiva:
- Achas que estamos a deixar mal vistos os convidados do lado da Mariana?
- Não. Ainda estou vestido.

10 comentários:

Anónimo disse...

Grave
.
.
Entravas pelo outro lado das palavras. Grave,
decidias das sílabas, subias
por de dentro do verso, declinada
e certa. Atravessavas
o centro do silêncio. Gravemente
intacta.
.
.
José Augusto Seabra (1973)
.

8 e coisa 9 e tal disse...

pirata: acho imensa graça. A vulgaridade do que escrevi está na sua leitura. Aquilo que mostro é que o limiar de escandaloso é muito diferente para uns e para outros.

Para nós seria exibir o corpo a quem não o quer ver. Para outros é ver-nos dançar com alegria, seja uma valsa ou a ultima da shakira.

poet bomber, ainda devo ter o cérebro em puré de batata porque não percebi o comentário.

Anónimo disse...

O cérebro em puré de batata...lol

Então aproveito estar azamboada para atacar de katyuskas...

(se você não percebeu, nem me vou dar ao esforço de explicar)

Lá vai disto...

.
.
.
Ó noite, porque hás-de vir sempre molhada!
Porque não vens de olhos enxutos
e não despes as mãos
de mágoas e de lutos!
.
Porque hás-de vir semimorta,
com ar macerado e de bruxedo,
e não despes os ritos, o cansaço,
e as lágrimas e os mitos e o medo!
.
Porque não vens natural
Como um corpo sadio que se entrega,
e não destranças os cabelos,
e não nimbas de luz a tua treva!
.
Porque hás-de vir com a cor da morte
- se a morte já temos nós!
.
Porque adormeces os gestos,
porque entristeces os versos,
e nos quebras os membros e a voz!
.
Porque é que vens adorada
por uma longa procissão de velas,
se eu estou à tua espera em cada estrada,
nu, inteiramente nu,
sem mistérios, sem luas e sem estrelas!
.
Ó noite eterna e velada,
senhora da tristeza, sê alegria!
.
Vem de outra maneira ou vai-te embora,
e deixa romper o dia!
.
.
Eugénio de Andrade, As mãos e os frutos
.
.

Anónimo disse...

fire two...

Sabes... por vezes queria beijar-te
sei que consentirias
mas se nos tivéssemos dado um ao outro
ter-nos-íamos separado
porque os beijos
apagam os desejos
quando são consentidos
foi melhor sabermos o quanto nos queríamos
sem ousarmos sequer tocar nossos corpos
hoje tenho pena
parto com essa ferida
tenho pena de não ter percorrido o teu corpo
como percorro os mapas com o dedos...
teria viajado em ti
do pescoço às mãos da boca ao sexo
tenho pena de nunca ter murmurado
o teu nome no escuro, acordado...
perto de ti as noites teriam sido de ouro
e as mãos teriam guardado
o sabor de teu corpo
ah minha amiga
estou definitivamente só
estou preparado para o grande isolamento da noite
para o eterno anonimato da morte
mas perdi o medo
a loucura assola-me
.
Al Berto

Anónimo disse...

E continuam os violentos ataques


AUSÊNCIA
.
.
Mal te deixo,
continuas em mim, cristalina
ou trémula,
ou inquieta, por mim mesmo ferida
ou cumulada de amor, como quando os teus olhos
se fecham sobre o dom da vida
que sem cessar te entrego.
Meu amor,
encontrámo-nos
sedentos e bebemos
toda a nossa água e o nosso sangue,
encontrámo-nos
com fome
e mordemo-nos
como o fogo morde,
deixando-nos em ferida.
Mas espera-me,
guarda a tua doçura.
Eu te darei também
uma rosa.
.
.
.
Pablo Neruda

Anónimo disse...

Rajada dupla, é deixá-los em puré de batata


.
.
O EXACTO CURSO DO RIO
.
.
Exactamente como foi, o medo de me enganar
mais tarde na memória - é tudo o que me resta: estar
de noite às escuras a pensar em ti
.
E se me lembro mal, se troco as vezes, naquela
quinta-feira o dia do amor em vez de ser
na quarta, o erro surge-me gigante,
um peso carregado como Atlas
.
Por isso é que preciso de lembrar coisas
exactas, como aconteceu tudo; não só
transpor depois na ficção recolhida, sou eu
que te preciso e dos teus dias
que me foram meus
.
Lembrar-me exactamente como foi, o que usei
nesse dia e o que usei no outro, até que horas
tudo, se havia gente ou não
e em que dia. Porque as palavras depois se
reconstroem
.
O que se disse então torna-se fácil.
Assim dito parece coisa pouca,
lugar comum e
fácil, mas as noites são grandes
.
e lembrar-se
exactamente,
de uma forma correcta
.
é-me tão importante
dentro das noites a pensar em ti
sabendo: não te vejo nunca mais
.
.
ANA LUISA AMARAL


.
.
Hospital Mental
.
.
.
Amanheceste ao telefone. Pobre dopamina. Em verde claro.
Podiamos ter ido passear. Tinhamos tempo. Conversa de refeitório.
Nada, por baixo da bata. Só soro.
Pose de ninfa. Saphada. Podiamos ter ido conversar.
Com os animais mecânicos.
Mergulhos de rua. Pequenos continentes. Tão verdes.
Vem-te menstruar. Depois mudo os lençois. Lavo as mãos no trabalho.
Pobre serotonina. Ficou tudo para trás. Caminheiros.
Entrei e saí.
Entrei e saí.
Repete.
.
E desculpa ter rasgado os agrafos. Que nos prendiam a carne.
Era só sangue. Vamos fazer de conta. Que foi tudo diferente.
Pobre mocinha. Na montra reclusa. Nostalgia-se ao telefone.
Hélas. Eu fiquei contente. Eu fiquei contente.
Pobre jardim. Cheio de aves. Mediadores químicos. Na cela.
Hoje sem música. Faço de conta. O pessoal do costume.
Sou muito teu amigo. Sou muito teu amigo. Sou muito teu amigo.
E faço de conta.
Hélas.Era amizade.
Pobre amizade.
.
.
.
.
A.M.
.
.

Anónimo disse...

Ás 11:39 (GMT) de hoje, foi decretado cessar fogo unilateral durante tempo indeterminado

Apenas se ouviu um silvo de morteiro isolado.

.
.
.
No alto das nuvens
todo o ódio inconcebível
toda a mágoa molhada
todo o horror liquefeito
sobreveio da espuma
rebentou do nada
...
.
.
Pedro Oom
.

[A] disse...

preferia ter bombas destas no meu blog do que algumas que já me rebentaram...
mas cá para mim é um caso de amor.

8 e coisa 9 e tal disse...

pois é ana, há bombas piores. quem dera ao JPP um Kaczynski poeta.

Mas o
"Vem-te menstruar. Depois mudo os lençois. Lavo as mãos no trabalho."

é um molotov para a imagética mental.

[A] disse...

ahahahaah.....
nem dúvides!!!:)))